Comemorado em 08 de Maio (Calendário Ortodoxo)
21 de Maio (Calendário Civil)
O Apóstolo e Evangelista João, cognominado Teólogo, era filho de um pescador galileu, Zebedeu e Solomia. Zebedeu era uma pessoa abastada, ele tinha vários trabalhadores e era um membro importante da comunidade judaica, tendo acesso são sumo sacerdote. A mãe de João, Solomia, é mencionada como uma das mulheres que serviram Jesus com as suas propriedades.
Primeiro,
João era discípulo do são João Batista. Ao ouvir a pregação dele sobre Cristo
como o Cordeiro de Deus, que toma sobre Si os pecados do mundo, ele junto com o
André o Primeiro Chamado seguiu Jesus. No entanto era um pouco mais tarde que
ele se tornou discípulo constante do Senhor, quando, após a milagrosa pesca no
lago de Genezaré (mar de Galileia) o Próprio Senhor chamou-o, junto com o seu
irmão Tiago.
Ao apóstolo
João, junto com o Pedro e o seu irmão Tiago foi concedida uma proximidade
especial ao Senhor, pois estes três apóstolos estavam sempre junto com o Senhor
nos momentos mais importantes e solenes da Sua vida na terra. Assim ele foi
digno de presenciar a ressurreição da filha de Jairo, a transfiguração do
Senhor no monte, ouvir as Suas palavras sobre os sinais da Sua segunda vinda,
ser testemunha da Sua oração no Getsêmani. E durante a Ceia ele era apoiado no
peito do Senhor, conforme ele mesmo testemunha.
Ele era tão
humilde, que ao escrever sobre si no seu Evangelho, ele não menciona o seu
nome, contentando-se a dizer somente "o discípulo predileto do
Senhor." Este amor do Senhor teve a sua maior expressão nas palavras
proferidas por Ele da cruz: "Eis aí a tua Mãe," desta forma
encarregando-o de cuidar da Sua Puríssima Mãe.
Amando o
Senhor com todo o seu coração, João era cheio de indignação dos que eram hostis
ao Senhor, ou aqueles que estranharam Ele. Por isso ele proibia ao homem, que
não andava junto com eles, de expulsar o demônio com o nome de Jesus e pediu a
permissão ao Senhor de mandar descer o fogo sobre os habitantes de uma aldeia
samaritana, que não queriam aceitá-Lo, quando Ele se dirigia ao Jerusalém,
atravessando a Samaria. Por causa disto, o Senhor chamou a ele e ao Tiago de
"filhos de trovão." João sentiu a predileção do Senhor, mas ainda não
era iluminado pela graça do Espírito Santo e portanto decidiu pedir para ele e
para o seu irmão um lugar ao lado do Senhor no Reino dos Céus, e recebeu como
resposta o anúncio dos futuros sofrimentos dos ambos.
Após a
Ascensão vemos muitas vezes o apóstolo João junto com o apóstolo Pedro. Estes
dois apóstolos são considerados os pilares da Igreja e o apóstolo João
permanece na maior parte do tempo em Jerusalém e fiel ao mandamento do Senhor,
cuida da Puríssima Virgem Maria, tornando-se o Seu filho mais fiel e somente
após a assunção da Virgem, ele começa a pregar em outros países.
Na atividade
missionária do apóstolo João percebemos uma particularidade: ele escolhe uma
determinada região e se empenha com todas as suas forças para erradicar o
paganismo e firmar lá o cristianismo. O seu alvo principal eram sete igrejas da
Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
Ele morava principalmente em Éfeso.
Sob o reinado
do imperador Domiciano (81-96), o apóstolo João foi chamado para a Roma, pois
ele era a único apóstolo ainda vivo, e sob a ordem do imperador foi jogado num
caldeirão cheio de óleo fervendo, mas Deus salvou o seu fiel servo, que ficou
ileso, igual aos três jovens na fornalha incandescente. Depois disto, Domiciano
exilou o apóstolo para a ilha deserta de Patmos e foi aqui que ele escreveu o
Apocalipse, que é uma revelação sobre o destino da Igreja e do mundo.
Após a morte
de Domiciano o apóstolo João voltou do seu exílio para Éfeso. Os bispos e
presbíteros da igreja de Éfeso lhe mostraram os três Evangelhos escritos pelos
apóstolos Mateus, Marcos e Lucas. Ele aprovou estas obras, porém achou
necessário completar ainda aquilo que foi omitido lá e que ele, como o último
testemunha ocular ainda vivo conhecia bem de perto. Isto era muito importante,
pois lá pelo final do século 1 se difundiam várias seitas gnósticas, que
humilhavam ou até mesmo negavam a divindade do nosso Salvador, Jesus Cristo. E
assim tornou-se absolutamente necessário proteger os fieis deste ensinamento.
O apóstolo
João no seu Evangelho relatou os ensinamentos de Jesus, ditos por Ele na
Judéia. Estes ensinamentos que eram dirigidos aos escribas cultos eram mais
difíceis para a compreensão geral e provavelmente foi por isto que eles não
foram relatados nos três primeiros Evangelhos, destinados aos pagãos recém
convertidos. Antes de começar escrever o seu Evangelho, o apóstolo João impôs
jejum à igreja de Éfeso e se retirou junto com o seu discípulo Prokhor para um
monte, onde escreveu o Evangelho, que leva o seu nome.
O Evangelho
de João era desde o começo chamado de "espiritual," pois nele,
comparando com os três outros Evangelhos, são contidos os ensinamentos do Nosso
Senhor sobre as verdades mais profundas da fé — sobre a encarnação do Filho de
Deus, sobre a Trindade, sobre a redenção dos homens, sobre a ressurreição
espiritual, sobre a graça de Espírito Santo e sobre a Comunhão. Logo no começo,
nas primeiras palavras, João eleva os pensamentos dos fiéis para as alturas de
procedência divina do Filho de Deus do Deus Pai: "No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1). O
apóstolo João explica assim a finalidade do seu Evangelho: "Esses foram
escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e assim
crendo tenhais a vida em Seu nome" (João 20:31).
Além do
Evangelho e do Apocalipse, o apóstolo João escreveu ainda três epístolas, que
também foram incluídas no conjunto dos livros do Novo Testamento, pois eram
dirigidas à toda a comunidade cristã. O primeiro e principal ensinamento é
sobre o amor dos cristãos: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o
amor é de Deus, e todo aquele que ama nasce de Deus e conhece a Deus. Quem não
ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor" (1 João 4:7-8).
"O amor
que Ele nos tem terá seu cumprimento no dia do Juízo, infundindo-nos confiança.
Porque como Ele é, também nós somos neste mundo. No amor não há lugar para o
temor: o perfeito amor expele o temor, pois o temor supõe castigo e o que teme
não é perfeito no amor. Quanto a nós, amemos à Deus, porque Ele nos amou
primeiro. Se alguém diz: ‘Amo a Deus’ e detesta seu irmão, ele mente. Pois quem
não ama a seu irmão, a quem vê, não é possível que ame a Deus, a Quem não vê.
Sim, eis o mandamento que d’Ele recebemos: quem ama a Deus, ame também a seu
irmão" (1 João 4:17-21).
A tradição
nos deixou várias informações muito valiosas sobre as atividades do apostolo
João, que nos mostram todo o seu amor que ele sentiu por todos. Durante a sua
visita a uma das igrejas da Ásia Menor, João notou no meio da multidão um jovem
que se destacava por talentos excepcionais e o confiou aos cuidados especiais
de um bispo. Mais tarde este jovem fez amizade com maus elementos e enfim virou
chefe de bandidos. Ao saber disto do próprio bispo, João foi até as montanhas,
onde os bandidos atacavam as pessoas, foi capturado por eles e trazido até o
chefe deles.
Quando o
jovem viu o Apóstolo, ele ficou tão desconcertado, que se pôs a correr. João
correu atrás dele, o encorajou com as suas palavras cheias de amor, levou-o
pessoalmente até a igreja, dividiu com ele a penitencia e não sossegou,
enquanto não o reconciliou completamente com a Igreja. Nos últimos anos de sua
vida o Apóstolo não se cansou de repetir sempre: "Meus filhos, amem uns
aos outros." Os discípulos perguntaram: "Porque repetes sempre a
mesma coisa?" O Apóstolo respondeu: "Porque este é o mandamento
principal. Quem cumpre este mandamento, cumpre toda a lei Divina."
Este amor se
transformava num ardente zelo, quando o Apóstolo se deparava com heresiarcas,
que deturpavam os ensinamentos, privando as pessoas da eterna salvação. Uma
vez, num edifício público ele se encontrou com um heresiarca Querinto, que
rejeitava a divindade do Nosso Senhor Jesus Cristo. "Vamos sair
rapidamente daqui, — disse o Apóstolo ao seu discípulo, — pois tenho medo que
este prédio cairá encima de nos."
São João
Teólogo era o único apostolo que morreu de morte natural na idade de quase 105
anos, durante o reinado do imperador Trajano. As circunstancias da morte dele
eram extraordinárias e até misteriosas. Por insistência do próprio apostolo ele
foi enterrado vivo. No dia seguinte, quando abriram o túmulo do apostolo, se
verificou que ele era vazio. Este acontecimento confirmou a suposição de alguns
cristãos, que o apóstolo não ia morrer, mas que ficaria vivo até a Segunda
Vinda do Nosso Senhor e acusaria o Anticristo. O motivo desta suposição eram as
palavras proferidos por Jesus um pouco antes da Sua ascensão. Respondendo a uma
pergunta do apostolo Pedro sobre o que aconteceria com o apostolo João, Nosso
Senhor respondeu: "Assim Eu quero que ele permaneça até que Eu venha (pela
segunda vez), e que te importa isso?" E o apostolo João continua, a
respeito disso: "Espalharam-se por isso entre os irmãos essas palavras de
que tal discípulo não morreria" (João 21:22-23).
TROPÁRIO
Ó apostolo,
amado por Cristo Deus,
apressa-te em
vir salvar os homens humildes,
pois Aquele
em Cujo peito estavas apoiado te aceita,
quando
intercedes pelos homens.
Portanto,
Teólogo, ora a Cristo,
para se disperse
a neblina entre os homens,
concedendo-nos
paz e uma grande graça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário