S. Eufêmia, megalomártir († 304); S. Sebastiana, discípula de S. Paulo.
2 Coríntios 6,1-10; Lucas 7,36-50
“O Pai é o amor que crucifica, o Filho é o amor crucificado, o Espírito é o poder invencível da cruz”, dizia Filarete, Metropolita de Moscou.
A cruz, mais do que qualquer outra coisa, é “teóloga” (literalmente fala, diz quem é Deus): ela revela-nos o mistério do Amor e do Dom que habita as profundezas do Ser; é o livro aberto no qual o homem, unificado, desvela sua natureza, sua profundeza, sua largura... Os dois eixos da cruz, horizontal e vertical, simboliza a união da transcendência e da imanência, essa “síntese” que o Cristo viveu e ensinou no mandamento duplo: “Amar a Deus” (vertical), “amar ao próximo” (horizontal).
A cruz não tem por objetivo mostrar a derrota do homem diante do fracasso, da violência, do absurdo e da morte, mas, ao contrário, sua vitória por meio da paciência (paciência e paixão tem a mesma etimologia) e por meio do perdão.
Para São Gregório de Nissa († 394), a cruz reúne os quatro pontos cardeais e simboliza, assim, a unidade do cosmos: seu eixo vertical norte sul liga os Céus aos infernos, enquanto o lateral transversal leste-oeste cobre a terra. Ela é o “axus mund”i, a “Árvore da Vida”, de onde corre a seiva vivificante. Ao abrir os braços, Jesus se torna o eixo do mundo e qualquer homem que se coloca na posição de uma cruz, quer dizer em pé, reencontrou em Cristo, seu centro.
A cruz comporta três travessões. O travessão inferior, colocado sob os pés de Cristo, está ligeiramente inclinado para baixo, representa o destino do ladrão da esquerda; o outro, inclinado para o alto, o da direita. A liturgia compara a cruz a uma balança do destino, ou “balança da justiça”. Lembra-nos, portanto, nossa liberdade: ninguém é obrigado a crer no Amor manifestado no Cristo sobre a cruz, nós somos livres. Podemos crer que o absurdo, a violência e morte vencerão: podemos crer também que a paciência, a ternura e o perdão terão a última palavra, que o amor vencerá.
Jean-Yves Leloup
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