Por
Protopresbítero George Dion Dragas*
"E enquanto ele estava abençoando-os, partiu e
começou a subir para o céu" (Lucas 24:51).
A Ascensão como o auge das Festas do Senhor:
Como
brilhante e maravilhosa é esta festa! É o auge de todas as festas do Senhor,
porque com ela o sagrado propósito da Encarnação do Indizível Verbo de Deus se
conclui, conforme a Divina economia. Para que o Filho e Verbo de Deus feito homem,
foi submetido a paixão, a morte, a ressurreição e a ascensão ...? Todos estes
eventos aconteceram de modo que a natureza humana não permanecesse prostrada,
mas se elevasse para o céu, para que se tornasse divinizada e glorificada, de
acordo com o projeto original do Criador. Esta, então, era a finalidade para a
qual o Filho de Deus se dignou a assumir em Sua Santíssima pessoa (hipóstase) a
nossa natureza humana, que havia caído de sua condição original, a fim de
renová-la com a sua crucificação e ressurreição e erguê-la para as alturas
celestiais com sua gloriosa ascensão, apresentando-a a Deus, o Pai, como o
troféu radiante de Sua vitória.
A Ascensão como o triunfo da natureza humana:
Na Ascensão
de Cristo, Deus o Pai aceitou as primícias de nossa humanidade, e se agradou
não só por causa da dignidade d’Aquele que a ofereceu, mas também pela pureza
da oferta . Esta, então, é a vitória perfeita contra o pecado. Este é o triunfo
da natureza humana. A natureza humana não poderia ter descido para um ponto
mais baixo do que a que chegou após a queda de Adão, mas também não poderia
ascender a um ponto mais alto do que aquele em que o novo (ou último) Adão a
ergueu com sua ascensão!
A Ascensão que o benefício final oferecido por Deus
ao homem:
O que a mente
poderia apreender das dimensões reais deste evento? A natureza desamparada e
frágil ser humano, a natureza que fugiu de Deus e foi exilada do paraíso, a
natureza rasteira, miserável condenada e escravizada dos seres humanos torna-se
hoje mais gloriosa do que a dos anjos, projetada para sentar-se com Cristo no
seio do Pai, agora é adorada por toda a criação visível e invisível! Que
linguagem há que possa louvar a magnitude desta celebração ou descrever
dignamente a maravilha da beneficência de Deus aos seres humanos? Hoje, a desejada
entrada no paraíso, a Jerusalém celeste, é aberta aos descendentes do exilado
Adão. Hoje, a restauração do novo Israel na Terra Prometida é realizada.
A Ascensão como a vitória final de Cristo para o
homem:
Hoje, no
Monte das Oliveiras o Céu e a Terra se beijam e anjos e seres humanos estão
unidos. Aqui, o coro dos Apóstolos cumprimenta seu doce Mestre com alegria em
sua partida, e as Ordens dos Anjos saúdam o Rei dos Céus com alegria inefável.
Aqui, o cativeiro, é levado cativo pelo Vencedor da morte com a sua ascensão às
alturas, ou seja, as almas dos justos que foram redimidos, têm seus olhos em
seu Redentor com sentimentos de euforia e alegria. Aqui também, a Sua Mãe, a
Virgem pura, se despede do seu Filho amado, o Qual sobe ao Céu, onde Deus, o
Pai acolhe o seu Filho unigênito e O faz sentar sentar à Sua direita. Aqui, no prestigioso
Monte das Oliveiras, também nós somos chamados a elevar nossas mentes e nos
tornarmos testemunhas oculares dos eventos grandes e maravilhosos que ocorreram,
tendo como nosso guia Lucas, o teólogo, o único entre os Evangelistas a narrar
– de forma breve, mas no melhor estilo das narrativas sacerdotais - a solene e
gloriosa ascensão de nosso Senhor e Deus e Salvador Jesus Cristo.
Por que a Ascensão ter lugar 40 dias após e não
imediatamente após a Ressurreição?
O Senhor da
vida, rompeu os laços da morte por sua ressurreição e se reuniu com seus
discípulos durante 40 dias; ressurreição
que se tornou para eles inconteste por meio de várias provas. Cristo não subiu
ao céu no dia em que ressuscitou, porque um evento como esse teria levantado
dúvidas e perguntas. Se ele tivesse feito isso, muitos dos incrédulos estariam
em condições de projetar o argumento de que a ressurreição era mais um sonho de
aspirações piedosas que facilmente surgem e desaparecem mais facilmente. Por
este motivo, então, Cristo permaneceu por 40 dias sobre a terra, e apareceu aos
seus discípulos várias vezes, mostrando-lhes as marcas de suas feridas,
explicando-lhes as profecias que Ele cumpriu em sua vida e sofrimentos como
homem, e até mesmo comeu com eles.
* O Protopresbítero George Dion Dragas é um proeminente mestre e escritor Ortodoxo da atualidade. Padre George ensina Patrística na Escola Ortodoxa Grega de Teologia Santa Cruz em Brookline, Massachusetts (EUA).
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