1 Cor. 5, 9-6, 11; Mt 13, 54-58 (Para ler os textos, clicar em cima das referências)
Contemplação do Evangelho de Cristo
“Era peregrino e recolhestes-Me”, diz o Senhor (Mt 25, 35). E também: “Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 41). Dado que se trata de um crente e de um irmão, mesmo que seja o mais pequeno, é Cristo que entra com ele. Abre a porta de tua casa, recebe-o. “Quem recebe um profeta como profeta, terá recompensa de profeta” […] Eis os sentimentos com que devemos receber os peregrinos: atenção, alegria, generosidade. O peregrino mostra-se sempre tímido e envergonhado. Se o anfitrião o não recebe com alegria, retira-se e sente-se desprezado, porque é pior ser recebido dessa maneira do que não o ser de todo.
Tem, pois, uma casa onde Cristo encontre a sua morada. Diz: “Eis o quarto de Cristo. Eis a morada que Lhe está reservada.” Mesmo que seja muito simples, Ele não a desdenhará. Cristo está nu, é peregrino; basta-lhe um tecto. Dá-lhe pelo menos isso; não sejas cruel e inumano. Tu, que tanto ardor demonstras pelos bens materiais, não permaneças frio diante das riquezas do espírito. […] Tens onde guardar o carro onde te deslocas, não terás lugar para Cristo vagabundo? Abraão recebia os estrangeiros onde habitava (Gen 18). Sua mulher tratava-os como se fosse serva deles e eles os seus senhores. Nem um nem outro sabiam que estavam a receber Cristo, que acolhiam anjos. Se o soubessem, ter-se-iam despojado de tudo. Nós, que sabemos reconhecer Cristo, demos provas de uma atenção ainda maior do que eles, que estavam convencidos de que apenas recebiam três homens.
S. João Crisóstomo (c. 345-407), Patriarca de Constantinopla
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