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terça-feira, 16 de outubro de 2007

“Felizes os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática”

Maria era muito reservada; nós encontramos prova disso no Evangelho. Quando é que viram que ela fosse loquaz ou cheia de presunção? Um dia, ela pôs-se à porta, desejosa de falar com o seu filho, mas não usou da sua autoridade maternal para interromper a sua pregação, nem para entrar na casa onde ele pregava. (Mc 3,13).
Se tenho boa memória, os evangelistas não ouviram mais do que quatro vezes a palavra de Maria. A primeira, quando ela se dirige ao anjo; ainda assim não é mais do que uma resposta. A segunda, na sua visita a Isabel, quando, glorificada pela prima, ela preferiu glorificar o Senhor. A terceira, quando ela se queixou ao seu filho, então com a idade de doze anos, que o pai e ela própria o haviam procurado numa inquietação. A quarta, nas bodas de Cana, quando ela interpela o seu filho e os servos.
Em todas as outras circunstâncias, Maria mostra-se lenta para falar, pronta para escutar, porque “ela conservava todas essas palavras no seu coração” (Lc 2,19.51). Não, vocês não encontram em parte alguma que ela tenha falado, nem mesmo do mistério da Encarnação. Pobres de nós que temos palavra fácil! Pobres de nós que derramamos toda a nossa alma, como um recipiente roto!
Quantas vezes Maria ouviu o seu filho, não apenas falar em parábolas à multidão, mas na intimidade, revelar aos discípulos os segredos do Reino dos céus. Ela viu-o fazer milagres, depois suspenso na cruz, expirando, ressuscitado, e subindo ao céu. Quantas vezes se pode dizer que em todas essas circunstâncias se tenha feito ouvir a voz da Virgem?... Quanto maior Maria é, mais ela se humilha não apenas em tudo, mas mais que todos.

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