A Fé Antiga e Perene Falando ao Mundo Atual: Temas Teológicos, Notícias, Reportagens, Comentários e Entrevistas à luz da Fé Ortodoxa.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Homilia de Bento XVI na noite de Natal

«Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido»

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 25 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos a homilia que Bento XVI pronunciou durante a Missa da noite de Natal, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Amados irmãos e irmãs,

«Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido» (Is 9, 5). Aquilo que Isaías, olhando de longe para o futuro, diz a Israel como consolação nas suas angústias e obscuridade, o Anjo, de quem emana uma nuvem de luz, anuncia-o aos pastores como presente: «Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11). O Senhor está presente. Desde então, Deus é verdadeiramente um «Deus connosco». Já não é o Deus distante, que, através da criação e por meio da consciência, se pode de algum modo intuir de longe. Ele entrou no mundo. É o Vizinho. Disse-o Cristo ressuscitado aos Seus, a nós: «Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Nasceu para vós o Salvador: aquilo que o Anjo anunciou aos pastores, Deus no-lo recorda agora por meio do Evangelho e dos seus mensageiros. Trata-se de uma notícia que não nos pode deixar indiferentes. Se é verdadeira, mudou tudo. Se é verdadeira, diz respeito a mim também. Então, como os pastores, devo dizer também eu: Levantemo-nos, quero ir a Belém e ver a Palavra que aconteceu lá. Não é sem intuito que o Evangelho nos narra a história dos pastores. Estes mostram-nos o modo justo como responder àquela mensagem que nos é dirigida também a nós. Que nos dizem então estas primeiras testemunhas da encarnação de Deus?

A respeito dos pastores, diz-se em primeiro lugar que eram pessoas vigilantes e que a mensagem pôde chegar até eles precisamente porque estavam acordados. Nós temos de despertar, para que a mensagem chegue até nós. Devemos tornar-nos pessoas verdadeiramente vigilantes. Que significa isto? A diferença entre um que sonha e outro que está acordado consiste, antes de mais nada, no facto de aquele que sonha se encontrar num mundo particular. Ele está, com o seu eu, fechado neste mundo do sonho que é apenas dele e não o relaciona com os outros. Acordar significa sair desse mundo particular do eu e entrar na realidade comum, na única verdade que a todos une. O conflito no mondo, a recíproca inconciliabilidade derivam do facto de estarmos fechados nos nossos próprios interesses e opiniões pessoais, no nosso próprio e minúsculo mundo privado. O egoísmo, tanto do grupo como do indivíduo, mantém-nos prisioneiros dos nossos interesses e desejos, que contrastam com a verdade e dividem-nos uns dos outros. Acordai: diz-nos o Evangelho. Vinde para fora, a fim de entrar na grande verdade comum, na comunhão do único Deus. Acordar significa, portanto, desenvolver a sensibilidade para com Deus, para com os sinais silenciosos pelos quais Ele quer guiar-nos, para com os múltiplos indícios da sua presença. Há pessoas que se dizem «religiosamente desprovidas de ouvido musical». A capacidade de perceber Deus parece quase uma qualidade que é recusada a alguns. E, realmente, a nossa maneira de pensar e agir, a mentalidade do mundo actual, a gama das nossas diversas experiências parecem talhadas para reduzir a nossa sensibilidade a Deus, para nos tornar «desprovidos de ouvido musical» a respeito d’Ele. E todavia em cada alma está presente de maneira velada ou patente a expectativa de Deus, a capacidade de O encontrar. A fim de obter esta vigilância, este despertar para o essencial, queremos rezar, por nós mesmos e pelos outros, por quantos parecem ser «desprovidos deste ouvido musical» e contudo neles está vivo o desejo de que Deus Se manifeste. O grande teólogo Orígenes disse: Se eu tivesse a graça de ver como viu Paulo, poderia agora (durante a Liturgia) contemplar um falange imensa de Anjos (cf. In Lc 23, 9). De facto, na Liturgia sagrada, rodeiam-nos os Anjos de Deus e os Santos. O próprio Senhor está presente no meio de nós. Senhor, abri os olhos dos nossos corações, para nos tornarmos vigilantes e videntes e assim podermos estender a vossa proximidade também aos outros!

Voltemos ao Evangelho de Natal. Aí se narra que os pastores, depois de ter ouvido a mensagem do Anjo, disseram uns para os outros: «"Vamos até Belém" (…). Partiram então a toda a pressa» (Lc 2, 15s). «Apressaram-se»: diz, literalmente, o texto grego. O que lhes fora anunciado era tão importante que deviam ir imediatamente. Com efeito, o que lhes fora dito ultrapassava totalmente aquilo a que estavam habituados. Mudava o mundo. Nasceu o Salvador. O esperado Filho de David veio ao mundo na sua cidade. Que podia haver de mais importante? Impelia-os certamente a curiosidade, mas sobretudo o alvoroço pela realidade imensa que fora comunicada precisamente a eles, os pequenos e homens aparentemente irrelevantes. Apressaram-se… sem demora. Na nossa vida ordinária, as coisas não acontecem assim. A maioria dos homens não considera prioritárias as coisas de Deus. Estas não nos premem de forma imediata. E assim nós, na grande maioria, estamos prontos a adiá-las. Antes de tudo faz-se aquilo que se apresenta como urgente aqui e agora. No elenco das prioridades, Deus encontra-Se frequentemente quase no último lugar. Isto – pensa-se – poder-se-á realizar sempre. O Evangelho diz-nos: Deus tem a máxima prioridade. Se alguma coisa na nossa vida merece a nossa pressa sem demora, isso só pode ser a causa de Deus. Diz uma máxima da Regra de São Bento: «Nada antepor à obra de Deus (isto é, ao ofício divino)». Para os monges, a Liturgia é a primeira prioridade; tudo o mais vem depois. Mas, no seu núcleo, esta frase vale para todo o homem. Deus é importante, a realidade absolutamente mais importante da nossa vida. É precisamente esta prioridade que nos ensinam os pastores. Deles queremos aprender a não deixar-nos esmagar por todas as coisas urgentes da vida de cada dia. Deles queremos aprender a liberdade interior de colocar em segundo plano outras ocupações – por mais importantes que sejam – a fim de nos encaminharmos para Deus, a fim de O deixarmos entrar na nossa vida e no nosso tempo. O tempo empregue para Deus e, a partir d’Ele, para o próximo nunca é tempo perdido. É o tempo em que vivemos de verdade, em que vivemos o ser próprio de pessoas humanas.

Alguns comentadores observam como os primeiros que vieram ao pé de Jesus na manjedoura e puderam encontrar o Redentor do mundo foram os pastores, as almas simples. Os sábios vindos do Oriente, os representantes daqueles que possuem nível e nome chegaram muito mais tarde. E os comentadores acrescentam: O motivo é totalmente óbvio. De facto, os pastores habitavam perto. Não tinham de fazer mais nada senão «atravessar» (cf. Lc 2, 15), como se atravessa um breve espaço para ir ter com os vizinhos. Ao contrário, os sábios habitavam longe. Tinham de percorrer um caminho longo e difícil para chegar a Belém. E precisavam de guia e de orientação. Pois bem, hoje também existem almas simples e humildes que habitam muito perto do Senhor. São, por assim dizer, os seus vizinhos e podem facilmente ir ter com Ele. Mas a maior parte de nós, homens modernos, vive longe de Jesus Cristo, d’Aquele que Se fez homem, de Deus que veio para o nosso meio. Vivemos em filosofias, em negócios e ocupações que nos enchem totalmente e a partir dos quais o caminho para a manjedoura é muito longo. De variados modos e repetidamente, Deus tem de nos impelir e dar uma mão para podermos sair da enrodilhada dos nossos pensamentos e ocupações e encontrar o caminho para Ele. Mas há um caminho para todos. Para todos, o Senhor estabelece sinais adequados a cada um. Chama-nos a todos, para que nos seja possível também dizer: Levantemo-nos, «atravessemos», vamos a Belém, até junto d’Aquele Deus que veio ao nosso encontro. Sim, Deus encaminhou-Se para nós. Sozinhos, não poderíamos chegar até Ele. O caminho supera as nossas forças. Mas Deus desceu. Vem ao nosso encontro. Percorreu a parte mais longa do caminho. Agora pede-nos: Vinde e vede quanto vos amo. Vinde e vede que Eu estou aqui. Transeamus usque Bethleem: diz a Bíblia latina. Atravessemos para o outro lado! Ultrapassemo-nos a nós mesmos! Façamo-nos viandantes rumo a Deus dos mais variados modos: sentindo-nos interiormente a caminho para Ele; mas também em caminhos muito concretos, como na Liturgia da Igreja, no serviço do próximo onde Cristo me espera.

Ouçamos uma vez mais directamente o Evangelho. Os pastores dizem uns aos outros o motivo por que se põem a caminho: «Vamos ver o que dizem ter sucedido». Literalmente o texto grego diz: «Vejamos esta Palavra, que lá aconteceu». Sim, aqui está a novidade desta noite: a Palavra pode ser vista, porque Se fez carne. Aquele Deus de quem não se deve fazer qualquer imagem, porque toda a imagem poderia apenas reduzi-Lo, antes desvirtuá-Lo, aquele Deus tornou-Se, Ele mesmo, visível n’Aquele que é a sua verdadeira imagem, como diz Paulo (cf. 2 Cor 4, 4; Col 1, 15). Na figura de Jesus Cristo, em todo o seu viver e operar, no seu morrer e ressuscitar, podemos ver a Palavra de Deus e, consequentemente, o próprio mistério do Deus vivo. Deus é assim. O Anjo dissera aos pastores: «Isto vos servirá de sinal: achareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12; cf. 16). O sinal de Deus, o sinal que é dado aos pastores e a nós não é um milagre impressionante. O sinal de Deus é a sua humildade. O sinal de Deus é que Ele Se faz pequeno; torna-Se menino; deixa-Se tocar e pede o nosso amor. Quanto desejaríamos nós, homens, um sinal diverso, imponente, irrefutável do poder de Deus e da sua grandeza! Mas o seu sinal convida-nos à fé e ao amor e assim nos dá esperança: assim é Deus. Ele possui o poder e é a Bondade. Convida a tornarmo-nos semelhantes a Ele. Sim, tornamo-nos semelhantes a Deus, se nos deixarmos plasmar por este sinal; se aprendermos, nós mesmos, a humildade e deste modo a verdadeira grandeza; se renunciarmos à violência e usarmos apenas as armas da verdade e do amor. Orígenes, na linha de uma palavra de João Baptista, viu expressa a essência do paganismo no símbolo das pedras: paganismo é falta de sensibilidade, significa um coração de pedra, que é incapaz de amar e de perceber o amor de Deus. Orígenes diz a respeito dos pagãos: «Desprovidos de sentimento e de razão, transformam-se em pedras e madeira» (In Lc 22, 9). Mas Cristo quer dar-nos um coração de carne. Quando O vemos a Ele, ao Deus que Se tornou um menino, abre-se-nos o coração. Na Liturgia da Noite Santa, Deus vem até nós como homem, para nos tornarmos verdadeiramente humanos. Escutemos uma vez mais Orígenes: «Com efeito, de que te aproveitaria Cristo ter vindo uma vez na carne, se Ele não chegasse até à tua alma? Oremos para que venha diariamente a nós e possamos dizer: vivo, contundo já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim (Gal 2, 20)» (In Lc 22, 3).

Sim, por isto queremos rezar nesta Noite Santa. Senhor Jesus Cristo, Vós que nascestes em Belém, vinde a nós! Entrai em mim, na minha alma. Transformai-me. Renovai-me. Fazei que eu e todos nós, de pedra e madeira que somos, nos tornemos pessoas vivas, nas quais se torna presente o vosso amor e o mundo é transformado.

[Tradução do original italiano distribuída pela Santa Sé

© Copyright - Libreria Editrice Vaticana]

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O chamado da montanha sagrada

A península do monte Athos está virtualmente isolada da Grécia, mas ainda atrai homens em busca da fé.

Robert Draper
Foto: Travis Dove

O chamado da montanha sagrada

A antiga comunidade monástica do monte Athos, no norte da Grécia, ainda atrai homens com fome espiritual. Apanhando caquis no lusco-fusco, um monge cristão ortodoxo leva uma vida muito parecida com a de seus confrades de mil anos atrás.

A península sagrada do monte Athos avança 50 quilômetros para dentro do mar Egeu, feito um apêndice lutando para se destacar do corpo secular no nordeste da Grécia. Nos últimos mil anos, uma comunidade de monges da Igreja Ortodoxa do Oriente habita a região procurando se afastar de tudo que não seja Deus.

Seu enclave, marcado por ondas violentas, densas florestas de castanheiros e o espectro rajado de neve do monte Athos, de 2 033 metros, é a própria essência do isolamento. Vivendo em algum dos 20 monastérios, em um dos 12 claustros autônomos dentro deles, os quais abrangem, no total, centenas de celas, os monges se isolam até mesmo uns dos outros. Ostentando pesadas barbas e trajes negros gastos, sinalizando sua morte para o mundo, parecem saídos de um afresco bizantino. Eles constituem uma fraternidade ritualística imperecível, de radical simplicidade, em constante devoção a Deus - não obstante suas imperfeições. Sim, pois existe a consciência, como explica um monge ancião, de que, "mesmo no monte Athos, somos seres humanos a caminhar a cada dia no fio da navalha".

São todos homens. De acordo com os costumes, mulheres estão proibidas de visitar o lugar desde seus primórdios, uma postura nascida antes da fraqueza que do despeito. Como diz um monge, "se as mulheres pudessem vir, dois terços de nós partiriam com elas para se casar".

O monge corta os laços com sua mãe para estabelecer outros com a Virgem Maria, figura sagrada que, reza a lenda, teve seu barco desgarrado pelos ventos ao navegar para Chipre, indo parar no monte Athos. Ali abençoou seus habitantes pagãos, que se converteram ao cristianismo. Cada monge cria uma ligação com o abade de seu monastério ou com o companheiro mais velho de cela, que se torna seu pai espiritual e o ajuda a estabelecer "um relacionamento pessoal com Cristo", como frisa um deles.

O afastamento ou a morte de uma dessas eminências podem ser penosos para os mais novos. Por outro lado, a decisão de um jovem de retornar ao mundo exterior também pode ser traumática. "No ano passado, um deles se foi, sem pedir minha opinião", diz um monge idoso, num tom que denuncia o ressentimento paterno. "Sendo assim, melhor mesmo que se tenha ido."

Os monges cristãos (a palavra monge deriva do grego monos, ou "singular"), inicialmente, formavam refúgios coletivos, ou monastérios, no deserto egípcio, durante o quarto século.

A prática disseminou-se pelo Oriente Médio e pela Europa, sendo que, lá pelo nono século, os eremitas chegaram ao Athos. A partir daí, à medida que a civilização se tornava mais complexa, multiplicavam-se os motivos para se manter distância da sociedade e optar pela vida monástica. De fato, depois que duas guerras mundiais e o evento do comunismo (o qual impedia a emigração da Rússia e do Leste Europeu) reduziram a população dos monastérios para 1 145 pessoas em 1971, as últimas décadas assistiram a um renascimento. Um fluxo constante de jovens - muitos graduados em universidades e em bom número advindos do ex-bloco soviético - fez inflar os quadros do monte Athos para cerca de 2 mil monges e noviços. Ao mesmo tempo, a entrada da Grécia na União Europeia, em 1981, habilitou a península a receber fundos de preservação.

"Há 2 mil histórias aqui, cada qual descrevendo um percurso espiritual", diz o padre Maximos, cujo próprio caminho se iniciou em Long Island quando ele, adolescente, era devoto de músicos da vanguarda pop, como Lou Reed e Leonard Cohen, antes de se tornar professor de teologia em Harvard para, em seguida, optar por "viver mais próximo de Deus".

Muitas dessas jornadas começam de forma atribulada. Um garoto ateniense foge de casa. Daí, quando seu irmão aporta no monte Athos para buscá-lo, o rapazote adverte: "Vou fugir de novo". O filho de um merceeiro de Pittsburgh, nos Estados Unidos, surpreende os pais com sua decisão, a qual, dois anos depois, ele reconhece que pode ser temporária, argumentando: "Quem há de saber quais são os planos de Deus?"

Se o aspirante não está pronto, o pai espiritual o estimula a voltar para casa. Do contrário, ele passará pela tonsura à luz de velas: o abade raspa uma cruz em seu cocuruto e outorga-lhe o nome de um santo. Assim nasce um monge.

As histórias dificilmente acabam com a chegada ao monte Athos. Um obstinado hippie da Austrália passou de Peter a padre Ierotheos, tornando-se cantor - barítono - no monastério Iviron. O padre Anastasios aprendeu a pintar ali, e agora exibe seus trabalhos em lugares tão distantes quanto Helsinque, na Finlândia, e Granada, na Espanha. E o padre Epiphanios, que resolveu restaurar os antigos vinhedos de Mylopotamos, hoje exporta um excelente vinho para quatro países, além de ter publicado um livro com as receitas dos monges em três idiomas.

Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, a irmandade consiste em homens que, ao fim e ao cabo, não deixam de ser quem são, seres de carne e osso debaixo de seus hábitos. Uns, independentes por natureza, optam por recolher-se em celas no campo. Outros se revelam mesquinhos e, diz um monge, nota-se que "a vida monacal pode ser consumida por ninharias".

No entanto, os melhores entre eles não apenas irradiam boa vontade como também procuram aplicá-la naquilo que é mais necessária. O padre Makarios, do monastério de Marouda, perto de Karyes, é desse naipe, sempre disposto a ceder a estranhos seu casaco sobressalente, os cômodos disponíveis de seus aposentos e o dinheiro que traz no bolso. "Quem tem fé verdadeira", sustenta esse monge de 58 anos, dono de vívidos olhos verdes, "tem também liberdade. Tem amor."

Os monastérios são tudo, menos blocos monolíticos. O Vatopediou, à beira-mar, está repleto de tesouros bizantinos e ambições - entre seus monges há um regente musical que trabalha em período integral. Por outro lado, o monastério Konstamonitou, agrário, abraça um estilo de vida rústico, sem eletricidade ou donativos da União Europeia. Já o Simonos Petras, suspenso acima de uma infinita paisagem marinha, parece agarrado à escada que leva aos céus.

Alguns monges se atêm à aridez de choças mambembes ao longo das encostas íngremes do monastério Karoulia. Outros ainda optam pelo fanatismo. É o caso dos residentes do Esfigmenou, monastério milenar durante muito tempo atormentado por piratas, incêndios e repressores otomanos, e que agora se vê vitimado pelo próprio radicalismo. Ao renunciar à política dos Patriarcas Ecumênicos de diálogo com outras denominações cristãs, aferrando-se ao lema “Ortodoxia ou morte”, a irmandade do Esfigmenou foi banida pelo corpo dirigente do monte Athos, conhecido como a Sagrada Comunidade. Eles agora subsistem em desafiadora ilegalidade de doações de simpatizantes espalhados pelos quatro cantos do mundo externo. "Prosseguiremos em nossa luta", declara seu abade renegado. "Depositamos nossas esperanças em Cristo e na Virgem Santa - e em ninguém mais."

Algo como 2 mil trabalhadores não religiosos dividem o território da península com o mesmo número de monges. O monte Athos faz parte da Grécia desde 1924. A sede do governo local é Karyes, a encardida capital onde são depositados os carregamentos vindos de longe e os recém-chegados peregrinos ortodoxos. (Os visitantes precisam solicitar uma autorização especial. A Sagrada Comunidade admite levas de cerca de 100 homens por até quatro dias.)

Encruzilhada em que se fundem o perene e o transitório, Karyes exorbita em contradições: um monge manquitola pela rua com uma bengala de galho retorcido em uma mão e, na outra, uma valise da Nike. Lojas oferecem velas, terços e garrafas de ouzo, a aguardente grega. A polícia tem de lidar com ocasionais bebedeiras em público ou roubos em lojas. Além disso, Karyes sedia a Sagrada Comunidade, o mais antigo Parlamento em atividade no mundo. Seus membros se debruçam sobre assuntos importantes, como as relações com a União Europeia, ou mínimos, como definir quem vai alugar uma loja.

O lugar tem sobrevivido dobrando-se quando é preciso, embora sempre com relutância. Santo Anastácio, fundador do monastério Megistis Lavras, em 963, enfureceu os eremitas ao introduzir uma arquitetura ousada em uma região rústica por excelência. Estradas e ônibus, depois eletricidade e telefones celulares, têm sido fonte de apreensão. A última transgressão foi a internet. Alguns monastérios fizeram pela rede encomendas de peças de reposição, se comunicaram com advogados, navegaram em sites de pesquisa acadêmica. "A maioria dos monges nem sequer sabia sobre os ataques às torres de Nova York, em setembro de 2001", adverte um monge.

Os religiosos mais novos têm educação universitária, laptops e pouca experiência em criar galinhas. E persistem as preocupações de que os donativos da União Europeia só terão continuidade se atrelados a exigências - tais como a permissão de visita de mulheres à península. Do jeito que a coisa vai, o monte Athos não poderá evitar o confronto com as questões terrenas.

Todavia, a irmandade avança à maneira usual: milímetro a milímetro, glorificando o mundo oculto - "digerindo a morte", nas palavras de um de seus mais proeminentes luminares, o padre Vasileios, "antes que ela nos digira".

Fonte: National Geographic - http://www.natgeo.com.br/

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"A IGREJA E O RENASCIMENTO DA RÚSSIA": EXPOSIÇÃO NA SEDE DA UNESCO

Paris, 13 fev (RV) - Inaugurou-se na sede da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris, nesta segunda-feira, a exposição "A Igreja e o renascimento da Rússia".
A cultura e a espiritualidade da Rússia sempre suscitaram interesse por parte do povo francês. Os vínculos entre os dois países têm uma história antiga. No início do século XX, a França deu asilo a numerosos emigrados russos, o que contribuiu, em grande parte, para conservar a cultura russa, disse o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Aleksej II, que participa da cerimônia de inauguração da exposição.
A mostra realiza-se em coincidência com importantes eventos da história da Igreja Ortodoxa russa: neste mês de fevereiro, se celebra o 75º aniversário da fundação, em Paris, da Catedral da Diocese de Korsun, que agrupa as paróquias do Patriarcado de Moscou em cinco países europeus _ França, Espanha, Itália, Portugal e Suíça.
Participam da cerimônia de inauguração, o Metropolita de Smolensk e Kaliningrado, Kirill, Presidente do Departamento de Assuntos Eclesiásticos Exteriores, do Patriarcado de Moscou; o Arcebispo de Korsun, Innokentij, e o Arcipreste Vladimir Siloviev, Chefe do Conselho editorial da Igreja Ortodoxa russa. Este conselho é o responsável pela preparação da exposição, juntamente com o Museu de História de Moscou, e a Diocese de Korsun. (MZ)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Las Fiestas Navideñas

La Navidad es la celebración anual en la que se conmemora el nacimiento de Jesucristo en Belén según los evangelios de san Mateo y san Lucas. Después de la Pascua de Resurrección es la fiesta más importante del año eclesiástico cristiano.

Como los evangelios no mencionan fechas, no es seguro que Jesús naciera el 25 de Diciembre, y esta completamente comprobado que no es la fecha real de su nacimiento. De hecho, el día de Navidad no fue oficialmente reconocido hasta el año 345, cuando por influencia de san Juan Crisóstomo y san Gregorio de Nacianceno se proclamó ese día como fecha de la Natividad de Jesús. De esta manera seguía la política de la iglesia primitiva de absorber en lugar de reprimir los ritos paganos existentes, que desde los primeros tiempos habían celebrado el solsticio de Invierno y la llegada de la Primavera:

Para los persas, Mitra era un dios nacido de una piedra, de ahí que salgan chispas del pedernal, como rayos de sol, si le golpea. Los romanos lo adoptaron como divinidad solar, rindiéndole culto con sacrificios humanos. Los que querían iniciarse en su culto pasaban terribles pruebas como flagelaciones y torturas con fuego. Las Mitráicas, fiestas en su honor, se celebraban el 25 de Diciembre.

La fiesta pagana más estrechamente asociada con la Navidad era el Saturnal romano (también llamadas Saturnalias o Saturnales), del 17 al 23 de Diciembre.

En honor a Saturno, dios de la agricultura, a la luz de velas y antorchas, se celebraba el fin del periodo mas oscuro del año y el nacimiento del nuevo periodo de luz, o nacimiento del Sol Invictus, coincidiendo con la entrada del Sol en el signo de Capricornio (solsticio de Invierno).

Eran siete días de bulliciosas diversiones, banquetes e intercambio de regalos. Las fiestas comenzaban con un sacrificio en el Templo de Saturno, al pie de la colina del Capitolio, la zona más sagrada de Roma, seguido de un banquete público al que estaba invitado todo el mundo.

Los romanos asociaban a Saturno con el dios prehelénico Cronos, que estuvo en activo durante la edad de oro de la tierra. Durante las saturnales, los esclavos eran frecuentemente liberados de sus obligaciones y sus papeles cambiados con los de sus dueños.

Posteriormente, el nacimiento del Sol y su nuevo periodo de luz fueron sustituidas por el nacimiento del verdadero Señor para la Iglesia: Jesús de Nazaret. Y gradualmente las costumbres paganas pasaron al Día de Año Nuevo, siendo asimiladas finalmente por la fiesta cristiana de Navidad.

Al mismo tiempo, se celebraba en el norte de Europa una fiesta de invierno similar, conocida como Yule, en la que se quemaban grandes troncos adornados con ramas y cintas en honor de los dioses para conseguir que el sol brillara con más fuerza.

El cálculo del calendario cristiano, que es aceptado por todas las naciones desarrolladas, debe su origen al monje romano del siglo VI, Dionisio el Menor. Según sus cómputos, el Nacimiento de Nuestro Señor Jesucristo sucedió en el año 754 después de la fundación de Roma. Sin embargo más adelante, Ideler, conocido astrónomo alemán (l846) contabilizó, que el Nacimiento de Jesucristo sucedió algo antes — en el 749 o 750 después de la fundación de Roma. Si tuviéramos en cuenta sus estudios, como más correctos, tendríamos que agregar al año en curso unos cuatro años más.

Vivamos la Navidad como una oportunidad de vivir intensamente la doctrina de nuestro Señor Jesús y de compartir su Amor y enseñanzas a los que nos rodean.

Arcebispo Chrysóstomos

Artigo publicado na "Hoja Dominical"

(Boletim Semanal da Igreja Ortodoxa Ucraniana na América, Diocese da América do Sul).

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A instituição do Natal

William J. Tighe, sobre a história do 25 de dezembro

Tradução de Ricardo Williams G. Santos

Ensaio publicado originalmente no site Touchstone
A Jornal of Mere Christianity

Muitos cristãos pensam que celebramos o nascimento de Cristo em 25 de dezembro porquê os Pais da Igreja se apropriaram da data de um festival pagão. Praticamente ninguém se importa com isso, exceto por alguns grupos extremistas de evangélicos norte-americanos, que crêem que isto faz do Natal uma festa pagã. Mas é importante saber que a escolha do 25 de dezembro é resultado de várias tentativas dos primeiros cristãos de descobrir a data do nascimento de Jesus, baseadas em cálculos que não tinham relação com festividades pagãs.

Pelo contrário, ao instituir o festival pagão do “Nascimento do Sol Invicto” em 25 de dezembro de 274, o imperador romano Aureliano certamente tentou criar uma festividade pagã para competir com uma data que já possuía certa importância para os cristãos romanos. Portanto, o mito das “origens pagãs do Natal” é totalmente desprovido de bases históricas.

Um erro
Devemos a idéia de que a data foi apropriada dos pagãos a dois estudiosos do final do século XVII e início do século XVIII: Paul Ernst Jablonsky, um Protestante alemão que desejava mostrar que a celebração do nascimento de Cristo em 25 de dezembro era apenas uma das inúmeras “influências” pagãs adotadas pela igreja a partir do século IV e que transformara o cristianismo apostólico puro no catolicismo romano; e Dom Jean Hardoiun, um monge beneditino que tentou mostrar que a Igreja Católica Romana adotara festivais pagãos para cristianizá-los sem, no entanto, corromper o evangelho com influências pagãs.

No calendário juliano, criado em 45 a.C. pelo imperador Júlio César, o solstício de inverno caía em 25 de dezembro, e portanto, parecia óbvio a Jablonsky e Hardoiun que a data fora importante para os pagãos. Mas, na verdade, tal data não possuía importância religiosa no calendário de festividades pagãs romanas antes da época de Aureliano, tampouco o culto ao sol fora importante em Roma antes de seu governo.

Havia dois templos solares em Roma: um deles, mantido pelo clã ao qual Aureliano pertencera, e que celebrava seu festival em 9 de agosto; e outro que celebrava seu festival em 28 de agosto. Mas ambos os cultos caíram em decadência por volta do século II, quando cultos solares orientais, como o mitraísmo, tornaram-se populares em Roma. De qualquer modo, nenhum destes cultos, novos ou antigos, celebravam festivais relacionados a solstícios ou equinócios.

O que realmente ocorreu é que Aureliano, que governou de 270 até seu assassinato em 275, era hostil ao cristianismo, e aparentemente promoveu e estabeleceu o festival do “Nascimento do Sol Invicto” como um meio de unificar diversos cultos pagãos do Império Romano através do “renascimento” anual do sol. Durante seu governo o império parecia desmoronar devido a desordem interna, rebeliões nas províncias, decadência econômica e ataques contínuos das tribos germânicas ao norte, e dos persas à leste.

Com a criação da nova festividade o imperador pretendia que o 25 de dezembro – que iniciava o período do ano em que os dias eram mais longos e as noites mais curtas – se tornasse um símbolo do esperado “renascimento” ou renovação perpétua do Império Romano, resultado da retomada do culto a deuses que, no passado, haviam levado Roma à grandeza – segundo criam os romanos. Se a data coincidisse com uma festa cristã, melhor ainda.

Uma conseqüência

É certo que a primeira evidência que temos da celebração da festa cristã do Natal do Senhor na data de 25 de dezembro data de 336 d.C., anos após o fim do governo de Aureliano. Mas há evidências de que, já nos século II e III, tanto no oriente grego quanto no ocidente latino, os cristãos tentavam descobrir a data do nascimento de Cristo antes mesmo dela tornar-se uma celebração litúrgica. Evidências indicam que, na verdade, a escolha da data de 25 de dezembro foi uma conseqüência de tentativas de se determinar a celebração da Páscoa.

Como isso ocorreu? Há uma contradição aparente entre a data da morte do Senhor segundo os Evangelhos sinópticos e o Evangelho de São João. Os sinópticos marcam sua morte na Festa da Passagem, após o Senhor celebrar da Ceia na noite anterior. João marca sua morte na véspera da Festa da Passagem, quando os cordeiros eram sacrificados no templo de Jerusalém para a festa que teria início após o sol se pôr naquele dia.

Para solucionarmos esse problema devemos responder se a Última Ceia do Senhor foi uma ceia celebrada na Festa da Passagem, ou uma refeição ocorrida na véspera. A questão é muita longa para abordamos aqui, mas basta dizer que a Igreja primitiva seguia a data de São João, e portanto cria que a morte de Cristo ocorrera em 14 de Nissan, segundo o calendário lunar judaico.

Aliás, muitos estudiosos contemporâneos postulam que a morte de Cristo só poderia ter ocorrido em 30 ou 33 d.C., já que somente nestes dois anos a véspera da Festa da Passagem caíra em uma sexta-feira, sendo os possíveis dias de sua morte 7 de abril do ano 30, ou 3 de abril do ano 33.

Porém, com sua forçosa separação do judaísmo, a Igreja passou a adotar calendários distintos, e teve de obter meios próprios para determinar a celebração da Paixão de Cristo de modo independente dos cálculos feitos pelos rabinos judeus que determinavam a data da Festa da Passagem. Além disso, como o calendário judaico era um calendário lunar composto de doze meses de trinta dias, de tempos em tempos o Sinédrio decretava a adição de um 13o mês para que o calendário acompanhasse os equinócios e solstícios, e as estações do ano caíssem na época apropriada do calendário.

Além da dificuldade que os cristãos teriam em seguir, ou mesmo saber com precisão, a data da Festa da Passagem a cada ano, seguir um calendário lunar próprio lhes causaria problemas com os judeus e pagãos, e muito provavelmente causaria disputas internas – como as disputas do século II sobre se a Páscoa deveria sempre ser celebrada em um domingo ou em qualquer dia da semana que caísse dois dias depois do dia 14 de Nissan. Seguir um calendário lunar pioraria ainda mais tal situação.

Tais dificuldades foram solucionadas de modo diferente entre os cristãos gregos da porção oriental do império e os cristãos latinos da parte ocidental. Os gregos aparentemente desejavam encontrar uma data equivalente ao 14 de Nissan em seu calendário solar, e como o mês de Nissan coincidia com o equinócio de primavera, ele escolheram o 14o dia de Artemísion, mês do equinócio de primavera em seu próprio calendário. Por volta de 300 d.C., o calendário grego foi substituído pelo calendário romano, e como as datas de início e fim dos meses em ambos os calendários não coincidiam entre si, o 14 de Artemísion tornou-se 6 de abril.

Por sua vez, os cristãos latinos de Roma e do norte da África do século II aparentemente desejavam estabelecer uma data histórica para a morte de Nosso Senhor. Na época de Tertuliano (c. +230), eles decidiram estabelecer que a data da sua morte fora em uma sexta-feira, 25 de março do ano 29 (é importante notar que esta data estava errada; 25 de março de 29 não era uma sexta-feira, e naquele ano a véspera da Festa da Passagem não caíra em uma sexta-feira, tampouco em 25 de março).

Era de Integração

Portanto no oriente tínhamos o 6 de abril, e no ocidente o 25 de março. Aqui devemos explanar uma crença que era corrente no judaísmo na época de Cristo, mas que como não se encontra na Bíblia, é desconhecida dos cristãos: a idéia de uma “era de integração” dos grandes profetas judaicos, a idéia de que os profetas de Israel morreram na mesma data de sua concepção.

Esse conceito é um fator chave para compreendermos como alguns cristãos primitivos vieram a crer que 25 de dezembro é a data do nascimento de Cristo – eles aplicaram esta idéia a Jesus, de modo que 6 de abril e 25 de março não eram apenas as supostas datas da morte de Cristo, mas também de sua concepção ou nascimento. Há evidência fugaz de que alguns cristãos dos séculos I e II criam que o nascimento de Cristo era 25 de março ou 6 de abril, mas a data de 25 de março logo ganhou aceitação entre os cristãos como a data da Concepção do Senhor.

Ainda hoje esta data é comemorada pela maioria dos cristãos como a Festa da Anunciação, quando o Arcanjo Gabriel trouxe a Boa-nova do Salvador à Virgem Maria, que por seu consentimento possibilitou que o Eterno Verbo de Deus (“Nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz de Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro”) se encarnasse em seu ventre. E quanto tempo dura uma gravidez? Nove meses. Se contarmos nove meses a partir de 25 de março, chegamos a 25 de dezembro; fazendo o mesmo com o 6 de abril, temos 6 de janeiro. Em 25 de dezembro celebramos o Natal, e em 6 de janeiro, a Epifania.

O Natal (25 de dezembro) é uma festa originária do ocidente cristão, que foi introduzida em Constantinopla por volta de 379 ou 380. Em um sermão de São João Crisóstomo, que na época era um renomado asceta e pregador em Antioquia, vemos que a festa foi celebrada pela primeira vez em sua cidade natal em 25 de dezembro de 386. A partir dos grandes centros urbanos, a festa se difundiu em todo o oriente cristão, sendo instituída em Alexandria no ano 432, e em Jerusalém por volta de um século depois. Somente a igreja da Armênia não adotou esta tradição, e até hoje celebra o Natal de Cristo, a adoração dos Reis Magos e o Batismo do Senhor em 6 de janeiro.

As igrejas ocidentais, por sua vez, adotaram posteriormente a Festa da Epifania, celebrada no oriente em 6 de janeiro, entre os anos 366 e 394. Mas no ocidente a festa era celebrada geralmente como a visita dos Reis Magos ao menino Jesus, e como tal, era uma festa importante, mas não pertencia às grandes festas da Igreja – um visível contraste com o Oriente, onde a Epifania ainda é, depois da Páscoa, a festa mais importante do calendário litúrgico.

No oriente cristão, a Festa da Epifania é mais popular que o Natal. O motivo é que esta festa celebra o Batismo de Cristo no Rio Jordão, quando a Voz do Pai e a descida do Espírito Santo manifestaram aos homens, pela primeira vez, a divindade do Cristo Encarnado e a Trindade Divina.

Uma festa cristã

Portanto a escolha do 25 de dezembro como data do nascimento de Cristo não possui relação alguma com supostas influências pagãs que adentraram a Igreja durante ou após o reinado de Constantino. É altamente improvável que esta seja a verdadeira data do nascimento de Cristo, mas deve suas origens aos esforços dos cristãos latinos dos primeiros séculos em determinar a data precisa da morte de Cristo.

E a festa pagã instituída pelo imperador Aureliano em 274 foi não somente uma tentativa de utilizar o solstício de inverno para fins políticos, mas também uma tentativa de dar um significado pagão a uma data que já era importante aos cristãos romanos. Estes, por sua vez, posteriormente fizeram uso da coincidência com a festa pagã do “Nascimento do Sol Invicto” para se referir ao nascimento de Cristo como o nascimento do “Sol da Salvação” ou “Sol da Justiça”.


Notas:

William J. Tighe, correspondente da Touchstone, é professor de História da Faculdade Muhlemberg. Ele indica aos leitores interessados o livro The Origins of the Liturgical Year, de Thomas J. Talley, publicado pela editora The Liturgical Press.

 

Fonte: Ecclesia

sábado, 5 de dezembro de 2009

26º Domingo Após Pentecostes

11º Domingo de Lucas

Apolitikion da Ressurreição (1º tom)

Embora a pedra fosse selada pelos judeus 
e teu puríssimo corpo fosse guardado pelos soldados. 
Ressurgiste, porém, ao terceiro dia, ó Salvador, 
dando a vida ao mundo! 
Por isso, as Potências Celestes clamaram-te, ó Autor da vida: 
Glória a tua ressurreição, ó Cristo! 
Glória a tua realeza, glória a tua providência, ó Filântropo!

Kondakion (8º tom)

Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espírito Santo.

Tu, sendo Deus, te levantaste do túmulo, 
e devolveste a vida ao mundo; 
a natureza humana, por isso te louva: 
a morte foi vencida, Adão se regozija, ó Mestre, 
e Eva, liberta agora das cadeias da morte, com alegria exclama: 
Tu, Cristo, és o que a todos dá a Ressurreição!

Kondakion de São Nicolau (4° tom)

A verdade das tuas obras, ó pai e bispo Nicolau,
tornou-te regra de fé para o teu rebanho
modelo de doçura e mestre de temperança.
Pela tua humildade obtiveste ainda a exaltação
e, pela tua pobreza, a riqueza.
Roga, pois a Cristo nosso Deus,
pela salvação de nossas almas!

Theotokion

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

uando Gabriel te saudou, ó Virgem, dizendo: "alegra-te!" 
e com sua voz, o Salvador encarnou-se em ti, tabernáculo santo;
e, como falava o Justo Davi: "veio do céu trazendo o Criador de tudo",
glória Àquele que habita em ti, 
glória Àquele nascido de ti e que nos libertou!

Prokimenon

Desça sobre nós, Senhor, a tua misericórdia 
conforme nossa esperança em Ti.

Exultai, ó justos, no Senhor, 
pois aos retos convém o louvor.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!

Deus assegura a minha vitória 
e me submete os meus adversários.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Salva maravilhosamente seu servo 
e usa de misericórdia com seu ungido.
Aleluia, aleluia, aleluia!

EPÍSTOLA: Hb 13,17-21

EVANGELHO: ( Lc 13, 10-17)

São Nicolau, Arcebispo de Myra em Lycia

São Nicolau Taumaturgo da cidade de Mira, da província de Lícia, é um santo especialmente querido pelos ortodoxos, e em particular, pelos russos. Ele ajuda ràpidamente em diversas calamidades da vida e perigos das viagens. Nasceu na Ásia Menor no final do séc. III, e desde a sua infância, demonstrou a sua profunda religiosidade e aproximou-se do seu tio, bispo da cidade de Patara sendo, ainda jovem, ordenado sacerdote.

Após a morte dos seus pais, Nicolau herdou uma grande fortuna a que começou a distribuir entre os pobres. Ele se empenhou em ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe.

O seguinte caso mostra, como ele ajudava aos infelizes:

Havia na cidade de Patara um rico comerciante com 3 filhas. Quando as suas filhas chegaram à maturidade, as transações comerciais de seu pai fracassaram e ele chegou a completa falência. Teve então ele a idéia criminosa de usar a beleza das filhas para conseguir meios de sobrevivência. São Nicolau ficou a par do seu plano e decidiu salvar, a ele e as filhas de tal pecado e vergonha. Aproximando-se durante a noite da casa do comerciante falido, jogou pela janela aberta um saquinho com moedas de ouro. O comerciante, achando o ouro, com grande alegria preparou o enxoval da filha mais velha e arranjou-lhe um bom casamento. Passado um pouco de tempo, São Nicolau novamente jogou na janela um saquinho com ouro, o suficiente para o enxoval e o casamento da segunda filha. Quando o jogou o terceiro saquinho com ouro para a filha mais nova, o comerciante já estava a sua espera . Prostrando-se diante do Santo, agradeceu-lhe com lágrimas pela salvação da sua família de um horrível pecado e vergonha. Após o casamento das três filhas, o comerciante conseguiu recuperar os seus negócios e começou a ajudar aos próximos, imitando o seu benfeitor.

São Nicolau desejou visitar os lugares santos e embarcou num barco de Patara para a Palestina. O mar era calmo, mas ao Santo foi revelado que em breve haveria uma tempestade e ele avisou aos outros viajantes. Veio uma tremenda tempestade e o barco virou um brinquedo indefeso nas ondas violentas. Como todos sabiam que São Nicolau era padre, pediram que rezasse pela salvação dos que ali estavam. Após a oração do Santo, o vento se acalmou e veio uma grande calmaria. Depois disto, um dos barqueiros foi derrubado pelo vento do mastro ao convés e morreu. São Nicolau, com suas orações, fez voltar à vida.

Após a sua peregrinação a lugares santos, São Nicolau queria se isolar num deserto e passar sua vida inteira longe dos homens. Mas não era esta a vontade de Deus que o escolheu para ser o pastor de almas. São Nicolau ouviu uma voz que ordenava a ele voltar à sua pátria e servir àquele povo.

Não querendo morar na cidade onde foi tão bem conhecido, São Nicolau dirigiu-se a uma cidade vizinha, Mira, capital da província de Lícia e sede episcopal, estabelecendo lá como um pobre. Com profundo amor pela Igreja, visitava-a diariamente, logo cedo quando eram abertas suas portas.

Nesta época o bispo de Mira faleceu e os bispos vizinhos se reuniram para eleger o seu sucessor.Como não conseguissem chegar à unanimidade na escolha, um deles aconselhou: "O Senhor deve Ele mesmo nos indicar a pessoa certa. Assim, irmãos, vamos rezar, jejuar e esperar pelo escolhido de Deus." E, ao mais velho dos bispos Deus revelou, que a primeira pessoa a entrar na igreja após a abertura das portas devia ser o eleito para ser o bispo daquela sede. Ele contou o seu sonho aos outros bispos e, antes da missa da manhã, ficou vigiando a porta e esperando pelo escolhido de Deus. São Nicolau, como de costume, chegou cedo para para fazer suas orações. Vendo o Santo, o bispo lhe perguntou: "Qual é seu nome?" E, com humildade, São Nicolau prontamente lhe respondeu. "Siga-me, meu filho" - disse o bispo, e tomando-o pela mão, conduziu-o até a igreja dizendo-lhe que seria ordenado bispo de Mira. São Nicolau não se sentia a altura de tão elevado cargo, mas finalmente cedeu à vontade dos bispos e do povo.

Após a sua ordenação, São Nicolau resolveu: "Até agora pude viver para mim mesmo e para a salvação de minha própria alma, mas daqui em diante, todo o tempo da minha vida deve ser dedicado aos outros." E, esquecendo-se de si mesmo, abriu a porta de sua casa a todos, tornando-se o verdadeiro pai dos órfãos e pobres, defensor dos oprimidos e benfeitor de todos. Conforme testemunho de seus contemporâneos, ele era humilde, pacífico, vestia-se com simplicidade, alimentava-se com o estritamente necessário e uma única vez por dia, à noite.

Quando, no reinado do imperador Diocleciano (284-305) teve a perseguição da Igreja, São Nicolau foi encarcerado. Na prisão ele também esquecia-se de si mesmo, indo ao encontro de dos mais fracos e necessitados, animando-os com suas palavras e seu exemplo aos que com ele sofriam. Mas, certamente, não era desígnio e vontade de Deus que ele sofresse o martírio. O novo imperador Constantino era benévolo aos cristãos e deu à eles o direito de abertamente confessar a sua fé e suas convicções religiosas. São Nicolau pode assim retornar ao seu povo.

Seria uma tarefa quase impossível enumerar todos os seus feitos, de ajuda ao próximo e de milagres que se fez por seu intermédio:

Aconteceu na Lícia uma grande fome. São Nicolau apareceu em sonho a um comerciante que, na Itália, carregava seus barcos com trigo, dando a ele moedas de ouro e mandando-lhe navegar para a cidade de Mira na Lícia. Ao acordar, o comerciante achou moedas de ouro em sua mão e, possuído de um grande temor, não ousou desobedecer à ordem do Santo. Trouxe seu trigo para a Lícia e contou aos habitantes o seu milagroso sonho, graças ao qual chegou lá.

Naquele tempo, em muitas igrejas, teve início uma forte agitação sobre a heresia de do arianismo que negava a Divindade do Senhor Jesus Cristo. Para apaziguar a Igreja, o imperador Constantino, o Grande, convocou o Primeiro Concílio na cidade de Nicéia, em 325. Entre os bispos deste Concílio estava também São Nicolau. O Concílio condenou a heresia de Ário e estabeleceu o Credo onde, com palavras bem claras expressa a fé ortodoxa em Nosso Senhor Jesus Cristo, como Filho Unigênito, da mesma essência do Pai. Durante os debates, São Nicolau, ouvindo a blasfêmia ariana ficou tão indignado que agrediu seu opositor diante de todos. Pela indisciplina, o Concílio retirou a dignidade episcopal a São Nicolau. Logo após este incidente, porém, alguns bispos tiveram uma visão em que Senhor Jesus Cristo entregava à São Nicolau Evangelho e a Virgem Mãe de Deus impunha-lhe Seu manto. Os bispos entenderam como contrária a vontade de Deus a heresia ariana, reintegrando São Nicolau em seu múnus e sede episcopal.

Da hagiografia de São Nicolau sabemos que uma vez o imperador condenou à morte 3 dos seus chefes. Estes se lembraram dos milagres de S. Nicolau e mandaram-lhe um pedido de ajuda. O Santo rezou piedosamente e, no sonho, apareceu ao imperador ordenando que libertasse seus fiéis servos, ameaçando, caso contrário, de castigos divinos. Quem és tu - perguntou o imperador - que ousas dar ordens aqui?" - "Eu sou Nicolau, arcebispo de Mira," respondeu o Santo. Não ousando desrespeitar a ordem, o imperador reviu com atenção o caso dos seus chefes, libertando-os com as devidas honras.

Aconteceu, que saiu do Egito para a Líbia um barco. Em alto mar começou uma horrível tempestade e o barco estava já quase afundando. Algumas pessoas se lembraram de São Nicolau e começaram a rezar a ele. Viram claramente como o Santo corria em direção a eles por sobre as ondas enfurecidas e, entrando no barco, tomou o leme com as suas mãos. A tempestade acalmou e o barco chegou a salvo no porto.

São Nicolau morreu já muito idoso em meados do século IV, mas com a sua morte, não cessou sua ajuda aos que a ele recorrem. Durante mais de 1500 anos, muitos são os que atribuem a ele grande ajuda em atenção às suas orações e pedidos de intercessão. Estes testemunhos constituem uma vasta literatura, e o amor dos cristão ortodoxos por este Santo cresce a cada dia.

Quando, em 1087 a província de Lícia foi devastada, o Santo apareceu em sonho a um padre em Bari, na Itália pedindo que suas relíquias fossem trasladadas para aquela cidade. Esta ordem do Santo foi rapidamente atendida e, desde aquela época, suas relíquias repousam na igreja de Bari. Delas vertem bálsamo que cura os doentes. Este acontecimento é comemorado em 22 de maio de cada ano (9 de maio no antigo calendário).

Fonte: Ecclesia

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Medvedev e Bento XVI vão encontrar-se

 

O Papa recebe hoje, no Vaticano, o Presidente da Rússia.

O encontro acontece à margem da visita de Dmitri Medvedev a Itália, a convite do Primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

As relações diplomáticas entre a Santa Sé e Moscovo e ainda o relacionamento entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa deverão ser alguns dos temas abordados.

É a primeira vez que Medvedev se encontra com o Papa.

O seu antecessor no Kremlin, Vladimir Putin foi recebido duas vezes por João Paulo II e uma vez por Bento XVI.

    Fonte: Renascença

    terça-feira, 1 de dezembro de 2009

    Mensagem do Papa Bento XVI ao Patriarca Bartolomeu I, na Comemoração de Santo André, patrono da Santa Sé Constantinopolitana

     

    001

    ROMA, 30 de novembro de 2009 (Fonte: VIS) - Como é de tradição na festa de Santo André, o Papa Bento XVI enviou uma mensagem a Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, através do Cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que lidera a Delegação Vaticana que se encontra em Constantinopla (Istambul) para participar das comemorações festivas. Em sua mensagem por ocasião da festa do patrono do Patriarcado de Constantinopla, o Papa lembrou o irmão de São Pedro Mártir, afirmando que «a memória dos mártires impulsiona a todos os cristãos a testemunhar a sua fé perante o mundo. É um apelo urgente, principalmente nos dias atuais, quando o cristianismo enfrenta desafios cada vez mais complexos. «Nossas Igrejas», escreve Bento XVI, «sinceramente, comprometeram-se, nas últimas décadas, a prosseguir o caminho que conduz ao restabelecimento da plena comunhão e, apesar de ainda não termos atingido essa meta, temos dado passos significativos que levaram ao aprofundamento dos laços comuns. Esta «abertura» tem norteado o trabalho de Comissão Mista Internacional para o Diálogo que realizou a sua primeira sessão plenária no mês passado em Chipre, e cujo tema foi «O papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja no primeiro milênio». «Uma questão complexa que requer um estudo aprofundado e um diálogo paciente, se aspiramos a integração compartilhada das tradições orientais e ocidentais», diz o Papa. «A Igreja Católica entende o ministério petrino como um dom do Senhor à sua Igreja. Esse ministério não deve ser interpretado numa perspectiva de poder, mas dentro de uma eclesiologia de comunhão, como um serviço à unidade na verdade e na caridade», diz o Papa. «O bispo da Igreja de Roma, que preside na caridade é o Servus Servorum Dei (…) (Servo dos Servos de Deus). (…) Trata-se de buscar juntos, inspirados no modelo do primeiro milênio, as formas em que o ministério do Bispo de Roma possa cumprir um serviço de amor, reconhecido por um e por todos». Bento XVI observa que durante o caminho à plena comunhão «podemos oferecer já um testemunho comum e trabalhar juntos no serviço à humanidade, sobretudo defendendo a dignidade e afirmando os valores éticos fundamentais, promovendo, ao mesmo tempo, a justiça e a paz» e que ambas as Igrejas «podem cooperar na sensibilização acerca da responsabilidade da humanidade na salvaguarda da criação». MESS / San Andrés / BARTOLOME / VIS 091130 (420)

    φωτό: Νικόλαος Μαγγίνας | Φως Φαναρίου 

    Ecclesia «N E W S»

    26ª SEMANA APÓS PENTECOSTES, Terça-Feira

    S. Naum, profeta (séc. VII a.C.).

    1Tim 1, 8-14; Lc 19, 45-48

    sábado, 28 de novembro de 2009

    Os ortodoxos russos põem fim ao diálogo com os luteranos alemães

     

    Em outubro deste ano, 2009, o Sínodo da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD) escolheu a bispa regional da Baixa Saxônia, Margot Kässmann, para a chefia da Igreja no país. Uma mulher e, para mais, uma divorciada!

    A alta hierarquia da Igreja Ortodoxa russa, que, nos últimos cinquenta anos manteve um diálogo constante com a Igreja Luterana alemã, tomou essa nomeação como uma afronta e decidiu romper com um relacionamento que durou meio século. Após a escolha de uma mulher divorciada para chefe da Igreja, não é mais possível continuar o diálogo que se mantinha há cinquenta anos, afirmou, em 12 de novembro, o clérigo Georgi Sawerschinski, porta-voz da Igreja Ortodoxa. A Igreja, disse ele, conforme noticiou a Agência Interfax de Moscou, não permite a ordenação, nem mesmo qualquer papel de chefia de mulheres. “Esta questão é muito séria”, acrescentou.
    Em última instância, a decisão incumbia ao Patriarca Cirilo I, chefe supremo da maior Igreja Ortodoxa nacional do mundo.

    O rompimento da cooperação entre ambas as Igrejas foi manchete nas páginas de alguns jornais russos de 12 de novembro. “O Patriarca não deve manter as relações com a nova chefe dos luteranos alemães”, escreveu o jornal Wremja Nowostej.

    As festividades marcadas para fins de novembro, relativas ao jubileu dos cinquenta anos de diálogo entre a Igreja Ortodoxa russa e a Igreja Evangélica da Alemanha, serão também o fim das conversações, anunciou o chefe do serviço de informação da Igreja Ortodoxa, arcebispo Ilarion Wolokolamsk.

    Os cristãos evangélicos da Rússia apoiaram a decisão. O secretário da Igreja Evangélica Luterana da Rússia, Alexander Priluzki avaliou a eleição de Kässmann como um “sinal da crise da sociedade ocidental”.

    Margot Kässmann lamentou, já na tarde de 12 de novembro, a reação dos ortodoxos russos. Recebendo os meios de comunicação em Nürnberg, mostrou-se surpresa e declarou: “Ecumenismo é também aceitar as diversas concepções da Igreja e dos ministérios”. Ela aceita que haja Igrejas que não admitem mulheres na sua cúpula. Mas, em contraposição, também espera que se aceite ser isso possível em outras Igrejas. “O respeito recíproco é a base essencial do ecumenismo”.

    Russos comprometidos na defesa dos direitos humanos interpretam o afastamento dos ortodoxos da Igreja Evangélica como um sinal da sua crescente radicalização ideológica. A Igreja Ortodoxa russa quer isolar-se do mundo moderno do Ocidente, diz um defensor dos direitos humanos, Lew Ponomarjov. Em compensação, segundo testemunho do Patriarca de Moscou, as relações com a Igreja Católica são cada vez melhores. O arcebispo Ilarion considera ser, enfim, absolutamente possível um encontro histórico do Patriarca Cirilo com o Papa Bento XVI.

    (Extraído de SPIEGEL ONLINE,12.11.2009 por Luís Guerreiro)

    sexta-feira, 27 de novembro de 2009

    ELEIÇÃO DO SUCESSOR DE PAVLE

    Belgrado, 26 nov (RV) – Será eleito no próximo dia 22 de janeiro o novo chefe da Igreja ortodoxa sérvia, que sucederá o Patriarca Pavle, que faleceu no último dia 15 de novembro: de fato, naquele dia – anunciou ontem o Santo Sínodo da Igreja – os bispos se reunirão em conclave para proceder à eleição do novo líder espiritual dos cristãos ortodoxos sérvios.
    Entre os candidatos considerados favoritos, segundo a imprensa local, estão o metropolita Amfilohije, o bispo de Zvornik e Tuzla Vasilije, o bispo Zahumlje de Herzegóvina, e o bispo de Bačka, Irinej. (SP)

    Fonte: Rádio Vaticano

    segunda-feira, 23 de novembro de 2009

    Indignação Continua na Rússia Por Assassinato do Padre Daniel

    Assassinat d'un prêtre orthodoxe à MoscouA sociedade russa continua indignada com o assassinato do Padre Daniel Sysoev, padre ortodoxo, reitor de uma paróquia em Moscou e famoso pregador e missionário, assassinado em sua igreja, na noite de 19 de novembro. Padre Daniel nasceu em 1974 e estudou no seminário e da Academia Teológica de Moscou. Ordenado em 2001, o Padre Daniel abriu em sua paróquia, um centro de treinamento para missionários e catequistas. Ele tinha começado a construir uma nova igreja. Desde 2006,  Padre Daniel celebrava temporariamente uma capela de madeira, onde foi morto a tiros por um desconhecido.

    O Patriarca Cyrilo de Moscou conclamou toda Igreja Russa para rezar em favor do falecido padre que "entregou sua vida para servir a Deus e aos homens". Ele advertiu contra tirar conclusões apressadas sobre as razões para o assassinato e declarou que "o Senhor exorta-nos a manter a paz".

    O assassinato do padre Daniel, conhecido por suas pregações e autoria de vários livros, criou uma grande celeuma na sociedade russa.

    sábado, 21 de novembro de 2009

    FESTA DA APRESENTAÇÃO DA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS NO TEMPLO

     

    Epístola: Hb 9,1-7

    1 Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,

    2 a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.

    3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas;

    4 feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.

    5 Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?

    6 E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.

    7 E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo.

    Evangelho: Lc 10,38-42; 11,27-28

    38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.

    39 E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

    40 Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude.

    41 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas,

    42 mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

    27 E aconteceu que, dizendo ele essas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste!

    28 Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.

     

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    quarta-feira, 18 de novembro de 2009

    Paróquia São Mateus Celebra Seu Padroeiro

    A Paróquia São Mateus em Recife (sob o homofórion do Arcebisbo Crisóstomos, Arcebispo do Equador e América do Sul), comemorou no último dia 16, a Festa do seu Padroeiro, o Apóstolo e Evangelista São Mateus. Veja as fotos clicando aqui.

    Arcebispo Chrysóstomos Se Pronuncia Sobre Lei de Igualdade Religiosa no Equador

    O Arcebispo  crhysóstomos da Igreja Ortodoxa Ucraniana na América (Arquidiocese do Equador e América do Sul) fez críticas ao projeto de lei em tramitação sobre a liberdade religiosa no Equador. Seu pronunciamento foi publicado hoje (18 de novembro), pelo Jornal “El Comercio”, órgão de imprensa de Quito, capital do Equador. Clique aqui para ler a matéria.

    24ª Semana Após Pentecostes

    1Ts 4: 1-12; Lc 15: 1-10
     

    SANTORAL

    Santos Mártires Platão, Romão, Zaqueu, o Diácono, e Alfeu, o Leitor († 305)

    São Platão

    San PlatonO santo foi de Ankara, viveu no século terceiro, de alma virtuosa, fez um trabalho importante na transmissão da fé cristã. De situação econômica confortável,  ajudou aos pobres e doentes, com importantes contribuições em dinheiro. São Platão foi denunciado e levado diante do governador Agripino, perante o qual reafirmou a sua fé em Cristo. Agripino vendo que Platão era rico, procurou dissuadi-lo por vários meios e subterfúgios, inclusive o de lhe dar sua bela sobrinha em casamento, caso ele desistisse de sua fé. Mas o Santo se recusou imediatamente a proposta. Agripino entregou São Platão para ser torturado e decapitado.

     

    São Romão

    São Romão era natural de Antioquia e viveu sob o reinado do Imperador Maximiliano. Tendo espontaneamente comparecido perante o Governador da região, ridicularizou os ídolos argumentando que até uma criança sabia que eles não eram deuses. E para demonstrar sua razão, escolheu aleatoriamente uma criança que estava próxima e lhe indagou:

    “Que Deus deve ser adorado?”

    E a criança respondeu:

    “Cristo.”

    Então o infante foi piedosamente espancado e, quanto a São Romão, teve sua língua cortada e foi lançado na prisão, onde lhe enforcaram.

     

    Santo Mártir Zaqueu, Diácono e Alfeu, o Leitor.

    O Santos Mártires Zaqueu, diácono de Gadara, e Alfeu, Leitor de Cesaréia, padeceu sob o imperador Diocleciano (284-305). Entre os detidos durante a perseguição mais feroz contra os cristãos estava São Zaqueu, um diácono da igreja Gadara, que confessou abertamente sua fé e não negou a Cristo, mesmo sob tortura.
    A perseguição de Diocleciano foi tão acirrada que muitos não resistiram, e com medo das torturas, concordavam em oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Santo Alfeu, um leitor da igreja de Cesaréia, zeloso pela glória de Deus, aproximou-se da multidão dos que se afastaram de Cristo em seu caminho para oferecer um sacrifício pagão. Pediu-lhes para não se contaminarem com os sacrifícios ímpios.
    Prenderam Santo Alfeu e depois de torturas e tormentos os algemaram juntamente com São Zaqueu. Os santos mártires foram jogados durante a noite na prisão. Perseverando incessantemente na oração, apoiando-se mutuamente em sua determinação para suportar todos os sofrimentos para o nome de Cristo e, assim, ganhar a vida eterna. Na manhã seguinte, o Santos Mártires Zaqueu e Alfeu foram degolados por suas fidelidades a Cristo.

    terça-feira, 17 de novembro de 2009

    SANTA SÉ RESSALTA TRABALHO DO PATRIARCA PAVLE EM FAVOR DA PAZ


    Cidade do Vaticano, 16 nov (RV) – O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Card. Walter Kasper, divulgou hoje uma mensagem de pesar pelo falecimento do patriarca ortodoxo sérvio, Pavle. O texto foi enviado ao Metropolita Amfilohije, que preside o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa sérvia.
    No texto, o cardeal recorda os diversos encontros que manteve com o Patriarca Pavle e seu serviço em anos muito difíceis, marcados por guerras e conflitos na Sérvia e em outros países dos Bálcãs.
    "Não obstante os sofrimentos, ele permaneceu um homem de fé e de diálogo, humilde e alegre, um exemplo luminoso de vida completamente consagrada a Deus e, ao mesmo tempo, custodiou e incrementou o espírito de comunhão dentro da Igreja Ortodoxa sérvia" – escreve.
    Por fim, o Card. Kasper faz votos de que o diálogo entre a Igreja Católica com o Patriarcado da Sérvia, que se desenvolveu e se reforçou sob a guia do Patriarca Pavle, possa continuar e aprofundar-se também no futuro. (BF)

     

    Fonte: Rádio vaticano

    Presidente da Sérvia recebido no Vaticano

     

    Bento XVI recebeu este Sábado no Vaticano o presidente da Sérvia, Boris Tadic, que se reuniu ainda com o Secretario de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone , e o Secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, D. Dominique Mamberti.

    Segundo comunicado da sala de imprensa da Santa Sé, em cima da mesa estiveram os principais “desafios regionais” e do caminho da Sérvia para a plena integração na União Europeia. Os encontros decorreram numa” atmosfera cordial”, em foi salientado o bom nível das relações bilaterais.

    Foi sublinhado o contributo que a Igreja Católica deseja oferecer à sociedade sérvia e foram referidos os elementos necessários para assegurar adequadamente a sua presença e actividade.

    Outro ponto em destaque foi o diálogo positivo com a Igreja ortodoxa, também na perspectiva da comemoração em 2013 do Edito de Milão do imperador Constantino.

     

     

    Fonte: Agência Ecclesia

    Sentença que veta crucifixo mobiliza Igreja ortodoxa grega

    O primaz Ieronymos está disposto a convocar um Sínodo extraordinário

    ATENAS, segunda-feira, 16 de novembro de 2009 - O primaz da Igreja ortodoxa grega, Ieronymos II, declarou-se disposto a convocar um Sínodo extraordinário para desenhar um plano de ação contra a recente sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos que veta o crucifixo nas escolas. 

    “Não são só as minorias que têm direitos; os direitos são também das maiorias”, disse o primaz em uma declaração recolhida por diferentes agências de imprensa e da qual hoje informa o diário vaticano “L’Osservatore Romano”.

    Para ler o restante desta notícia acesse o sitio de (ZENIT.org).

    segunda-feira, 16 de novembro de 2009

    Santo Apostolo e Evangelista Mateus

    São Mateus

    O Santo Apóstolo e Evangelista Mateus, também chamado Levi (Marcos 2:14 e Lucas 5:27), foi um dos Doze Apóstolos (Marcos 3:18 e Lucas 6:45, Atos 1:13), e era irmão do Apóstolo Tiago Alfeu (Marcos 2:14). São Mateus era um publicano (cobrador de impostos para Roma), numa época em que os judeus estavam sob o domínio do Império Romano, e isto provocava o ódio e repúdio dos seus patrícios, pois os publicanos além de servirem aos tiranos, ficavam ricos onerando o povo com taxações além da que era estabelecida. São Mateus morava na cidade de Cafarnaum da Galiléia. Quando ouviu a voz de Jesus Cristo: “Vem e segue-Me” (Mt 9:9), deixou tudo e seguiu o Salvador. Cristo e Seus discípulos não recusaram o convite de Mateus para uma refeição em sua casa, onde dividiram mesa com outros publicanos que eram seus amigos. Este evento provocou grande indignação entre os escribas e os fariseus, os quais repudiavam quaisquer relações amistosas com esses notórios pecadores e traidores do povo.

    Mateus, reconhecendo o seu pecado, abandona a coletoria e suas atividades para se juntar aos outros apóstolos. Discípulo atento e humilde de Cristo, após o Pentecostes, a pedido de judeus convertidos, escreveu seu Evangelho (o único livro do Novo Testamento redigido em aramaico, sendo depois traduzido para o grego). Seus escritos demonstram a excelência de sua sabedoria, capaz de fazer calar os mais ilustres rabinos de sua época. Contudo, o Santo Apóstolo não se contentou em escrever seu Evangelho e ficar sedimentado em sua pátria. O mandamento de Cristo era claro: ide e fazei discípulos entre todas as nações. São Mateus então percorre a Palestina, a Média, a Pérsia e desce pelo Egito até a Etiópia, onde se estabelece operando grandes sinais e maravilhas entre o povo e tribos canibais. Muitas tradições locais contam a vida do Santo Apóstolo de Cristo, seus feitos e milagres. Uma delas narra seu confronto com o governador Fulviano que resulta em seu martírio acompanhado de grande milagre. Condenado à morte na fogueira, o fogo não consegue destruir seu corpo. Jogado em ao mar em um caixão de ferro, reaparece na praia. Fulviano, diante de tão grande maravilha, se rende à fé cristã, a qual já estava presente em sua esposa que fora curada dos tormentos dos espíritos demoníacos por São Mateus. Após a morte do Bispo Platon (ordenado por São Mateus), Fulviano é ordenado Bispo e assume o nome de Mateus, em homenagem ao Santo Apóstolo.

     

    TROPÁRIO DE SÃO MATEUS MODO 3

    Santo Apóstolo Mateus interceda

    Junto ao Bondoso Deus

    Que Ele nos conceda o perdão

    E às nossas almas salvação.

     

     

    KONDÁKION DE SÃO MATEUS MODO 4

    Tu te liberaste da Coletoria

    Para assumir sobre Ti o jugo da Justiça.

    Assim fazendo, Te revelaste um hábil negociante,

    Cheio da Sabedoria do Alto.

    Tu proclamaste a palavra da Verdade,

    E por teus ensinamentos

    Fizeste despertar as almas indolentes

    Atentando-as para o Juízo Final.

    Patriarca Pavle (Paulo) Dormiu no Senhor

    O O chefe da Igreja Ortodoxa sérvia, o patriarca Pavle, morreu neste domingo em Belgrado aos 95 anos, anunciou seu suplente, o metropolitano montenegrino Anfilohije, segundo a agência de notícias sérvia Tanjug.

    Devido à doença e ao estado frágil, o patriarca Pavle estava desde novembro de 2007 hospitalizado na Academia Militar Médica de Belgrado.

    O presidente da Sérvia, Boris Tadic, declarou na capital sérvia que a morte do patriarca representa uma perda "grande e insubstituível".

    "Existem pessoas que pelo simples fato de existir unificam todo um povo. Assim foi o patriarca Pavle", disse o presidente, em declarações à "Tanjug".

    Pavle, nascido em 1914 em Donji Miholjac, na Croácia, foi nomeado em 1990 como o 44º patriarca sérvio.

    Durante o período de sua doença, tinha sido substituído pelo metropolitano Anfilohije.

     

    Fonte: Terra

    quinta-feira, 29 de outubro de 2009

    «A Jerusalém do alto é livre, e ela é nossa mãe» (Gal 4, 26)

     

     

    São Jeronimo - Mês da BíbliaDo que nos devemos felicitar não é de termos estado em Jerusalém, mas de termos vivido bem. A cidade que é preciso procurar não é aquela que matou os profetas e verteu o sangue de Cristo, mas aquela que um rio impetuoso enche de júbilo, aquela que, construída sobre uma montanha, não pode ser escondida, aquela que o apóstolo Paulo proclama ser mãe dos santos e na qual os justos se regozijam de habitar (Sl 45, 5; Mt 5, 14; Gal 4, 26) [...]. Não ousarei limitar o poder de Deus a uma região ou confinar num pequeno canto da terra Aquele que o céu não pode conter. Cada crente é apreciado pelo mérito da sua fé e não pelo lugar em que habita; e os verdadeiros adoradores não têm necessidade de Jerusalém ou do monte Garizim para adorar o Pai, porque «Deus é espírito» e os Seus adoradores devem «adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 21-23). Ora «o Espírito sopra onde quer» (Jo 3, 8) e «a terra é do Senhor, assim como tudo o que ela contém» (Sl 23, 1). [...]
    Os lugares santos da cruz e da ressurreição só são úteis aos que levam a sua cruz, ressuscitam com Cristo cada dia e se mostram dignos de habitar em tais lugares. Quanto aos que dizem: «Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor» (Jer 7, 4), ouçam esta palavra do apóstolo: «Vós é que sois o templo de Deus, se o Espírito Santo habita em vós» (1Cor 3, 16). [...]
    Não creio que falte alguma coisa à tua fé por não teres visto Jerusalém e não me julgo melhor por habitar neste lugar. Mas, aqui ou noutro sítio, receberás igual recompensa segundo as tuas obras perante Deus.

     

    São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia

    segunda-feira, 26 de outubro de 2009

    «Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho»

     

    [No Monte Sinai, Moisés disse ao Senhor: «Mostra-me a Tua glória». Deus respondeu-lhe: «Farei passar diante de ti toda a Minha bondade (...), mas tu não poderás ver a Minha face» (Ex 33, 18ss.).] Experimentar este desejo parece-me porvir de uma alma animada pelo amor à beleza essencial, uma alma a quem a esperança não pára de conduzir da beleza que já viu para aquela que está para além. [...] Este pedido audacioso, que ultrapassa os limites do desejo, almeja pela beleza que está para além do espelho, do reflexo, para a ver face a face. A voz divina satisfaz o pedido, recusando-o simultaneamente [...]: a magnanimidade de Deus concede-lhe a satisfação do desejo, mas, ao mesmo tempo, não lhe promete repouso nem saciedade. [...] É nisto que consiste a verdadeira visão de Deus: aquele que para Ele eleva os olhos nunca mais cessa de O desejar. É por isso que Ele diz: «não poderás ver a Minha face». [...]
    O Senhor que tinha respondido a Moisés exprime-se da mesma forma aos Seus discípulos, clarificando o sentido desta simbologia. Ele diz «Se alguém quiser vir após Mim», (Lc 9, 23) e não: «Se alguém quiser ir à Minha frente». Ao que Lhe faz um pedido a respeito da vida eterna, propõe o mesmo: «Vem e segue-Me» (Lc 18, 22). Ora, aquele que segue caminha virado para as costas daquele que o guia. Portanto, o ensinamento que Moisés recebe sobre a maneira pela qual é possível ver a Deus é este: ver a Deus é segui-Lo para onde Ele conduzir. [...]
    Com efeito, aquele que não conhece o caminho não pode viajar em segurança se não seguir o guia. Este precede-o, mostrando-lhe o caminho; por isso, quem o segue não se desviará do caminho se se mantiver virado para as costas daquele que o conduz. Com efeito, se se deixar ir ao lado ou de frente para o guia tomará uma via diferente da indicada. Por isso, Deus diz àquele a quem conduz: «Não poderás ver a Minha face», o que significa: «não olhes de frente o teu guia», porque, se assim fizesses, correrias num sentido que Lhe é contrário. [...] Como vês, é importante aprender a seguir a Deus: para aquele que assim O segue nenhuma contradição do mal se poderá opor ao seu caminhar.

    São Gregório de Niza (c. 335-395), monge e bispo

    sábado, 24 de outubro de 2009

    «Escolhe a vida» (Dt 30, 19)

     

    Há dois caminhos: um de vida e outro de morte, mas há uma grande diferença entre os dois. Ora o caminho da vida é o seguinte: primeiro que tudo, amarás a Deus que te criou; em segundo lugar, amarás o teu próximo como a ti mesmo e aquilo que não queres que ele te faça não o faças tu a outrem. Eis o ensinamento contido nestas palavras: Bendizei aqueles que vos maldizem, rezai pelos vossos inimigos, jejuai pelos que vos perseguem. Com efeito, que mérito tendes em amar os que vos amam? Não o fazem também os pagãos? Quanto a vós, amai os que vos odeiam e não tereis inimigos. Abstende-vos dos desejos carnais e corporais. [...]
    Segundo mandamento da doutrina: não matarás, não cometerás adultério, não seduzirás rapazes, não cometerás fornicação, nem roubo, nem magia, nem envenenamento; não matarás nenhuma criança, por aborto ou depois do nascimento; não desejarás os bens do teu próximo. Não cometerás perjúrio, não levantarás falsos testemunhos, não terás intenções de maledicência e não guardarás rancor. Não terás duas maneiras de pensar nem duas palavras: porque a duplicidade de linguagem é uma armadilha de morte. A tua palavra não será mentirosa nem vã, mas plena de sentido. Não serás avarento, nem ganancioso, nem hipócrita, nem maldoso, nem orgulhoso; não terás má vontade com o teu próximo. Não deves odiar ninguém: deves corrigir uns e rezar por eles e amar os outros mais do que a própria vida.
    Meu filho, foge de tudo o que é mal e de tudo o que te parece mal. [...] Vigia para que ninguém te desvie da doutrina, porque esse estará a guiar-te para longe de Deus. Se puderes suportar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não, faz ao menos o que te for possível.
    (Referências bíblicas: Mt 22, 37ss.; 7, 12; Tb 4, 15; Mt 5, 44ss.; 1Pe 2, 11; Ex 20; Mt 24, 4)

    Didaqué (entre 60-120)

    Fonte: Evangelho Quotidiano

    sexta-feira, 23 de outubro de 2009

    Igreja da Suécia (Luterana) aprova casamento religioso entre homossexuais

     

     

    Medida entra em vigor a 1 de Novembro

    A Igreja da Suécia aprovou hoje o casamento religioso dos homossexuais, que já era autorizado pela lei sueca desde 01 de Maio.
    A medida, que será aplicada a partir de 01 de Novembro, foi adoptada por uma maioria de cerca de 70 por cento dos 250 membros do sínodo sueco, indicou a instituição religiosa protestante em comunicado.
    No sínodo foi também aprovada uma liturgia para os casamentos homossexuais, de acordo com o mesmo comunicado.
    Aquando da adopção da lei pelo parlamento sueco em Abril último, a Igreja luterana, separada do Estado em 2000, apoiou a reforma mas adiou a aprovação formal para o sínodo.
    A Suécia, já pioneira em matéria de direito à adopção pelos casais homossexuais, torna-se assim um dos primeiros países do mundo a autorizar a celebração de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, no seio da sua principal congregação religiosa.
    Cerca de 73 por cento dos suecos pertenciam à Igreja da Suécia em 2008.
    A principal associação sueca de defesa dos homossexuais, RFSL, saudou a decisão.
    A "RSFL felicita a Igreja da Suécia pela decisão, os vossos membros homossexuais e bissexuais vão enfim poder sentir-se um pouco mais bem-vindos na sociedade", indica um comunicado.
    Mas a associação critica o direito dos pastores de recusarem a título individual celebrar um casamento homossexual. Nesse caso, a Igreja deverá poder encontrar um outro padre para a cerimónia.
    Responsáveis das Igrejas católica e ortodoxa, grandemente minoritárias na Suécia, manifestaram-se entristecidos pela decisão da Igreja protestante.
    "É com tristeza que tomamos conhecimento da decisão do sínodo da Igreja da Suécia", escreveram Frederik Emanuelson, responsável ecuménico da Igreja católica sueca e Misha Jaksic, um responsável da Igreja ortodoxa, num comunicado comum.
    "Nas nossas Igrejas e comunidades não uniremos casais homossexuais, dado ser uma contradição completa relativamente à tradição da Igreja e de toda a nossa visão da criação", acrescentaram.
    Na Suécia, os casais heterossexuais podem escolher entre o casamento civil e o religioso, enquanto que os casais homossexuais só estavam autorizados, desde 1995 e até agora, a unirem-se através de uma parceria tornada legal por uma cerimónia civil.
    O casamento religioso tem neste país nórdico valor civil.

    Fonte: Diário de Notícias

    quinta-feira, 22 de outubro de 2009

    «Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais» (Mt 19, 29)

     

    ambrosio_milao «Julgais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão. Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra dois, e dois contra três». Em quase todas as passagens do Evangelho o sentido espiritual joga um papel importante; mas nesta passagem sobretudo, para não ser rejeitada pela dureza de uma interpretação simplista, é preciso procurar na trama do sentido a profundidade espiritual. [...] Como é que Ele próprio disse: «Dou-vos a Minha paz, deixo-vos a Minha paz» (Jo 14, 27), se veio separar os pais dos filhos, os filhos dos pais, rompendo os laços que os unem? Como pode ser chamado «maldito o que trata com desprezo seu pai ou sua mãe» (Dt 27, 16), e fervoroso o que o abandona?  
    Se compreendermos que a religião vem em primeiro lugar e a piedade filial em segundo, compreenderemos que esta questão se esclarece; com efeito, é preciso fazer passar o humano depois do divino. Porque, se temos deveres para com os pais, quanto mais para com o Pai dos pais, a quem devemos estar reconhecidos pelos nossos pais? [...] Ele não diz, portanto, que é preciso renunciar aos que amamos, mas que há que preferir Deus a todos. Aliás, encontramos noutro livro: «Quem amar pai ou mãe mais do que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10, 37). Não te é interdito amares os teus pais, mas preferi-los a Deus. Porque as relações naturais são benefícios do Senhor, e ninguém deve amar os benefícios recebidos mais do que a Deus, que preserva os benefícios que dá.

    Santo Ambrósio (c. 340-397)

    segunda-feira, 19 de outubro de 2009

    «Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?»

     

     

    «Que hei-de fazer?» Há uma resposta imediata: «Satisfarei as almas dos esfomeados; abrirei os meus celeiros e convidarei todos os que passam necessidades. [...] Farei ouvir uma palavra generosa: vós, a quem falta o pão, vinde a mim; tomai a vossa parte, de acordo com as vossas necessidades, dos dons concedidos por Deus que jorram como que de uma fonte pública.» Mas tu, homem rico, insensato, estás bem longe disso! Por que razão? Ciumento de veres os outros gozarem de riquezas, entregas-te a cálculos miseráveis, não te preocupas em distribuir a cada um o indispensável, mas em tudo amealhar, privando os outros dos benefícios de que poderiam usufruir. [...]
    E vós, meus irmãos, estai atentos para não conhecerdes o mesmo destino que este homem! Se a Escritura nos oferece este exemplo, é para que evitemos comportar-nos do mesmo modo. Imitai a terra: como ela, dai frutos, e não vos mostreis piores que ela, que no entanto é desprovida de alma. A terra dá as suas colheitas não para o seu próprio gozo, mas para te servir. Assim, todo o fruto da benevolência que revelares, recebê-lo-ás de volta, dado que as graças que fazem nascer as boas obras voltam aos que as dispensam. Alimentaste o que tinha fome, e o que deste mantém-se contigo, e vem mesmo um suplemento. Como o grão de trigo caído na terra aproveita ao que o semeou, o pão dado ao que tem fome far-te-á receber mais tarde benefícios superabundantes. Que a finalidade da tua lavoura seja para ti o início da sementeira no céu.

     

    São Basílio (c. 330-379)

    Fonte: Evangelho Quotidiano

    sábado, 17 de outubro de 2009

    Primeiro festival de mídia Ortodoxa da Ucrânia

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    De 9 a 12 de Outubro, em Kiev, realizou-se o primeiro festival de mídia ortodoxas, por iniciativa de dirigentes dos meios de comunicação da Igreja Ortodoxa Ucraniana (Patriarcado de Moscou). Os participantes receberam a bênção do Metropolita Vladimir. Reuniões, apresentações e uma mesa redonda sobre o tema: “A palavra da Igreja no mundo contemporâneo: os princípios cristãos de jornalismo” ocorreram durante esses dias. Os prêmios em diversas categorias, foram apresentados à imprensa. Este site é dedicado a este evento.

    Sagração do primeiro Bispo do Burundi e de Ruanda

     

    Mgrsavvas

    Em outubro passado 11, o mosteiro de São Savvas em Alexandria, Savvas Bishop (Cheimonetou) foi consagrado o primeiro bispo do Burundi e Ruanda. A Igreja de Alexandria foi levado à criação desta nova diocese de apoiar a população local é uma das mais pobres do continente Africano. Nesta ocasião, o Patriarca de Alexandria, saudou o novo bispo e agradeceu o trabalho já realizado como o comissário do Patriarcado de Alexandria, chefe do departamento econômico do Patriarcado e, recentemente, diretora da Escola Igreja patriarcal Atanásio, o Grande .
    Fonte e foto: Romfea.gr

    «Aquele que Me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus»

    São Policarpo

    O bispo Policarpo foi o mais admirável dos mártires. Primeiro, quando soube de tudo o que se passara, não se perturbou, pelo contrário, quis permanecer na cidade. Perante a insistência da maioria, acabou por se afastar. Retirou-se para uma pequena propriedade situada perto do centro e aí permaneceu com alguns companheiros. Noite e dia nada mais fazia que rezar por todos os homens e pelas Igrejas do mundo inteiro, como era seu costume. [...]
    Os guardas, a pé e a cavalo, puseram-se a caminho, armados como se fossem no encalço de um bandido. Noite dentro, chegaram à casa onde se encontrava Policarpo. Este estava deitado num quarto do andar de cima; daí ainda poderia ter ido para outra propriedade. Não quis fazê-lo. Limitou-se a dizer: «Seja feita a vontade de Deus». Ouvindo as vozes dos guardas, desceu e pôs-se a conversar com eles. A idade avançada e a sua calma encheram-nos de admiração: não percebiam por que se tinham dado a tantos trabalhos para prender um ancião assim. Apesar da hora tardia, Policarpo foi solícito em servir-lhes de comer e de beber, tanto quanto desejaram. Pediu-lhes apenas que lhe concedessem uma hora para orar livremente. Eles consentiram. Era um homem cheio da graça de Deus e pôs-se a rezar de pé. Sem conseguir parar, assim continuou a rezar em voz alta durante duas horas. Os que o ouviam estavam estupefactos e muitos arrependiam-se de terem marchado contra um ancião tão santo.
    Quando terminou a oração, na qual fizera memória de todos aqueles que tinha conhecido do decurso da sua longa vida – grandes e pequenos, pessoas ilustres ou obscuras – e de toda a Igreja difundida pelo mundo inteiro, chegou a hora da partida. Fizeram-no montar um asno e conduziram-no para o centro de Esmirna. Era o grande dia de sábado.

    Carta à Igreja de Esmirna sobre os seus mártires (c. 155)
    Fonte: Evangelho Quotidiano

    quinta-feira, 15 de outubro de 2009

    «Um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12, 24)

     

    Tanto Caim como Abel pareciam honrar a Deus de mesma forma através de cultos idênticos, mas na realidade apresentavam as suas oferendas com disposições bem diferentes. As do mais velho pareciam ser apenas um dom e as do mais novo, pelo contrário, davam testemunho da sua reverência e piedade. Daí saíram os sentimentos de inveja [...], que resultaram no assassínio de Abel (Gn 4, 3ss.) [...]
    Vejo no santo Abel a imagem de Cristo. Claro que o Salvador é o Justo por excelência [...] mas, entre todos os homens da antiga aliança, o príncipe da justiça é Abel. [...] Aliás, o próprio Salvador posicionou Abel na frente da linha dos justos quando disse aos Judeus: «Eu vo-lo digo, serão pedidas contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário.» [...]
    Coisa admirável: porque foi o primeiro a combater pela justiça, Abel teve a honra de ser o primeiro a sofrer pela piedade. É verdadeiramente a prefiguração de Cristo, que foi condenado à morte por causa da verdade. O sangue de Abel anuncia o sangue de Cristo: clama da terra (Gn 4, 10). O sangue do Senhor também clama, mas o sangue de Abel era suplicante, enquanto o de Cristo faz a reconciliação com o mundo. [...] É por isso que o apóstolo Paulo, lembrando um e de outro, confessa a superioridade do sangue de Cristo e escreve: «Vós porém aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste, de míriades de anjos, da reunião festiva, da assembleia dos primogénitos inscritos nos céus, do juiz que é o Deus de todos, dos espíritos dos justos que atingiram a perfeição, de Jesus, o Mediador da Nova Aliança e de um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12, 22-24). [...] Sim, este sangue fala, suplica pelos pecadores, intercede pelo mundo. O sangue de Cristo purifica realmente o mundo; o sangue de Cristo é a redenção dos homens.

    Severino de Gabala (?-c. 408), bispo na Síria
    Homilia sobre Caim e Abel (a partir da trad. de Ir. Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 1, p. 35 rev.)

    Fonte: Evangelho Quotidiano

    terça-feira, 13 de outubro de 2009

    «Dai esmola do que possuís, e para vós tudo ficará limpo»

     

    É preciso que não se satisfaçam com dar dinheiro; o dinheiro não é o suficiente, porque pode encontrar-se. É das nossas mãos que os pobres precisam para serem servidos, é dos nossos corações que eles precisam para serem amados. A religião de Cristo é o amor, o contágio do amor.
    Os que podem oferecer-se uma vida fácil têm sem dúvida as suas razões. Podem tê-la obtido pelo seu trabalho; só me encolerizo em face do desperdício, em face dos que deitam para o lixo o que poderia ser-nos útil. A dificuldade é que muitas vezes os ricos, ou mesmo as pessoas abastadas, não sabem verdadeiramente o que são os pobres; é por isso que podemos perdoar-lhes, porque o conhecimento só pode conduzir ao amor, e o amor ao serviço. É porque eles não os conhecem que não são sensibilizados por eles.
    Tento dar aos pobres, por amor, o que os ricos podem obter com o dinheiro. É verdade, não tocaria num leproso por um milhão; mas trato dele voluntariamente por amor a Deus.

    Beata Teresa de Calcutá (1910-1997)

    Fonte: Evangelho Quotidiano