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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Carta da Santa Comunidade do Monte Athos ao Patriarca Bartolomeu

Carta da Santa Comunidade do Monte Athos ao Patriarca Bartolomeu sobre a visita do Papa de Roma a Constantinopla, em novembro de 2014.






"Santo Padre,

Nós nos dirigimos a Vossa Santidade nas vésperas de um novo ano da bondade de Deus, com profundo respeito no Senhor, submissos aos nossos humildes votos e à nossa filial condição, comemorando dia e noite o vosso nome venerável em nossas humildes orações.
Tendo sido feitos dignos de sermos instalados no jardim sagrado de Nossa Senhora, a Mãe de Deus, celebrando os serviços sagrados ou lendo os escritos dos teóforos Padres; veneramos entre os santos ao santo Hieromártir Cosme, o Protos (1), e os que com ele se achavam, pois, por sua confissão e por seu sangue 
"preservou a Igreja imaculada e limpa da ilusão do erro", "não querendo entrar em comunhão com os latinos e dar-se a eles" (Tropárion da 3ª ode e Kontakion).
Assim, como a Nicodemos Aghiorita, glorificamos também a São Marcos Eugénikos, de Éfeso, pois, ele 
"se mostrou inabalável ante os ataques dos inimigos da Fé Divina, os falsários latinos que a alteraram";
 E lemos em outro lugar, em São Silouan o Athonita:
 "Alegremo-nos, ó Cristãos Ortodoxos, pois o Senhor nos deu a vida no Espírito .... Eu somente creio na Igreja Ortodoxa, porque nela se encontra a alegria da salvação, que é adquirida pela humildade em Cristo".
Educados nesta tradição espiritual e meditando sobre as lutas dos Pais da antiguidade e dos de épocas recentes, em favor da nossa santa Fé, sem inovações, às vezes nos é difícil entender o ocorrido durante festa em memória do Santo Apóstolo André, o Primeiro-chamado. De fato, no momento santíssimo da Santa Anáfora, nosso Patriarca, saindo do santuário, deu o beijo litúrgico ao Papa de Roma, o qual revestido com o Omophorion, em seguida pronunciou a oração do Senhor.
Depois de ouvir as preocupações dos padres e irmãos que vivem em ascetismo na Montanha Sagrada, expressamos a perplexidade que nos assombra, porque os fatos mencionados ferem o sentimento dogmático e litúrgico, além de provocar confusão nas mentes dos cristãos em todo o mundo. Repetimos novamente, que tais ações nos dão a impressão de que para nada servem, se não causar escândalo, considerando-se a existência de um diálogo teológico que persiste por várias décadas, de modo que, a visão de unidade na verdade em uma só fé parece ser uma realidade inacessível. Ainda mais agora, quando numerosos católicos romanos, decepcionados com a secularização da Igreja do Ocidente (impregnada das doutrinas heréticas do papado), buscam refúgio na Igreja Ortodoxa.
Sua Santidade, esta Comunidade Santa, considera ser seu dever filial para consigo, partilhar convosco nossa inquietação, pois a nossa aspiração é que a unidade eclesiástica dos Ortodoxos do mundo inteiro, bem como do nosso Corpo Athonita, permaneça inquebrantável, pois não ocultamos que estamos aflitos e inquietos com a ideia de reviver eventualmente os acontecimentos que aqui tiveram lugar há 50 anos (2). Nós não queremos ter que lembrar, é claro, pois ainda suportamos suas dolorosas consequências, como as que lhe foram relatadas por carta desta Santa Comunidade (No. F2 / 7/1679 / 18,7 / 2014).
Conscientes do pesado fardo que o senhor carrega, é com tristeza e dor no coração, que filialmente pedimos que paternalmente vos preocupeis em aliviar as consciências dos nossos irmãos "pelos quais Cristo morreu", pedindo vossas orações patriarcais e reverenciando profundamente vossa preciosa justiça".
Todos os representantes e delegados dos vinte mosteiros da Montanha Sagrada de Athos, em sinaxis comum ".
Fonte: Infortodoxa


Notas 
(1) Havendo rejeitado a União de Lyon (1274), foi martirizado pelo imperador Miguel VIII Paleólogo.(2) Ou seja, a interrupção da comemoração do Patriarca de Constantinopla na maioria dos mosteiros athonitas.


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