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segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Milagre do Fogo Sagrado






Onde E Quando É Que O Milagre Acontecer?

O Fogo Sagrado, o milagre mais famoso no mundo Ortodoxo e que extasia a alma dos cristãos, ocorre ininterruptamente todos os anos, desde o século IV, em Jerusalém, na Igreja da Ressurreição - também conhecida como Igreja do Santo Sepulcro (pois é nela que fica o Túmulo onde o Senhor Jesus Cristo fora enterrado e ressuscitou ao terceiro dia), por ocasião da celebração Ortodoxa da Páscoa, no grande Sábado Santo.

Capela do Santo Sepulcro
A Páscoa Ortodoxa, na maioria das vezes, difere das celebrações pascais das Igrejas Católicas Romanas, Anglicanas e Protestantes, uma vez que estas, adotaram o Calendário Gregoriano, estabelecido pelo Papa Gregório XIII, no século XVI (1582), enquanto as Igrejas Ortodoxas permaneceram fiéis aos critérios estabelecidos pelo I Concílio Ecumênico, realizado em 325 dC.

No entanto, conforme decisão tomada Assembleia dos Bispos Católicos da Terra Santa em 15 de outubro de 2012, excepcionalmente na Palestina (com exceção de Jerusalém e Belém que seguirão o Calendário Gregoriano a fim de respeitar os vínculos impostos na Cidade Santa pelo sistema do status quo, que regulariza a convivência entre as diferentes Igrejas cristãs nos Lugares Santos), a Igreja Católica Romana passou a adotar o Calendário Ortodoxo para a celebração da Páscoa.

As Medidas Para Afastar a Hipótese de Fraude

No Grande Sábado Santo, por volta das 13h, Autoridades Israelenses se dirigem para a Basílica da Ressurreição, passam em meio da incontável multidão de peregrinos que se acotovelam do lado de fora da Igreja desde a tarde da Sexta-feira, em ansiosa expectativa do momento do milagre, e adentram na Basílica. Então, as Autoridades Judaicas selam o Túmulo com cera. No entanto, antes de por o selo, a Polícia Técnica de Israel realiza uma vistoria na intenção de encontrar alguma fonte oculta de fogo.


Como Ocorre O Milagre

Patriarca Deodoro
“Eu entro na tumba e me ajoelho em santo temor em frente ao lugar onde Cristo esteve depois de sua morte e onde Ele ressuscitou dentre os mortos ..." (narra o Patriarca Ortodoxo Deodoro). “Eu caminho em meio a escuridão rumo à câmara interna na qual eu me posto de joelhos. Aí eu faço algumas orações que nos foram transmitidas através dos séculos, e ao conclui-las, fico em espera. Às vezes espero alguns minutos, mas, geralmente, o milagre acontece imediatamente após o término das orações. Do centro da Pedra onde Jesus esteve, brota uma luz indescritível. Geralmente é de uma coloração azul, mas a cor pode mudar e apresentar várias matizes diferentes. Eu não sei como descreve-la em termos humanos.

A luz  que se levanta da pedra é como a névoa que se ergue de um lago; parece que a pedra está coberta por uma nuvem úmida, mas é luz. Esta luz a cada ano se comporta de forma diferente. Às vezes ele cobre apenas a pedra, outras vezes ela ilumina o sepulcro inteiro, de tal maneira que as pessoas que estão do lado de fora do túmulo conseguem enxergar o seu interior. O fogo não queima. Eu nunca tive a minha barba queimada em todos os 16 anos que estive recebendo o Fogo Sagrado como Patriarca de Jerusalém.

A luz é de uma consistência diferente da tocha normal que arde em uma lamparina de óleo ... A certa altura, a luz se  ergue, formando uma coluna na qual o fogo é de natureza diferente, e é deste fogo que acendo as minhas velas. Depois que as acendo, saio e compartilho o fogo - primeiramente com o Patriarca Armênio e depois com o Patriarca Copta. A partir daí é que então distribuo a chama para as demais pessoas presentes na Igreja. "

Enquanto o Patriarca permanece ajoelhado em frente a pedra dentro da capela, a Igreja está em completa escuridão: um silêncio profundo e uma expectativa igualmente tensa tomam conta do povo. Mas, quando o Patriarca sai com as duas velas acesas reluzindo na escuridão, um grito intenso de júbilo ressoa na Igreja.

O Fogo Sagrado não é apenas distribuído pelo Patriarca. Às vezes, uma luz de uma coloração completamente diferente da luz natural, sai como um relâmpago do Santo Sepulcro, circunda a Capela do Santo Sepulcro, acendendo os candelabros que estão postos na sua frente, os quais, até então, permaneciam apagados. A luz gira de um lado para o outro da Igreja e percorre algumas das capelas no interior da igreja, como por exemplo, a capela do Calvário (situada um nível superior à do Santo Sepulcro), onde a Luz Santa circula e acende as pequenas lâmpadas que nelas estão.

A Luz também acende as velas de certos peregrinos. Na verdade, existem alguns peregrinos muito piedosos que, cada vez que assistem a esta cerimónia, notam que suas velas acendem por si próprias.


Uma Peculiaridade Digna de Nota

Patriarca Theóphilo
Atual Patriarca de Jerusalém
Apesar do risco de atrair o repúdio e a incompreensão dos demais cristãos, existem uma peculiaridade que não podemos omitir. É que o milagre ocorre somente pela oração de um Patriarca Ortodoxo. No passado, algumas tentativas frustradas de chefes de Igrejas não-ortodoxas foram registradas. Estas Igrejas, usando de coerção de política de Estado, impediram o Patriarca Ortodoxo de realizar a cerimônia, sendo designado bispos não-ortodoxos para a conduzir. Mas, devido aos vexames sofridos, estas iniciativas cessaram por completo.


Origem Histórica

Os primeiros relatos do Fogo Sagrado remontam ao século IV; no entanto, alguns autores afirmam existirem registros de sua ocorrência desde o primeiro século. Dentre estes, estão os de São João Damasceno e de São Gregória de Nissa que relatam como o apóstolo Pedro viu a Santa Luz no Santo Sepulcro após a ressurreição de Cristo.


Oposição Crítica e Suspeitas de Fraudes

Alguns acadêmicos, movidos por ceticismo ou disputa religiosa, levantaram, a princípio, que o fato não se tratava de truque barato instrumentalizado pela propaganda Ortodoxa.

Contudo, suas críticas foram perdendo força e credibilidade a partir de alguns dados incontestes:

As muitas narrativas de pessoas idôneas de diversas origens sociais que afirmam testemunhar do milagre - não somente dentro do Santo Sepulcro - mas também de terem suas próprias velas acesas espontaneamente;

O testemunho multissecular do milagre;

A perícia técnica realizada sistematicamente pelo Estado Judeu;

A falta de Contestação e até anuência da parte de Confissões “Rivais" à Igreja Ortodoxa e de um número sem fim de cristãos das mais diversas igrejas que comparecem para averiguar o milagre, até mesmo de alguns muçulmanos.


Fonte: Holy Fire
Adaptação: Padre Mateus (Antonio Eça)


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