por PATRÍCIA VIEGAS
A Rainha, líder suprema da Igreja de Inglaterra, escreveu aos anglicanos ortodoxos a dizer que compreende as suas "preocupações".
Isabel II escreveu várias cartas de apoio aos líderes do movimento tradicionalista anglicano que é contra as relações entre de pessoas do mesmo sexo e a ordenação de padres homossexuais. "Compreendo as preocupações" com o futuro da igreja anglicana, escreveu a Rainha numa missiva, citada pelo Daily Telegraph.
A monarca, de 83 anos, que é também a líder da Igreja de Inglaterra, enviou ainda os seus melhores desejos para o almoço que ontem decorreu, em Londres, com o objectivo de lançar uma nova aliança entre paróquias evangélicas e anglo-católicas da Grã- -Bretanha e da Irlanda.
O apoio da Rainha aos dissidentes anglicanos que no ano passado formaram, em Jerusalém, a Fraternidade dos Fiéis Anglicanos, surpreendeu até os próprios. "As cartas são muito reconfortantes", disse um líder evangélico, citado por aquele diário britânico. A Fraternidade dos Fiéis Anglicanos tem sido acusada pela corrente mais liberal de ser homofóbica e de estar a criar uma divisão dentro de uma igreja com 80 milhões de seguidores em todo o mundo.
"A homofobia é um mal moral e social tal como o racismo. Apelo ao bispo que se arrependa da sua homofobia pois o seu preconceito vai contra a doutrina cristã da compaixão", disse Pater Tatchell, defensor dos direitos dos homossexuais, em resposta às declarações do bispo de Rochester.
Michael Nazir-Ali, citado pelo jornal Sunday Telegraph, apelou aos homossexuais que se arrependam e disse que a Igreja de Inglaterra tem que seguir o ensinamento bíblico que diz que o casamento só deve acontecer entre um homem e uma mulher. Os anglicanos permitem que os padres se casem, mas com mulheres, não com pessoas do mesmo sexo.
A grande divisão entre as correntes liberal e tradicionalista deu--se com a ordenação, em 2003, do reverendo Gene Robinson, bispo da diocese de New Hampshire que é abertamente homossexual. A diferença de pontos de vista em relação a esta matéria levou os bispos mais ortodoxos a boicotarem no ano passado o tradicional encontro de anglicanos, a conferência do Lambeth. E a organizarem um evento paralelo em Jerusalém.
Vários líderes da então criada Fraternidade dos Fiéis Anglicanos escreveram à Rainha a lembrar-lhe o seu papel enquanto líder suprema da Igreja de Inglaterra. Isabel II respondeu agora a dizer que compreende as suas inquietações. A Igreja Anglicana é a igreja cristã estabelecida em Inglaterra. Fora dela é chamada Igreja Episcopal, principalmente em países como os EUA e a Austrália. Em 1534 a Igreja de Inglaterra separou-se da Igreja Católica, por iniciativa do rei Henrique VIII, que foi excomungado pelo Papa depois de pedir a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão.
Fonte: Diário de Notícias
Nota do Autor do Blog:
A Igreja da Inglaterra após o cisma entre o Oriente e o Ocidente em 1054, ficou forçosamente sob jurisdição de Roma, submissão esta que na verdade lhe fora imposta por força de acordo político, já no séc. VI, quando Roma já estava sob domínio dos bárbaros e afastada politicamente do Império Romano do Oriente. No séc. XVI o Parlamento Inglês (Ato de Supremacia) retoma a autonomia da Igreja da Inglaterra, submetendo-a à autoridade da Coroa Britânica.
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