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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quinta-Feira – 3ª Semana após Pentecostes

Quinta-Feira

Rm 8,22-27; Mt 10,23-31

“Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo como o seu senhor”.

Estas são uma das muitas palavras de Cristo riscadas do “evangelho hodierno”. Pois o que nos basta (se é que isto nos basta) é a nossa felicidade psicológica, que muitas vezes pensamos ser produto dos bens que possuímos ou do “status” que gozamos.

“Por que eu faço o que estou fazendo?” “Por que eu digo o que eu estou dizendo?” “O que é que lá no íntimo estou buscando?” Estas perguntas quando encontram respostas honestas constituem o melhor instrumento de aferição de quais são os nossos reais valores e que tipo de pessoa somos.

Ser como Cristo é a grande meta e fim da vida Cristã. Se este não for o nosso alvo, mentimos para nós mesmos quando nos chamamos de cristãos.

O jejum semanal das quartas-feiras na Igreja Ortodoxa lembra a traição de Judas, que traiu Cristo porque se sentiu “traído” por Ele. E por que Judas sentiu-se “traído” por Cristo? Porque Cristo frustrara as expectativas pessoais de Judas. E quando Judas projetou suas expectativas pessoais em Cristo, não abrindo mão delas para se submeter ao propósito do Messias, traiu-se a si mesmo em sua ambição.

Cuidemos de avaliar em verdade o nosso coração para que não alimentemos falsas esperanças ou corramos em vão, frustrando-nos em nossa vida Cristã, posto que ser como Cristo não nos basta, mas, sim, satisfazer desejos efêmeros que nunca se saciam. A pio mentira é a que contamos para nós mesmos.

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.  E vê se há iniqüidade em meu caminho e guia-me pela vereda eterna”. Salmo 138(139):23,24

 

+ Mateus (Antonio Eça)

 

SANTORAL (UMA TÃO GRANDE NUVEM DE TESTEMUNHAS)

12 de Junho (Calendário Juliano): Santo Onofre

Entre os muitos eremitas que viveram nos desertos do Egito durante os séculos 4º e 5º, havia um santo varão chamado Onofre. O pouco que se sabe dele vem de um relato atribuído a certo abade Pafnucio, sobre as visitas que fez aos eremitas de Tebaida. Ao que parece, vários dos ascetas que conheceram Pafnucio lhe pediram que escrevesse sobre essa relação, tendo circulado várias versões, sem que por isso a essência da história fosse desvirtuada. Pafnucio empreendeu a peregrinação com o objetivo de estudar a vida eremítica e descobrir se ele mesmo sentia verdadeira inclinação para ela. Com esse propósito, deixou seu monastério e, durante 16 dias, andou pelo deserto, tendo alguns encontros edificantes e algumas aventuras estranhas. No 17º dia, porém, ficou assombrado ao avistar-se com uma criatura que, a primeira vista, pensou ser um animal. “Era uma homem ancião, com os cabelos e as barbas tão longas que tocavam o chão. Tinha o corpo coberto por um pelo espesso como a pele de uma fera, e de seus ombros pendia um manto de folhas”… A aparição de semelhante criatura foi tão assustadora que Pafnucio se bateu em fuga. No entanto, a estranha criatura o chamou, pedindo para que parasse, assegurando-lhe que era mesmo um homem e um servo de Deus. Um pouco receoso, a princípio, Pafnucio se aproximou do desconhecido e, logo os dois se viram envolvidos numa conversação, e Pafnucio descobriu que aquele estranho se chamava Onofre, que tinha sido um monge num monastério onde viveu com muitos outros irmãos e que, seguindo sua inclinação para à vida solitária se retirou para o deserto onde já estava há setenta anos. Em resposta às perguntas de Pafnucio o eremitão admitiu que, em várias ocasiões, tinha padecido de fome e sede, dos rigores do clima e da violência das tentações, mas Deus também  lhe havia dado consolos inumeráveis e lhe havia alimentado através de uma palmeira que crescia perto de sua cela. Mais adiante, Onofre conduziu o peregrino até a sua cova (caverna) onde morava e ali passaram o resto do dia em amistosas conversas sobre as coisas santas. De repente, ao cair da tarde, apareceu diante deles uma torta de pão e uma jarra de água e, depois de compartilhar a comida, ambos se sentiram extraordinariamente reconfortados. Durante toda aquela noite Onofre e Pafnucio oraram juntos. No dia seguinte, ao despontar o sol, Pafnucio, alarmado, percebeu que se havia operado uma mudança no eremitão, que estva notavelmente prestes a morrer. Aproximado-se de Onofre para ajudá-lo, este começou a falar: “Nada temas, irmão Pafnucio, o Senhor, em sua infinita misericórdia, te enviou aqui para que me sepultasses”. O visitante sugeriu ao eremita agonizante que ele mesmo ocuparia a sua caverna quando ele partisse. Onofre reagiu, porém, dizendo que isso não era da vontade de Deus. Instantes depois suplicou que lhe encomendassem a alma e também às orações dis fiéis, por quem prometia interceder e, abençoando Pafnucio, se deixou cair por terra entregando a Deus o seu espírito. O visitante lhe preparou uma mortalha com a metade de sua túnica, depositou o corpo no côncavo de uma rocha, cobrindo-o com pedras. Logo que terminou sua tarefa, viu desmoronar diante de si a caverna onde o santo tinha vivido, e desaparecer a palmeira que lhe havia alimentado. Pafnucio compreendeu assim que não devia permanecer por mais tempo naquele lugar e, de pronto, partiu de de retorno.

Tropario  (8º tom)

Êmulos na carne da vida dos Anjos,
tornastes-vos habitantes do deserto e tesouros celestes,
Santo Onofre esplendor do Egito
e São Pedro luminar do Monte Athos.
Por isso cantamos em honra dos vossos ilustres combates.
Glória àquele que vos deu esse poder!
Glória àquele que vos coroou!

 

Fonte: Ecclesia

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