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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O Grande Canon de Santo André, Bispo de Creta,


O Que Deve Ser Sabido Acerca do
Grande Canon de Santo André, Bispo de Creta,


O Grande Canon de Santo André, Bispo de Creta, é o mais longo cânon de todos os nossos Ofícios, e está associado com a Grande Quaresma; pois as únicas vezes que é nomeado para ser lido na igreja, são as quatro primeiras noites da Grande Quaresma: Da Segunda-feira Limpa até à Quinta-feira Limpa durante a celebração do Ofício de Completas (onde o Cânon é cantado por partes); e, na quinta-feira da quinta semana da Grande Quaresma, onde é lido na íntegra, durante o Ofício de Matinas. Nesta ocasião, também se lê a vida de Santa Maria do Egito.
 
Não há outro hino sagrado que possa ser comparado com esta obra monumental, que Santo André escreveu para suas meditações pessoais. Nada mais tem sua extensa tipologia e explicações místicas das Escrituras, tanto do Velho como do Novo Testamento. Pode-se, quase considerar este hino como um "exame do Antigo e do Novo Testamento". Seus outros traços distintivos são um espírito de triste humildade, esperança em Deus e de complexas e belas Doxologias Trinitárias e hinos à Theotókos em cada Ode.
 
O cânon é um diálogo entre São André e sua alma. O tema em curso é uma urgente exortação para mudar a própria vida. Santo André sempre menciona sua própria pecaminosidade colocada em justaposição à misericórdia de Deus, e usa literalmente centenas de referências e bons e maus exemplos do Antigo e do Novo Testamentos para "convencer-se" a se arrepender.
 
Um cânon é um antigo hino litúrgico, com um formato muito rígido. Consiste num número variável de partes, cada uma denominada "ode". Os cânones mais comuns têm oito Odes, numeradas de um a nove, com a Ode 2 sendo omitida. Os cânones mais penitenciais têm todas as nove odes. Alguns cânones têm apenas três Odes, como muitos dos cânones no "Triódion" (que significa "Três Odes").
 
Em qualquer caso, todas as Odes têm o mesmo formato básico. Um "Irmos"[1] começa cada Ode. Isto é geralmente cantado, e cada Irmos tem uma referência a um dos Nove Cânticos Bíblicos”, que são seleções do Velho e Novo Testamento, que podem ser encontradas em um apêndice em qualquer saltério litúrgico completo (como, por exemplo, o Livro dos Salmos, disposto para a leitura nos Ofícios). Um número variável de "troparios" segue, que são hinos curtos sobre o assunto do cânone. Estes tropários são geralmente cantados, mas, também podem ser lidos. Depois de cada Tropárion um "refrão" é cantado. No final de cada Ode, outro hino, chamado de "Katavasia", é cantado, como também pode ser o Irmos inicialmente entoado ou qualquer outro hino semelhante.
 
O Tropárion do Grande Canon em todas as suas doze Odes é geralmente cantado pelo Padre no centro da igreja, com o coro cantando o Irmos e Katavasia. Existem várias tradições sobre as inclinações e prostrações. Alguns se prosternam e alguns fazem o sinal da cruz e três inclinações após o Irmos e a cada Tropárion. 
Temas Gerais do Grande Canon.
 
«Como começar, quando tenho de chorar todas as obras da minha vida? Com que preâmbulo cantarei o meu luto? Mas, na Tua bondade, ó Cristo, concede-me o perdão dos meus pecados.» (Segunda-feira 1.1).
 
«Vem, ó miserável alma, conduz o teu corpo à glorificação do Criador; deixa a tua antiga bestialidade e oferece a Deus as tuas lágrimas de arrependimento.» (Seg: 1.2)
 
«O fim aproxima-se, ó minha alma, ele aproxima-se e tu te descuidas de te preparares. O tempo urge, levanta-te, porque o Juiz está às portas. Como um sonho ou uma flor, a nossa vida se desvanece e nós nos agitamos em vão.» (Seg: 4,2)
 
«Tu És verdadeiramente o Bom Pastor, vem buscar-me, sou Tua ovelha; ó, não desprezes aquela que se extraviou.» Seg: 3.5
 
«Não te tornes numa coluna de sal, voltando-te para trás: teme por ti mesma o exemplo de Sodoma e salva-te subindo para o Senhor.» Quinta 3: 5
 
«Ó minha alma, eu te mostrei todos os modelos do Antigo Testamento: imita as ações dos justos, amigos de Deus e desvia-te do exemplo dos malignos.» Terça Ode 8:6
 
A Coisa Mais Importante De Saber Sobre O Grande Canon.
 
O Grande Canon foi escrito por um homem santo, para ensinar a si mesmo o caminho certo para viver. Não podemos nos beneficiar disto estando na igreja, não estivermos em atenta oração; devemos e ouvi-lo, com um grande desejo e expectativa que a graça de Deus nos ensine e nos cure. Nossa teologia é antes de mais nada - vivida e orada, e não apenas "estudada”.
Extraído do Sítio de Saint Nicholas Orthodox Church
  

Grande Cânon de Santo André de Creta.
Segunda-feira Limpa

Na primeira semana da Grande Quaresma de Páscoa (de segunda-feira à quinta-feira), o Grande Cânon de Santo André de Creta é recitado durante o Ofício das Grandes Completas, logo após o Salmo 69. Os Hirmos são cantados duas vezes no início de cada Ode, bem como no final. Antes de cada tropário, faz-se o sinal da Cruz e três reverências.

Ode 1

Hirmos
Ele É o meu auxílio e a minha fortaleza e a minha salvação: Este É o meu Deus e quero glorificá-Lo; o Deus de meus pais e eu exaltá-Lo-ei, pois Ele revestiu-Se de glória”. (Êxodo 15:2,1; Salmo 117:14)

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Como começar, quando tenho de chorar todas as obras da minha vida? Com que preâmbulo cantarei o meu luto? Mas, na Tua bondade, ó Cristo, concede-me o perdão dos meus pecados.

Vem, ó miserável alma, conduz o teu corpo à glorificação do Criador; deixa a tua antiga bestialidade e oferece a Deus as tuas lágrimas de arrependimento.

De Adão, o primeiro a ser criado, me tornei rival por causa das minhas transgressões. Sei que estou despojado de Deus, da felicidade e do reino infinito, por causa do meu pecado. (Gênesis 3)

Ai, minha pobre alma, por que imitaste a primeira Eva? O teu olhar foi mau e, seduzida amargamente, tu tocaste na árvore e provaste o fruto e a amargura do pecado.

Em vez da Eva de outrora, uma Eva espiritual surgiu em mim: é um pensamento de inclinação carnal planejando volúpias e saboreando incessantemente a amargura do pecado.

É justo ó meu Salvador, que Adão, por uma só transgressão, tenha sido expulso do Paraíso. Quanto a mim, qual será o meu castigo, eu que sem cessar rejeitei o Teu Verbo vivificante? (Hebreus 12: 25; Gênesis 3:23)

Coro
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Trindade Supraessencial, em unidade adorada, retira de mim o pesado jugo do pecado, e em Tua compaixão, concede-me lágrimas de compunção.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Mãe de Deus, esperança e proteção daqueles que Te cantam, alivia o peso e o fardo dos meus pecados; Santíssima Senhora, acolhas-me, transformado pelo arrependimento.

Hirmos
Ele É o meu auxílio e a minha fortaleza e a minha salvação: Este É o meu Deus e quero glorificá-Lo; o Deus de meus pais e eu exaltá-Lo-ei, pois Ele revestiu-Se de glória”. (Êxodo 15:2,1; Salmo 117:14)


Ode 2

Hirmos
Escutai, oh, Céus, a minha voz, e eu falarei! E cantarei de Cristo, o Qual, em carne herdada da Virgem, veio habitar entre nós.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Escutai, oh, Céus e falarei! Oh, terra, dai ouvidos à voz que, arrependida, se ergue a Deus e Lhe entoa louvores.

Atende-me, ó Deus meu Salvador, volta para mim o Teu olhar compassivo e acolhe a minha ardente confissão. (Provérbios 15: 3; Salmo 33: 15)

Mais que qualquer homem, contra Ti somente eu pequei, Senhor; porém, compadece-Te, Deus Salvador, da obra de Tuas mãos. (I Timóteo 1: 15)

Em meu amor pelos desejos carnais e à torpeza das minhas paixões, deformei a beleza do meu espírito.
Uma tempestade de paixões me rodeia: dá-me a mão, Senhor, como a Pedro sobre as ondas. (Mateus 14:31)

Arrastei na lama a túnica da minha carne, ó meu Salvador, maculando a Tua imagem e semelhança.
Tenho obscurecido a formosura da minha alma com os prazeres carnais, e transformei o meu espírito em lamaçal.

Rasguei o traje que o Criador, no princípio, para mim tecera, e eis-me, agora, prostrado e desnudo. (Gênesis 3: 21)

Revesti-me da túnica esfarrapada que astuciosamente a serpente me teceu, e estou envergonhado. (Gênesis 3:4-5)

Ó Cristo, eu Te oferto as lágrimas da Prostituta. Sê compassivo, ó Salvador, tem piedade de mim. (Lucas 7: 38; 18: 13)
Ao ver a beleza da árvore, e o meu espírito ficou seduzido: doravante estou nu e envergonhado. (Gn. 3; 7)

Todos os demônios das principais paixões me têm golpeado e marcado as costas, perpetuando suas tiranias sobre mim. (Sl 128: 3)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Eu canto a Ti, o Deus de todos, Único em Três Pessoas, Pai, Filho e Espirito Santo.
Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Imaculada Mãe de Deus, Virgem digna de todo louvor, interceda fervorosamente pela nossa salvação.

Hirmos
Escutai, oh, Céus, a minha voz, e eu falarei! E cantarei de Cristo, o Qual, em carne herdada da Virgem, veio habitar entre nós.



Ode 3

Hirmos
Consolida, ó Cristo, a Tua Igreja, sobre a rocha inabalável dos Teus mandamentos.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Na antiga terra de Sodoma, alma minha, o Senhor fez chover fogo Divino. (Gênesis 19:24)

Foge para a montanha, como Ló, ó minha alma, busca em Zoar socorro oportuno. (Gênesis 19:22)
Ó minha alma, foge do braseiro, foge do incêndio de Sodoma, foge do fogo divino vingador. (Dt. 4:24; Hb 12: 29)

Contra Ti somente eu pequei, mais que todos eu fraquejei: ó Cristo Salvador, não me rejeites.
Tu És verdadeiramente o Bom Pastor, vem buscar-me, sou Tua ovelha; ó, não desprezes aquela que se extraviou. (João 10: 11-14)
Tu És o meu doce Jesus, Tu És o meu Criador, em Ti, ó Salvador, serei justificado.
Eu confesso, ó meu Salvador: pequei continuamente contra Ti: mas na Tua bondade apaga o meu pecado.

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Ó Divina e Indivisível Trindade, salva-nos das desilusões, das tentações e das circunstâncias que nos afligem.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Rejubila-te, ó Seio portador de Deus, rejubila-te, ó Trono do Senhor, rejubila-te, ó Mãe da nossa Vida.

Hirmos
Consolida, ó Cristo, a Tua Igreja, sobre a rocha inabalável dos Teus mandamentos.


Ode 4 Modo 8

Hirmos
Senhor, o Profeta, conhecendo a Tua vinda, ficou estupefato, pois, Tu quiseste nascer duma Virgem e mostrar-Te entre os homens, e disse: Ouvi a Tua voz e temo profundamente: Senhor, glória ao Teu poder. (Habacuc 3: 2)

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Não abandone a obra de Tuas mãos, não desprezes a Tua criatura, Justo Juiz e Amigo do Homem, apesar de eu ter pecado mais que qualquer um; contudo, como Senhor do Universo, tens o poder de perdoar os pecados. (Mc 2:10)

O fim aproxima-se, ó minha alma, ele aproxima-se e tu te descuidas de te preparares. O tempo urge, levanta-te, porque o Juiz está às portas. Como um sonho ou uma flor, a nossa vida se desvanece e nós nos agitamos em vão. (Mateus 24:33; Salmo 38:7)
Desperta, ó minha alma e medita nos atos da tua vida: verte as tuas lágrimas contemplando o teu passado: Confessa a Cristo as tuas ações, os teus pensamentos secretos e serás justificada.

Ó Salvador, não há nesta vida pecado ou má ação que eu não tenha cometido em palavra, em intenção, deliberadamente, em pensamentos ou em atos, mais que qualquer outro em todos os tempos.

Da minha própria consciência vem a minha condenação e também o julgamento: Tu que me sondas e me conheces, Salvador, poupa-me e salva o Teu servo.

A escada que outrora o grande Patriarca Jacó contemplou é um exemplo, ó minha alma, da subida por meio das ações e da ascensão pela via da Sabedoria. E, se tu, ó minha alma, queres viver em ações, sabedoria e contemplação, renova-te. (Gn 28: 12; Rm 12:2; Tito 3: 5)

Para obter as suas duas esposas, Jacó suportou o calor do dia e o frio da noite, perseverando todos os dias em árduo trabalho, aumentando a cada dia, com astúcia, o seu rebanho. (Gênesis 29: 16-30; 31: 40)

Estas duas esposas devem ser entendidas como sendo a ação e a sabedoria pela contemplação: Lia é a ação, pois ela tem muitos filhos; e Raquel, o conhecimento que se adquire pelo esforço; e, ambas, são frutos de grande labor, pois, sem esforço, ó alma minha, nem a ação e nem a sabedoria terão êxito. (Gênesis 29: 16-30; 31: 40)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Eu Te confesso, ó Trindade Divina como indivisível em Essência e inconfundível nas Pessoas, Co-entronizadas e Co-reinantes; e por isto o Trisagion dos Anjos ressoa pela minha voz.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Ó Virgem, Tu deste à luz e Virgem permaneceste, pois, o Teu seio virginal trouxe ao mundo Aquele que renova as leis da natureza, por isto, sem dores foi o teu parto: Quando Deus quer, Ele transforma as leis naturais, conforme a Sua vontade.

Hirmos
Senhor, o Profeta, conhecendo a Tua vinda, ficou estupefato, pois Tu quiseste nascer duma Virgem e mostrar-Te entre os homens, e disse: Ouvi a Tua voz e temo profundamente: Senhor, glória ao Teu poder. (Habacuc 3: 2)


Ode 5

Hirmos
À noite vigio diante de Ti, Senhor Amigo dos homens: eu Te rogo, ilumina-me, conduz-me na via dos Teus mandamentos e ensina-me, Deus Salvador, a fazer a Tua vontade.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Na noite se dissipou a minha vida, e a noite do pecado tem sido para mim uma neblina espessa e obscura: ó Salvador, ilumina-me, para que eu me torne um filho da luz. (Efésios 5:8)

Tal como Ruben, miserável que sou, cometi a iniquidade, menosprezando o Deus Altíssimo, manchando o meu leito como aquele manchou o do seu pai. (Gênesis 35: 22; 49: 3-4)

Eu me confesso diante de Ti, ó Cristo, meu Rei: Eu pequei como os irmãos de José, que outrora venderam o fruto da sabedoria e da pureza. (Gênesis 37: 26-27)

Pelos seus próprios irmãos foi entregue o justo José, esta doce alma, ícone do Senhor, foi vendida à escravidão e o amável mancebo foi reduzido à escravidão. E tu, ó minha alma, te vendeste aos teus vícios. (Gênesis 37:28)

Segue o caminho de José, alma miserável e sem valor: imita a justiça e a pureza do seu coração, em vez de te entregares ao delírio das paixões, em constante transgressão. (Gênesis 39: 7-23)

José desceu, outrora, ao fosso, ó Mestre Soberano, ícone da Tua Deposição no túmulo e da Tua santa Ressurreição. Quanto a mim, posso Te oferecer algo semelhante? (Gênesis 37)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Nós Te glorificamos, ó Trindade, nós Te glorificamos como Um Só Deus: Santo, Santo, Santo És, ó Pai, Filho e Espírito Santo, Existência indivisível, Consubstancialidade eternamente adorada.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Ó Virgem Puríssima e Santa Mãe de Deus, o Divino Criador do mundo e dos séculos, tomou de Ti a nossa carne para se unir inteiramente à natureza humana.

Hirmos
À noite vigio diante de Ti, Senhor Amigo dos homens: Eu Te rogo, ilumina-me, conduz-me na via dos Teus mandamentos e ensina-me, Deus Salvador, a fazer a Tua vontade.


Ode 6

Hirmos
Clamei de todo o meu coração ao Deus misericordioso, e Ele escutou o meu apelo das profundezas do Inferno e resgatou a minha vida da corrupção.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Em sinceridade Te ofereço, ó Salvador, as lágrimas dos meus olhos, os meus gemidos profundos e o grito do meu coração, que clama: Eu pequei, perdoa-me. (Lc 18:13)

Tu tens te rebelado contra o Senhor, ó alma minha, como Datan e Abiran; mas clama-Lhe de todo o coração: Senhor, poupa-me e que a terra não se abra para me engolir! (Números 16: 27-33)

Como bezerra aguilhoada à loucura, tu te assemelhas a Efraim, alma minha. Mas, como uma gazela, livra-te das armadilhas pelas boas obras, perseverança e contemplação. (Oseas 4: 16)

Que a mão de Moisés sirva de testemunha, ó minha alma, de que Deus pode branquear e purificar a lepra da nossa vida. Por isto, não te desesperes se te encontras leprosa. (Êxodo 4: 6-8)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Eu Sou Trindade Una e indivisível, distinta em Três Pessoas; Eu Sou Unidade, Unidade em Natureza, diz o Pai e o Filho e o Espírito Santo.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
O Teu seio gerou a Deus que, por nossa causa, assumiu a nossa forma. Ó Mãe de Deus, suplica ao Criador de tudo, a fim de que, pelas Tuas orações, sejamos justificados.

Kondákion Modo 6
Desperta-te, por que dormes, ó minha alma, por que dormes assim? Pois eis que o fim se aproxima e tu serás envergonhada. Vigia então, ó minha alma, para que Cristo nosso Deus te poupe, Ele que está em toda parte, e a tudo plenifica.

Hirmos
Clamei de todo o meu coração ao Deus misericordioso, e Ele escutou o meu apelo das profundezas do Inferno e resgatou a minha vida da corrupção.


Ode 7

Hirmos
Nós cometemos o pecado, a iniquidade e a injustiça diante de Ti e não guardamos nem pusemos em prática os Teus mandamentos: não nos rejeites até o fim, Senhor, Deus de nossos pais.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Tropários
Eu pequei, transgredi e desprezei os Teus mandamentos; e insistindo em meu pecado, tenho mais feridas em minhas chagas, porém, em Tua compaixão, apieda-Te de mim, ó Deus de nossos pais.

Diante de Ti, meu Juiz, confessei os segredos do meu coração; vê a minha dor e a minha humilhação, sê atento no meu julgamento e dá-me a graça da Tua bondade, Senhor, Deus de nossos pais.

Eu Te confesso, ó meu Juiz, os segredos do meu coração. Vê minha humilhação e aflição e atenta para o meu julgamento; e por Tua compaixão, tem piedade de mim, ó Deus de nossos pais.

Outrora, quando outrora Saul perdeu as jumentas de seu pai, ao obter delas notícias, acidentalmente, encontrou um reino; e tu, ó minha alma, sê vigilante e não te esqueças deste fato, a não ser que prefiras os teus desejos bestiais ao Reino de Cristo. I Reis (I Samuel) 10: 2

Se Davi pecou duplamente, ele, o antepassado do Senhor, deixando-se trespassar pela flecha do desejo e usando a espada homicida, tu mesma, ó minha alma, sofres mais ainda o peso das tuas paixões. 2 Reis (2 Samuel) 11; 12:1-23

Se Davi, o pai de nosso Divino Senhor, no passado, ao pecar duplamente, ficou traspassado pela flecha do adultério e ferido pela lança do remorso por cometer assassinato; tu tens, Ó alma minha, volúpias e desejos ainda mais graves do que estes fatos. 2 Reis (2 Samuel) 11 – 12:23

Davi compôs, outrora, em hino, a imagem do seu arrependimento, acusando-se publicamente das suas ações e dizendo: Tem piedade de mim, Deus de nossos Pais, contra Ti somente eu pequei, purifica-me na Tua bondade. Salmo 50(51)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Trindade Una e Indivisa, Unidade Consubstancial, Luz de três raios, Fonte Única e Santidade Tripla: Canta e glorifica, ó minha alma, Àquele que É a Origem da vida e Deus de todos.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Nós te cantamos, nós te bendizemos e nós te veneramos, ó Mãe de Deus, pois tu deste à luz a Um da inseparável Trindade, ao Unigênito Filho de Deus, entreabrindo o Céu para nós na Terra.

Hirmos
Nós cometemos o pecado, a iniquidade e a injustiça diante de Ti e não guardamos nem pusemos em prática os Teus mandamentos: não nos rejeites até o fim, Senhor, Deus de nossos pais.


Ode 8

Hirmos
Aquele que É glorificado por todos os Anjos, diante de Quem tremem os Querubins e os Serafins, que Ele seja cantado, bendito e exaltado por todo o que vive e respira e por toda a criação, por todos os séculos.

Tropários
Eu pequei: tem piedade, Salvador, conduz a minha alma à conversão, acolhe o meu arrependimento e concede-me a graça que a Ti clamo: Contra Ti, somente, eu pequei, tem piedade de mim.

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim.

Elias, subindo no carro de fogo, foi arrebatado nas asas das virtudes da terra ao Céu. Contempla, ó minha alma, a sua ascensão. 4 Reis (2 Reis) 2:11

Eliseu, recebendo outrora o manto de Elias, obteve duplamente graça da parte do Senhor; mas tu, pobre alma, estás longe desta graça por causa de tua incontinência. 4 Reis (2 reis) 2:9

Outrora o curso do Jordão foi suspenso por Eliseu, que o dividiu em dois golpeando-o com o manto de Elias, mas tu, pobre alma, estás longe desta graça por causa de tua incontinência. 4 Reis (2 reis) 2:14

A Sunamita, na sua bondade, ofereceu hospitalidade ao justo Eliseu, mas tu, ó minha alma, não acolheste o estrangeiro, o peregrino e chorarás, então, longe da câmara do Esposo. 4 Reis (2 reis) 4:8

Alma miserável, tu sempre imitaste a baixeza de Geazi; purifica-te, pelo menos no fim dos teus dias, do teu amor ao dinheiro. Foge do fogo da Geena deixando de lado teus maus hábitos.

Coro
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

À Trindade
Pai Eterno, Filho Co-Eterno, Consolador Bondoso, Espírito da Verdade. Pai do Verbo Divino, Verbo do Pai Eterno, Espírito Vivificante e Criador, Trindade Una: Tem piedade de nós!

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
No Teu sangue o Emanuel foi revestido como de régia púrpura, ó Virgem Puríssima; e nós te honramos, pois, como verdadeira Mãe de Deus.


Ode 9

Hirmos
Inefavelmente e sem semente concebeu a Inesposada Mãe. Deus encarna virginalmente e renova as leis da natureza. E segundo a verdadeira Fé, ó Mãe e Esposa de Deus, nós Te glorificamos de geração em geração.

Tropários
A mente está ferida, o corpo debilitado e o espírito enfermo; a palavra perdeu a sua força, a vida se esvai e o fim se aproxima. Pobre alma, que farás quando vier o Juiz desvelar as tuas ações secretas?

Responso
Tem piedade de mim, ó Deus, Tem piedade de mim.

Dispus à tua frente os escritos de Moisés relativos à gênese do universo e todas as suas exortações, e todas Canônicas Escrituras que narram a história dos justos e dos ímpios. Mas, tu, ó alma minha, imitaste estes últimos e não os primeiros, pois pecaste sem cessar contra Deus.

A Lei fica sem efeito, o Evangelho sem frutos, toda a Escritura é por ti ignorada; os Profetas e todas palavras dos justos não mais te influenciam; as tuas chagas, ó minha alma, agravaram-se, pois já não tens médico que as possa curar.

No Novo Testamento te ofereço exemplos, convidando-te, ó minha alma, à compunção. Inspira-te nos homens justos, afasta-te dos pecadores e suscita a graça de Cristo pelo jejum, a oração e a pureza e devoção.

Cristo encarnou e chamou ao arrependimento as cortesãs e os malfeitores. Faz penitência, ó minha alma, pois já a porta do reino está entreaberta, e nós somos nele antecipados pelos fariseus convertidos, os publicanos e as pecadoras arrependidas. (Mateus 21: 31; 11: 12)

Cristo Se fez homem e uniu-Se à minha natureza para realizar voluntariamente toda a condição humana, à exceção do pecado: Ele te mostra, ó minha alma, o exemplo e a imagem da Sua condescendência. (Mt 1: 25)

Cristo salvou os Magos e reuniu os Pastores; chamou ao martírio a uma multidão de Crianças inocentes; glorificou a um Ancião e à uma Viúva envelhecida. Aos atos e às vidas destes, ó minha alma, tu não tens imitado. Por isto, ai de ti, que terás de passar pelo Juízo! (Mateus 2: 12; Lucas 2: 9-12; Mateus 2: 16; Lucas 2: 25-38)

O Senhor, tendo jejuado quarenta dias no deserto, finalmente teve fome, revelando, assim, Sua humanidade. Ó minha alma, não te desencorajes por causa dos assaltos do Inimigo, mas, afugenta-o pelo jejum e pela oração. (Mt 4: 1-11; 17: 21; Mc 9: 29)

Coro
Glória ao Pai
e ao Filho e ao Espírito Santo....

À Trindade
Glorifiquemos ao Pai e exaltemos ao Filho e fielmente adoremos ao Divino Espírito, Trindade Indivisível, Una em Essência tal qual Luz das Luzes, a Vida das Vidas, que vivifica e ilumina os confins da Terra.

Agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotókion
Santíssima Mãe de Deus, guarda sob a tua proteção o povo cristão, que partilha realmente o Teu poder soberano e vence, graças a Ti, os assaltos do Inimigo e toda a tentação.

 Tropárion de Santo André, de Creta
Venerável Pai André, Pai três vezes bem-aventurado, Pastor de Creta: ora instantemente a Deus por todos os que te louvam, para serem libertos de todo o pensamento tenebroso, da aflição e do pecado, a todos nós que veneram a tua memória.

Responso
Venerável Pai André, ora a Deus por nós.

Hirmos
Inefavelmente e sem semente concebeu a Inesposada Mãe. Deus encarna virginalmente e renova as leis da natureza. E segundo a verdadeira Fé, ó Mãe e Esposa de Deus, nós Te glorificamos de geração em geração.

†††

[1] Irmos (do grego είρμός, “cadeia”, “ligação”, “continuação”, “elo”; plural είρμόςι). Um título aplicado à estância de abertura de cada ode do cânon. Nos livros litúrgicos, o Irmos designa o primeiro tropário de cada uma das odes de um cânon. O Irmos possui uma função musical: é o modelo de ritmo e de canto para a execução dos tropários que o seguem. O papel do Irmos é também textual: por seu conteúdo, ele une o tema da ode bíblica com o da festa celebrada nos tropários.

Quaresma, Viagem Para A Páscoa


Pe. Alexander Schmemann.

Quando um homem parte em viagem, deve saber onde vai. Da mesma forma com a Quaresma. Antes de tudo, a Quaresma é uma viagem espiritual e seu destino é a Páscoa, a “festa das festas”É a preparação, a “realização da páscoa figurativa, verdadeira revelação”. Devemos então começar a compreender esta relação entre Quaresma e Páscoa, pois ela revela algo de muito essencial, crucial, no tocante a nossa fé e a nossa vida cristã.

É necessário explicar que a páscoa é muito mais do que a festa entre as festas, muito mais do que a comemoração anual de um acontecimento passado. Quem quer que tenha participado, ainda que uma única vez, desta noite “mais luminosa do que o dia”, quem quer que tenha provado esta alegria única sabe-o bem. Mas de onde vem esta alegria? E por que podemos cantar, como fazemos na liturgia pascal:

“ Hoje, todas as coisas estão repletas de luz, o céu, a terra e os infernos”?

Em que sentido celebramos, como pretendemos celebrar, “a morte da morte, a destruição do inferno, o inicio de uma vida nova e eterna”? A todas estas perguntas, a resposta é a seguinte: A vida nova que, há mais de 2000 anos, jorrou do túmulo, foi dada a nós, a todos nós que cremos em Cristo. E ela nos foi dada no dia do nosso batismo, onde, como diz São Paulo:

“Fomos sepultados com Cristo na morte; para que como Cristo ressuscitou dos mortos, assim andemos nós também em novidade de vida” (Romanos 6,4)

Assim, celebramos na páscoa a ressurreição de Cristo como algo que aconteceu e que ainda nos acontece. Pois cada um de nós recebeu o dom desta vida nova a faculdade de acolhe-la e vive-la. É um dom que muda radicalmente nossa atitude em relação a todas as coisas deste mundo, inclusive a morte, e que nos dá o poder de afirmar alegremente: “ a morte não existe mais!”

Certamente a morte ainda está por aí, nós ainda a enfrentamos e um dia ela virá nos buscar. Porem aí reside toda a nossa fé: Por sua própria morte, Cristo mudou a natureza da morte, fez dela uma passagem, uma páscoa, uma “pasha” para o Reino de Deus, transformando a tragédia das tragédias em vitória suprema.

“Esmagando a morte pela morte, ele nos tornou participantes de sua ressurreição”

E é por isso que no fim das matinas de Páscoa dizemos:

“ Cristo ressuscitou, e eis a vida que governa! Cristo ressuscitou, e nenhum morto permaneceu no tumulo.”

Esta é a fé da Igreja, afirmada e tornada evidente por seus inumeráveis santos.

E, entretanto, será que não provamos diariamente que esta fé é raramente a nossa, sempre perdemos e traímos a vida nova que recebemos como dom e que na verdade, vivemos como se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos, como se este acontecimento único não tivesse o menor significado para nós? Tudo isso por causa de nossa fraqueza, por causa de nossa impossibilidade de viver constantemente na fé, de esperança e caridade, no nível a que Cristo nos elevou quando disse:

“Buscai antes de tudo o Reino de Deus e a sua Justiça”.

Nós simplesmente esquecemos, de tanto que estamos ocupados, imersos em nossas ocupações cotidianas e, porque esquecemos, sucumbimos. E por esse esquecimento, esta queda e este pecado, nossa vida volta a ser “velha”, mesquinha, escurecida e finalmente desprovida de sentido; uma viagem desprovida de sentido em direção a um fim sem significado. Fazemos tudo para esquecer a própria morte, e eis que de repente, no meio de nossa vida tão agradável, ela está lá diante de nós, horrível, inevitável, absurda. Até podemos, de vez em quando, reconhecer e confessar nossos diversos pecados, mas sem por isso relacionar nossa vida àquela vida nova de Cristo nos revela e nos deu. Na verdade, vivemos como se Ele jamais tivesse vindo. Este é o único verdadeiro pecado, o pecado de todos os pecados, a tristeza insondável e a tragédia de nosso Cristianismo, que só o é de nome. Se tomamos consciência disto, então podemos compreender o que a realidade da Páscoa recobre e porque ela necessita e pressupõe a Quaresma.

Pois então podemos compreender que as tradições litúrgicas da Igreja, todos seus ciclos e ofícios, são feitos antes de tudo para nos ajudar a recobrar a visão e o gosto desta vida nova, que perdemos e traímos tão facilmente, e assim poderemos nos arrepender e voltar a esta vida. Como poderíamos amar e desejar algo que não conhecêssemos? Como colocar acima de tudo, em nossa vida, algo que não vimos e não provamos? Em suma, como poderíamos procurar um Reino de que não tivéssemos a menor ideia? É a liturgia da Igreja que, desde o começo e ainda hoje, nos introduz, nos faz comungar a vida nova do Reino. É através de sua vida litúrgica que a Igreja nos revela algo daquilo que “o ouvido não ouviu, o olho não viu e que não subiu ao coração do homem, mas que Deus preparou para aqueles que O amam”. E no centro desta vida litúrgica, como seu coração e seu ápice, como o sol cujos raios penetram por toda a parte, encontra-se a Páscoa. É a porta aberta a cada ano ao esplendor do Reino de Cristo, a antecipação do júbilo eterno que nos espera, a glória da vitória que – desde já – ainda que invisivelmente, preenche toda oração: “a morte não mais existe!”

Toda a liturgia da Igreja é ordenada ao redor da Páscoa, e, assim, o ano litúrgico, isto é, a sucessão de estações e festas, torna-se uma viagem, uma peregrinação para a Páscoa, para o “Fim” que é ao mesmo tempo o “Começo”: fim do que é velho, começo da vida nova, uma “passagem” constante “deste mundo” para o Reino já revelado em Cristo.

E, entretanto, a vida “velha”, a vida do pecado e da mesquinharia, não é facilmente vencida e transformada. O evangelho espera e exige do homem um esforço de que ele é, em seu estado atual, virtualmente incapaz. Somos colocados perante um objetivo, um modelo de vida que estão tão além de nossas possibilidades! Os próprios apóstolos, quando ouviram os ensinamentos do seu Senhor, perguntaram- lhe, desesperados: “como isso é possível?”

Não é fácil realmente, rejeitar um ideal mesquinho de vida, perto de preocupações cotidianas, de busca de bens materiais, de segurança e prazer, por um ideal de vida cujo objetivo exclui tudo que está aquém da perfeição:

“Sê perfeito como vosso Pai Celeste é perfeito.”

Este mundo diz por todos os seus meios de comunicação:

“Sejam felizes, não se preocupem, tomem a via larga”.

Ora, Cristo diz no evangelho:

“Escolhei a via estreita, combatei e sofrei, pois é o caminho da única felicidade verdadeira”.

Sem o socorro da igreja, como podemos fazer esta escolha terrível, como podemos nos arrepender e retornar à gloriosa promessa que nos é dada a cada ano na Páscoa? É aqui que intervém a Quaresma. É o socorro que nos oferece a Igreja, escola de arrependimento que, somente ela, nos tornará possível acolher a Páscoa, não como uma simples permissão de comer, beber e se divertir, mas verdadeiramente como um fim daquilo que é “velho” em nós, como nossa entrada no “novo”.

Na Igreja primitiva, o principal objetivo da Quaresma era preparar ao batismo os catecúmenos, isto é, os cristãos recém-convertidos, em um tempo em que o batismo era ministrado durante a liturgia pascal. Entretanto, mesmo quando a Igreja não batizava mais adultos e a instituição do catecumenato tinha desaparecido, o sentido da quaresma permaneceu o mesmo. Pois, apesar de sermos batizados, o que perdemos e traímos constantemente é precisamente o que recebemos no batismo.

É por isso que a Páscoa é nosso retorno anual ao nosso próprio batismo, enquanto que a Quaresma é a preparação a este retorno, o esforço lento e resistente para, finalmente, realizar a nossa própria “passagem” ou “páscoa” na nova Vida em Cristo.

E se, como veremos, a liturgia da Quaresma conserva ainda hoje o seu caráter catequético e batismal, não é como um resto arqueológico do passado, mas como algo de valioso e essencial para nós. Pois, a cada ano, a Quaresma e a Páscoa nos fazem redescobrir uma vez mais e recobrar aquilo que a passagem batismal através da morte e da ressurreição havia operado em nós.

Uma viagem. Uma peregrinação.
E, ao empreendê-la, já desde o primeiro passo na “radiosa tristeza” da Quaresma, percebemos ao longe, bem longe, o destino: a alegria da Páscoa, a entrada na glória do Reino. E esta visão, o gosto antecipado da Páscoa, que torna radiosa a tristeza da Quaresma e faz de nosso esforço na Quaresma “primavera espiritual”.

A noite pode ser longa e sombria; mas, ao longo do caminho, uma aurora misteriosa e luminosa desponta no horizonte.

“Não desaponte nossa espera, ó Amigo do Homem!”

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