sábado, 22 de dezembro de 2007

Comemoração da Concepção da Theotokos por Sant’Ana, a Avó do Senhor



Troparion da Festa (3º tom)

Hoje se desatam os laços da esterilidade,Deus ouve as preces de Joaquim e Ana e lhes promete claramente que, contra toda esperança, darão à luz a filha de Deus,da qual nasceu Ele próprio, o Onipotente, quando se fez homem, ordenando ao Anjo saudá-la:"Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo!"

Kondakion da Festa (4º tom)
Hoje o universo festeja a concepção de Sant’Ana, permitida por Deus; pois ela concebeu aquela que gerou o Verbo, de um modo que não pode se expressar por palavras. Os Anjos de Deus a louvam, clamando: "Esta é o tabernáculo celeste!"


Epístola: Gl 4, 22-27
Irmãos, de fato, está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da mulher livre. O filho da escrava nasceu de modo natural, enquanto o filho da mulher livre nasceu por causa da promessa. Simbolicamente isso quer dizer o seguinte: as duas mulheres representam as duas alianças. Uma, a do monte Sinai, gera para a escravidão e é representada por Agar (pois o monte Sinai está na Arábia, que é o país de Agar). E Agar corresponde à Jerusalém atual, que é escrava junto com seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e ela é a nossa mãe. Porque está na Escritura: «Alegre-se, estéril, você que não dava à luz! Grite de alegria, você que não conheceu as dores do parto, porque os filhos da abandonada são mais numerosos do que os filhos daquela que tem marido».

Evangelho: Lucas 8:16-21
Naquele tempo, aquele tempo, disse Jesus «Ninguém acende uma lâmpada para escondê-la debaixo de uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ela é posta no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz. Ora, nada há de escondido que não venha a ser descoberto. Nada há de secreto que não venha a ser conhecido e claramente manifesto. Olhai, portanto a maneira como ouvis! Pois a quem tem será dado e a quem não tem, até aquilo que julga ter lhe será tirado.» Sua mãe e seus irmãos vieram ter com Ele, mas não podiam se aproximar por causa da multidão. Alguém lhe comunicou: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem te ver.» Ele respondeu: «Minha mãe e meus irmãos são este aqui, que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.»
Refletindo:
A Festa da Concepção da Santa Mãe de Deus por Sant’Ana, muito comentada pelos Santos Padres da Igreja dos primeiros séculos, entre os quais Santo Efrém (370), teve sua primeira celebração litúrgica na Palestina, no início do século VIII. Aos poucos a Festa estendeu-se a muitas Igrejas do Oriente e, no século X, já constava como celebração obrigatória em todos os calendários da Igreja Bizantina.
O abraço e o afeto que Joaquim e Ana trocam, é a representação iconográfica da grande Festa que a Igreja celebra.
Maria, descendia da família de Abraão e Davi da qual deveria nascer o Redentor, segundo a promessa de Deus, após a queda. Ela é o primeiro e mais belo fruto da Redenção, a obra-prima da Criação e concebida plenamente humana para dar à luz ao Senhor plenamente humano e plenamente Divino. As duas naturezas do Senhor (divina e humana) encontram fundamento teológico no pensamento da Igreja Oriental, porque Maria, a Mãe de Jesus, é filha da raça humana e por isso herdou dela a sua humanidade e por ser Filho de Deus, é de natureza divina.
Tirar de Maria as características que a fazem humana é tirar do Senhor a sua humanidade; é cair no monofisismo.
De acordo com o Terceiro Concílio Ecumênico, Concílio de Éfeso (431), consideramos também Maria a Mãe de Deus, a Theotokos. Ela é próxima de Deus e supera em dignidade todos os seres criados e os espíritos celestes. Esta é a razão porque a Igreja Ortodoxa venera a Mãe de Deus como sendo superior aos Querubins e Serafins. Nas celebrações da Divina Liturgia cantamos o hino que nos faz recordar esta verdade: «Verdadeiramente é digno e justo ...» (ver Hirmós acima)
Mesmo a Igreja prestando veneração a "Teotokos", Maria não é adorada como deusa e nem assim pode ser confundida pelos cristãos.
Sobre a sua mãe, Sant’Ana, a Tradição nos informa pouco. Ela é mais uma das santas mulheres que participa do grande enredo dos planos de Deus com o seu silêncio e humildade; não diminuindo, no entanto, sua importância.
Diz-nos a Tradição que Joaquim e Ana não tinham filhos. Eram, por isso, vistos como não agraciados por Deus. Joaquim não podia oferecer sacrifícios no Templo; Ana, por sua vez, sofria silenciosamente a exclusão que a sociedade lhe impunha por não poder dar continuidade à raça eleita de Israel. Joaquim era pastor e retirou-se para o deserto enquanto Ana ficou em sua casa. Tempos depois voltaram, pois sentiam em seus corações que Deus cumpriria sua promessa e lhes daria um filho. Esta criança foi Maria, nascida porque "os laços da esterilidade de Ana foram soltos por Deus" que ouviu seus clamores.
A Menina escolhida pelo Eterno para ser a Mãe do Filho de Deus é do Oriente. Lá viveu toda sua vida e por isso é compreensível que o amor e a devoção dedicados a ela tenham saído dali por primeiro em relação ao Ocidente. Foi no Oriente que, desde muito cedo, Maria foi piedosamente honrada pelos fiéis com devoção e entusiasmo. A introdução ou o desenvolvimento das festas marianas na Igreja do Ocidente muito se deve a São Sérgio I, de família Síria, oriunda de Antioquia, nascido em Palermo, Bispo e Papa de Roma em 687.
De todas as Igrejas Orientais a Igreja Copta é a que possui em seu calendário litúrgico maior número de festas em louvor à Maria, mas é nas Igrejas de rito bizantino onde estão os mais belos textos que superam ou transcendem a magnitude das liturgias a ela dedicadas.
Fonte: Ecclesia

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