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sábado, 27 de junho de 2015

Coisas Que Na Igreja Me Fascinam (Primeira Meditação)

Ícone denominado "Hospitalidade de Abraão" alusivo à visita da Santíssima Trindade
A Vida e o Testemunho dos Santos
Por Padre Mateus (Antonio Eça)

Durante muito tempo de minha vida, eu não enxergava a beleza e a pertinência do cultivo da memória dos santos. Nem mesmo entendia o porquê de pessoas humanas serem adjetivadas com tal termo.

No entanto, os santos são os luzeiros da humanidade (Dn. 12:3,10; Mt 5:14), o suporte amigo dos Fiéis que estão na Terra (Ap. 5:8), a grande nuvem de testemunhas que nos rodeia, nos questiona e nos incentiva à Fé (Hb. 12:1). Em tempos de provação, dúvidas, contradições, fraquezas e perda de motivação, temos a vida e o testemunho dos santos que – embora sendo sujeito às mesmas paixões que nós – sobre elas triunfaram, praticaram a justiça e foram agradáveis a Deus (Hb. 11).

Desta constelação de incontáveis estrelas, vou destacar a primeira a brilhar mais significativamente: Abraão, o Pai da Fé, o Amigo de Deus.

Abraão amou tanto a Deus, que não se negou a oferecer seu próprio filho em sacrifício a Deus, por mais cruel, contraditória e ininteligível que tal reinvindicação pudesse parecer.

Em tempos, como o nosso, nos quais os bens e suas posses – por menor que sejam – são muito valorizadas, tal disposição da alma abraâmica nos parece uma realidade inconcebível. Mas, o amor é doação, e a disposição em doar, revela a natureza e intensidade do nosso amor.

Na vida egoísta, na alma utilitarista, o semblante de Abraão se mostra como uma assombração, um espanto, uma face que inquire a consciência e a verdade e consistência dos conceitos pessoais assumidos.

Nas almas débeis, mas que se desejam alcançar as promessas de Deus, o rosto do Patriarca se apresenta como um incentivo a perder o medo e a ter a certeza da recompensa. Mostra que é preciso se edificar diariamente um altar ao Senhor, perseverar na promessa, pois Quem promete é fiel.

Aos espíritos indolentes, o Amigo de Deus, se apresenta para tirar as ilusões que procuram convencer de que a vida em Cristo é um mar de calmarias, brisas nas quais o corpo e seus apetites encontrarão satisfação. Sim, Abraão revela uma vida de lutas, de privações e de angústias domésticas e externas.

Aos fortes e corajosos, o Pai na Fé, ensina – com seus fracassos – a não confiar em si mesmo, em suas forças e potencialidades.

Assim, Abraão, não somente reflete a imagem de Deus em si, como alcança a semelhança com Ele, e por Ele é chamado de amigo, pois, assim como Deus, Abraão amou de tal maneira, que deu se único filho.

Todo dia, o Calendário Ortodoxo, traz à memoria a vida e os ensinamentos dos santos, que pela graça de Deus, se somaram, ao longo da história da Igreja, à esta nuvem de testemunhas, que nos aguarda para que também à ela nos juntemos.

Na Tradição Ortodoxa, quando nos batizamos, recebemos um novo nome, a de um santo com o qual nos identificamos, e pela vida e testemunho deste santo, buscamos orientar as nossas vidas. Se for uma criança recém-nascida, costuma-se batizá-la com o nome de um dos santos que no dia é comemorado. Também, se crê, que no céu, tais santos nos apadrinham e por nós oferecem incessantes orações a Deus.

Por isto, muito me alegra, cantar nas liturgias dos dias de semana:

“Salva-nos, o Filho de Deus,
Tu que És glorificado em Teus santos,
A nós que a Ti cantamos:
Aleluia.


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