Le Monde - É a primeira vez que um patriarca da Igreja da Rússia participa de encontros no Conselho da Europa em Estrasburgo e em Paris. Qual é o objetivo da sua visita?
Alexis 2º - A França é a segunda pátria para as centenas de milhares de russos que foram forçados a deixar o seu país durante a grande tragédia do século 20. A proximidade das nossas culturas não precisa mais ser demonstrada. Eu gostaria, portanto, de lembrar às autoridades da Europa ocidental que sem uma fidelidade renovada aos seus valores espirituais e morais, a Europa não tem futuro algum. A sociedade européia está sendo marcada por uma ideologia secularista agressiva, pelo culto do consumo, a adoração da razão. Se a liberdade não for acompanhada pelo senso da responsabilidade, pela humildade, então a pessoa e a sociedade se auto destroem. A cultura européia e a cultura russa foram fundadas com base nos valores cristãos. Nós não podemos rejeitar esta herança. Por isso, é com amargura que nós constatamos que as raízes cristãs da Europa nem sequer foram incluídas no preâmbulo do Tratado Constitucional Europeu.
Le Monde - Será a sua visita à Igreja católica da França um primeiro passo antes de um encontro com Bento 16? Ou será que Vossa Excelência se mantém numa atitude de recusa? O ecumenismo parece estar reduzido a uma "frente moral" contra a permissividade da Europa...
Alexis 2º - Eu nunca excluí a possibilidade de haver tal encontro. Mas, há um aspecto disso do qual discordo. É o fato de essa reunião poder acontecer apenas para as câmeras de televisão! Ela deverá ser precedida por mudanças profundas em nossas relações e, por enquanto, ainda existem obstáculos em demasia.
Durante os anos 1990, diversos responsáveis católicos afirmaram que a Rússia pós-marxista era um deserto espiritual, sendo como tal, para eles, uma terra de missões. Nós não podemos aceitar isso. A luz do cristianismo foi trazida para a Rússia, há mais de mil anos, pela Igreja ortodoxa. A luta ateísta e o terror que foi exercido contra a Igreja no século 20, transformaram em mártires dezenas de milhares de russos ortodoxos. Além disso, hoje, no momento em que a renovação espiritual se torna novamente possível, não é conveniente, nem decente conduzir em nosso território missões paralelas de conversão. Ora, dezenas de milhares de religiosos católicos vêm desenvolvendo atividades missionárias junto ao nosso povo, o qual considera isso como atos de proselitismo.
O segundo obstáculo é a expansão do "uniatismo" na Ucrânia ocidental (o "uniatismo" designa as tentativas católicas visando a converter populações ortodoxas no Leste). A Igreja grego-católica (de rito ortodoxo, porém dependente de Roma) foi proibida sob Stalin, mas, durante cinqüenta anos, ela conseguiu receber uma ajuda espiritual das nossas escolas teológicas. Em primeiro lugar, não teria sido o caso de nos agradecer por isso? Ora, ocorreram enfrentamentos que objetivavam a suposta recuperação de bens e de igrejas. Atitudes como essas eram imagináveis na Idade Média, mas não hoje. Na Ucrânia ocidental, até hoje continua sendo impossível para nós receber toda e qualquer autorização para comprar terras. Resumindo, em relação à Igreja de Roma, nós estamos separados há quase mil anos, e serão necessários ainda muitos esforços para podermos superar a nossa divisão.
Le Monde - Nos meios da oposição, muitos foram os críticos que tomaram posição contra o espaço demasiadamente grande que a Igreja vem tomando na vida pública russa. A sua proximidade com o presidente Putin não estaria obrigando a sua Igreja a caucionar sua política, e até mesmo as suas exigências na Tchetchênia?
Alexis 2º - Os ocidentais têm mesmo muitas dificuldades para compreender tudo aquilo que os padres, os bispos e os fieis sofreram durante os anos 1920 e 1930. Além disso, o que os impressiona atualmente é que um sem número de igrejas esteja reabrindo as suas portas. Mas este é um processo que de modo algum é imposto pelos poderes, nem pelo civil, nem pelo religioso. Ele corresponde a uma demanda que vem de baixo, deste povo ortodoxo que, após ter sido alvo de repressão durante dezenas de anos, volta-se novamente para a fé dos seus pais e aspira a uma direção moral e espiritual. A Rússia é um novo país, mas os estereótipos inspirados na época soviética permanecem. De modo equivocado. A Rússia está aberta para todos os tipos de colaboração.
"Caucionar" a política do presidente Putin? Com toda a responsabilidade que me impõe o meu cargo, eu lhe respondo que o Estado não interfere na vida interior da Igreja. E que a Igreja não interfere na vida política do Estado. O princípio da separação é respeitado, mas existem campos nos quais nós devemos colaborar, tais como a educação, o social, a preservação da paz entre as religiões e entre os povos. Nós estamos a par de tudo aquilo que o Estado vem fazendo pelo bem do nosso povo, mas quando são tomadas decisões que enfraquecem, por exemplo, as populações mais pobres, nós damos a entender a nossa desaprovação.
No que diz respeito à Tchetchênia, quero lembrar que dezenas de padres foram mortos pelos nacionalistas e que, sessenta anos depois da guerra mundial, o terrorismo volta a mostrar, infelizmente, o seu rosto mais cruel.
Le Monde - Vossa Excelência nasceu nos países bálticos (em 1929, na Estônia) no contexto de uma imigração que atribuía uma enorme importância para os valores de reforma da ortodoxia, como elas haviam sido manifestadas no Concílio de 1917, o qual foi destruído pela revolução bolchevique. Mas o conservadorismo, atualmente, parece ter levado a melhor sobre o espírito de reforma...
Alexis 2º - A Igreja ortodoxa não é uma Igreja de reforma, e sim uma Igreja de tradição. Mas a tradição não é, para nós, um legado morto dos séculos passados, e sim uma herança viva, por conta da riqueza herdada dos nossos pais. Foi imbuído deste espírito que eu fui educado pela família ortodoxa da Estônia.
O Concílio de 1917-1918 permanece um evento de marca maior da nossa história. Nós recorremos às suas decisões quando estávamos preparando os Fundamentos da Doutrina Social que foram adotados no ano de 2000, ao mesmo tempo enraizados na tradição e capazes de oferecer respostas às questões de atualidade - bioética, ecologia, cultura, ciências, política - e àquelas levantadas pelas nossas relações com o Estado.
Atualmente, a Igreja russa está renascendo. Uma grande sabedoria é necessária, portanto, para não melindrar nem ferir os jovens que dela querem participar. Para alguém que acompanha tudo isso do lado de fora, esta prudência pode se parecer com um conservadorismo excessivo. Mas, do interior, percebe-se que a vida da nossa Igreja é muito ativa, e que as suas estruturas e o seu pensamento evoluem de maneira dinâmica.
120 MILHÕES DE FIÉIS NO EX-IMPÉRIO SOVIÉTICO
Eleito em 1990 após ter sido metropolita (bispo da metrópole; arcebispo) de Leningrado, Alexis 2º (nascido Alexis Ridiger), o "patriarca de todas as Rússias", governa uma Igreja em pleno renascimento que conta 120 milhões de fiéis na Rússia, na Ucrânia, em Belarus, na Moldova, nos países bálticos e na diáspora da Europa e dos Estados Unidos. O patriarcado de Moscou vem sofrendo das tensões étnicas, lingüísticas e nacionalistas que agitam o ex-império soviético, sobretudo na Ucrânia, aonde os militantes de uma Igreja ortodoxa nacional vêm lutando em favor da sua autocefalia (autonomia).
Em contrapartida, após um cisma que durou 80 anos, Alexis 2º conseguiu reintegrar a Igreja chamada de "fora das fronteiras", a qual reunia 500.000 fiéis que haviam fugido do regime bolchevique e que se apresentavam como defensores das tradições da antiga Rússia. Risco de sofrer uma guinada conservadora? Na entrevista ao "Le Monde", o patriarca nega esta possibilidade: "O conservadorismo torna-se perigoso quando ele significa uma tendência ao ensimesmamento, a recusa a testemunhar e a compartilhar. Eu não penso que existam muitos homens movidos por essas atitudes na Igreja "fora das fronteiras", afirma.
Alexis 2º - A França é a segunda pátria para as centenas de milhares de russos que foram forçados a deixar o seu país durante a grande tragédia do século 20. A proximidade das nossas culturas não precisa mais ser demonstrada. Eu gostaria, portanto, de lembrar às autoridades da Europa ocidental que sem uma fidelidade renovada aos seus valores espirituais e morais, a Europa não tem futuro algum. A sociedade européia está sendo marcada por uma ideologia secularista agressiva, pelo culto do consumo, a adoração da razão. Se a liberdade não for acompanhada pelo senso da responsabilidade, pela humildade, então a pessoa e a sociedade se auto destroem. A cultura européia e a cultura russa foram fundadas com base nos valores cristãos. Nós não podemos rejeitar esta herança. Por isso, é com amargura que nós constatamos que as raízes cristãs da Europa nem sequer foram incluídas no preâmbulo do Tratado Constitucional Europeu.
Le Monde - Será a sua visita à Igreja católica da França um primeiro passo antes de um encontro com Bento 16? Ou será que Vossa Excelência se mantém numa atitude de recusa? O ecumenismo parece estar reduzido a uma "frente moral" contra a permissividade da Europa...
Alexis 2º - Eu nunca excluí a possibilidade de haver tal encontro. Mas, há um aspecto disso do qual discordo. É o fato de essa reunião poder acontecer apenas para as câmeras de televisão! Ela deverá ser precedida por mudanças profundas em nossas relações e, por enquanto, ainda existem obstáculos em demasia.
Durante os anos 1990, diversos responsáveis católicos afirmaram que a Rússia pós-marxista era um deserto espiritual, sendo como tal, para eles, uma terra de missões. Nós não podemos aceitar isso. A luz do cristianismo foi trazida para a Rússia, há mais de mil anos, pela Igreja ortodoxa. A luta ateísta e o terror que foi exercido contra a Igreja no século 20, transformaram em mártires dezenas de milhares de russos ortodoxos. Além disso, hoje, no momento em que a renovação espiritual se torna novamente possível, não é conveniente, nem decente conduzir em nosso território missões paralelas de conversão. Ora, dezenas de milhares de religiosos católicos vêm desenvolvendo atividades missionárias junto ao nosso povo, o qual considera isso como atos de proselitismo.
O segundo obstáculo é a expansão do "uniatismo" na Ucrânia ocidental (o "uniatismo" designa as tentativas católicas visando a converter populações ortodoxas no Leste). A Igreja grego-católica (de rito ortodoxo, porém dependente de Roma) foi proibida sob Stalin, mas, durante cinqüenta anos, ela conseguiu receber uma ajuda espiritual das nossas escolas teológicas. Em primeiro lugar, não teria sido o caso de nos agradecer por isso? Ora, ocorreram enfrentamentos que objetivavam a suposta recuperação de bens e de igrejas. Atitudes como essas eram imagináveis na Idade Média, mas não hoje. Na Ucrânia ocidental, até hoje continua sendo impossível para nós receber toda e qualquer autorização para comprar terras. Resumindo, em relação à Igreja de Roma, nós estamos separados há quase mil anos, e serão necessários ainda muitos esforços para podermos superar a nossa divisão.
Le Monde - Nos meios da oposição, muitos foram os críticos que tomaram posição contra o espaço demasiadamente grande que a Igreja vem tomando na vida pública russa. A sua proximidade com o presidente Putin não estaria obrigando a sua Igreja a caucionar sua política, e até mesmo as suas exigências na Tchetchênia?
Alexis 2º - Os ocidentais têm mesmo muitas dificuldades para compreender tudo aquilo que os padres, os bispos e os fieis sofreram durante os anos 1920 e 1930. Além disso, o que os impressiona atualmente é que um sem número de igrejas esteja reabrindo as suas portas. Mas este é um processo que de modo algum é imposto pelos poderes, nem pelo civil, nem pelo religioso. Ele corresponde a uma demanda que vem de baixo, deste povo ortodoxo que, após ter sido alvo de repressão durante dezenas de anos, volta-se novamente para a fé dos seus pais e aspira a uma direção moral e espiritual. A Rússia é um novo país, mas os estereótipos inspirados na época soviética permanecem. De modo equivocado. A Rússia está aberta para todos os tipos de colaboração.
"Caucionar" a política do presidente Putin? Com toda a responsabilidade que me impõe o meu cargo, eu lhe respondo que o Estado não interfere na vida interior da Igreja. E que a Igreja não interfere na vida política do Estado. O princípio da separação é respeitado, mas existem campos nos quais nós devemos colaborar, tais como a educação, o social, a preservação da paz entre as religiões e entre os povos. Nós estamos a par de tudo aquilo que o Estado vem fazendo pelo bem do nosso povo, mas quando são tomadas decisões que enfraquecem, por exemplo, as populações mais pobres, nós damos a entender a nossa desaprovação.
No que diz respeito à Tchetchênia, quero lembrar que dezenas de padres foram mortos pelos nacionalistas e que, sessenta anos depois da guerra mundial, o terrorismo volta a mostrar, infelizmente, o seu rosto mais cruel.
Le Monde - Vossa Excelência nasceu nos países bálticos (em 1929, na Estônia) no contexto de uma imigração que atribuía uma enorme importância para os valores de reforma da ortodoxia, como elas haviam sido manifestadas no Concílio de 1917, o qual foi destruído pela revolução bolchevique. Mas o conservadorismo, atualmente, parece ter levado a melhor sobre o espírito de reforma...
Alexis 2º - A Igreja ortodoxa não é uma Igreja de reforma, e sim uma Igreja de tradição. Mas a tradição não é, para nós, um legado morto dos séculos passados, e sim uma herança viva, por conta da riqueza herdada dos nossos pais. Foi imbuído deste espírito que eu fui educado pela família ortodoxa da Estônia.
O Concílio de 1917-1918 permanece um evento de marca maior da nossa história. Nós recorremos às suas decisões quando estávamos preparando os Fundamentos da Doutrina Social que foram adotados no ano de 2000, ao mesmo tempo enraizados na tradição e capazes de oferecer respostas às questões de atualidade - bioética, ecologia, cultura, ciências, política - e àquelas levantadas pelas nossas relações com o Estado.
Atualmente, a Igreja russa está renascendo. Uma grande sabedoria é necessária, portanto, para não melindrar nem ferir os jovens que dela querem participar. Para alguém que acompanha tudo isso do lado de fora, esta prudência pode se parecer com um conservadorismo excessivo. Mas, do interior, percebe-se que a vida da nossa Igreja é muito ativa, e que as suas estruturas e o seu pensamento evoluem de maneira dinâmica.
120 MILHÕES DE FIÉIS NO EX-IMPÉRIO SOVIÉTICO
Eleito em 1990 após ter sido metropolita (bispo da metrópole; arcebispo) de Leningrado, Alexis 2º (nascido Alexis Ridiger), o "patriarca de todas as Rússias", governa uma Igreja em pleno renascimento que conta 120 milhões de fiéis na Rússia, na Ucrânia, em Belarus, na Moldova, nos países bálticos e na diáspora da Europa e dos Estados Unidos. O patriarcado de Moscou vem sofrendo das tensões étnicas, lingüísticas e nacionalistas que agitam o ex-império soviético, sobretudo na Ucrânia, aonde os militantes de uma Igreja ortodoxa nacional vêm lutando em favor da sua autocefalia (autonomia).
Em contrapartida, após um cisma que durou 80 anos, Alexis 2º conseguiu reintegrar a Igreja chamada de "fora das fronteiras", a qual reunia 500.000 fiéis que haviam fugido do regime bolchevique e que se apresentavam como defensores das tradições da antiga Rússia. Risco de sofrer uma guinada conservadora? Na entrevista ao "Le Monde", o patriarca nega esta possibilidade: "O conservadorismo torna-se perigoso quando ele significa uma tendência ao ensimesmamento, a recusa a testemunhar e a compartilhar. Eu não penso que existam muitos homens movidos por essas atitudes na Igreja "fora das fronteiras", afirma.
Tradução: Jean-Yves de Neufville
Fonte: UOL
Fonte: UOL
Um comentário:
As palavras do Patriarca Russo, sem sombra de dúvida, manifesta a abundância da riqueza espiritual da tradição ortodoxa, através da lucidez de suas reflexões no berço do racionalismo (França). A tradição está mais do que viva!
Gostaria de apliar o tema apresentando uma outra do Patriarca a um jornal francês. O La vie.
Europa se revolta contra lição de moral da Igreja Ortodoxa Russa
04-10-2007
A mídia russa e de outros países lançaram diversos comentários sobre a recente aparição do líder da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Alexis II, na seção da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa em Strasbourg.
Foi a primeira vez na história que um alto líder religioso da maior confissão da Rússia apareceu perante delegados da Assembléia. Mais importante ainda, foi a primeira visita de Alexis II a um país católico.
O Jornal Novye Izvestia relata que a aparição de Alexis II perante os delegados deu origem a um grande debate, antes mesmo de sua visita à França. Jornalistas conjecturavam se o Patriarca iria falar no tom do "pregador bonzinho" ou como um "duro acusador". Em Abril, Alexis II dissera que durante uma aparição planejada perante o Conselho da Europa ele falaria sobre valores cristãos que a Europa ocidental estava, infelizmente, perdendo enquanto propagandea o pecado.
Em entrevista ao jornal La Vie, o Patriarca disse que os russos, criados segundo a tradição ortodoxa cristã, tinham sua própria visão sobre muitos dos problemas modernos. Uma verdadeira cooperação Pan-Européia não pode ser estabelecida se esta visão não for levada em consideração, disse Alexis II.
O discurso do Patriarca no Conselho da Europa foi tratado de modo semelhante ao de um político de alto nível. O jornal Le Figaro chama a Igreja Ortodoxa Russa "a única instituição estável em uma Rússia instável". O modo de Alexis de falar é sempre suave a não-agressivo, exatamente ao estilo dos políticos peso-pesados.
Em seu discurso na Assembléia, o Patriarca não falou abertamente que a menção ao "código singular", os valores cristãos, não foi inclusa no rascunho da constituição da União Européia a despeito do fato de que representantes da Espanha e Polônia católicas haviam insistido que devessem ser incluídos no documento. O Patriarca russo enfatizou que a lacuna que há hoje em dia entre os direitos humanos e a moral era desastrosa para a Civilização Européia. Disse ainda que esta lacuna era agravada pela "aparição de uma nova geração de direitos que contradizem a moralidade e buscam justificar atos imorais com direitos humanos". Alexis II pensa que, quando a moralidade não é aplicada para avaliar os atos das autoridades, os problemas sociais se tornam ainda mais insolúveis.
Entretanto, o Patriarca russo revelou uma atitude categórica da Igreja Ortodoxa Russa quanto a paradas gays e minorias sexuais. Alexis II disse que a Igreja Ortodoxa Russa tratava as tentativas de organizar paradas de orgulho gay em Moscou como manipulação e propaganda do pecado. Ele disse que o homossexualismo é uma doença e uma distorção da personalidade humana assim como a cleptomania e perguntou: "Por que não fazemos propaganda da cleptomania?" Mas, ao mesmo tempo, Alexis II acrescentou que sua religião o ensinava a amar os pecadores a despeito dos seus pecados. A comparação do Patriarca entre a homossexualidade e a cleptomania recebeu uma tempestade de aplausos de seus delegados russos, enquanto os outros abstiveram-se de comentários demonstrativos sobre a questão.
O Patriarca alertou o Conselho de delegados da Europa de que um rompimento entre os direitos humanos e a moralidade ameaçava a civilização Européia. Continuou enfatizando que as pessoas devem combater o pecado e não os pecadores, e respeitar os ensinamentos morais da Bíblia.
Mas o Patriarca russo acrescentou que o governo não deve interferir com a vida privada já que é uma escolha livre do indivíduo ser moral ou imoral.
O jornal Rossiiskaya Gazeta afirma que a aparição do Patriarca perante o Conselho foi o primeiro de um tão alto nível. A Igreja Ortodoxa Russa é a primeira e única confissão representada no Conselho da Europa como um Estado. Em 2005 o Patriarca aprovou a abertura de um escritório representativo da Igreja no Conselho da Europa para o estabelecimento de um diálogo regular e constante.
De acordo com o Patriarca russo, nenhuma ideologia, incluindo a secular, pode ter o monopólio da Europa ou do mundo. E é por isso que ele pensa que a religião não pode ser posta para fora do espaço público. É hora de assumir que pode existir também uma motivação religiosa na esfera pública, disse Alexis II.
Um dos delegados perguntou ao Patriarca qual era sua atitude quanto a pena de morte e Alexis II respondeu que a Igreja sempre defendeu a proteção da vida, tanto dos bebês não nascidos quanto dos criminosos. Neste tema, em particular, seu discurso foi altamente emocionado.
Como disse o Patriarca, o progresso tecnológico provê uma nova interpretação dos direitos humanos. Os fiéis possuem sua própria opinião sobre bioética, identificação eletrônica e outros ramos do progresso tecnológico que deixam muitas pessoas ansiosas. O jornal Kommersant cita o Patriarca afirmando que um ser humano deve sempre permanecer um ser humano, e não um artigo sob o controle de sistemas eletrônicos, sempre a disposição de experimentos.
Os europeus acharam que Alexis II foi mais crítico quando tocou na muito popular religião européia do politicamente correto.
Ontem, a Gazeta GZT.ru relatou a aparição do Patriarca no Conselho em uma publicação intitulada "Rússia desconsidera envolvimento no Conselho da Europa, mas Patriarca Alexis II ensina moralidade a Europa".
A Rússia é a principal ré na Corte Européia de Direitos Humanos, mas a corte não está satisfeita com a cooperação deste país. Delegados do Conselho da Assembléia Parlamentar da Europa adotaram uma resolução que requer que os países membros devam manter cooperação em todos os níveis do procedimento judicial. De acordo com a Assembléia, a violação da lei no norte do Cáucaso é a mais escandalosa.
Source: agencies
Traduzido para o inglês por Maria Gousseva
Traduzido do inglês para o português por Fabio Lins
http://pravda.ru/
Vídeo do discurs: http://www.russiatoday.ru/news/news/15010/video
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