Em uma sociedade globalizada qualquer crise econômica que atinja um dos países que se encontre em seu epicentro surge o fantasma de uma crise generalizada e que - via de regra - acabe arrebentando de forma mais cruel nos chamados países do terceiro mundo, e faça despencar os que são emergentes.
Esse terror econômico também é útero de visões apocalípticas e do surgimento de arautos que anunciam a iminência do fim do mundo.
Fazer uma leitura da realidade humana e social tendo como instrumental a palavra de Cristo é um dever e, muito mais que um dever, é uma necessidade que se impõe àqueles que se chamam por Seu Nome. No entanto, para que esta leitura tome proporções de anúncio Divino, ou seja, de ser realmente aquilo que Deus diz, necessário se faz que haja um consenso da Igreja (oikoumene), e não a de uma consciência individual ou de um grupo sectário.
A alma da Igreja Ortodoxa percebe o Apocalipse como sendo intrinsecamente um drama de caráter atemporal, cujos acontecimentos são difíceis de serem localizados no espaço-tempo terrenos. Isto não quer dizer que o Livro ou as profecias que nele se encerram sejam de caráter hermético, indecifráveis, não, pois tais profecias são semelhantes às Teofanias, ou seja, elas se revelam trazendo em si luzes em sua periferia e sombras em seu âmago. Podemos falar com mais ousadia e desenvoltura das dimensões que nelas são luzes e fazer um silêncio, semelhante ao que habitou na Santa Mãe de Deus quando confrontada com o caráter enigmático da Palavra Divina.
O Apocalipse se apresenta para o mundo hodierno com imagens, cenários, cosmogonias e fraseologias que se nos parecem estranhas, pertencentes a um mundo e mentalidade submersos. Mas o Apocalipse insiste em nos falar com a mesma linguagem dos sonhos, os quais se recusam veementemente utilizar a linguagem direta e objetiva da razão discursiva, preferindo nos falar com a linguagem das profundezas.
Portanto, das luzes que irradiam do Apocalipse, o que poderemos dizer à nossa sociedade e aos nossos tempos?
Continua na postagem (2).
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Pe. Mateus (Antonio Eça)
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