quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

"Quando foi a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher" (Ga 4,4)

S. Proclus de Constantinopla (c. de 390-446), bispo
Sermão n° 1 ; PG 65, 682

Que a natureza estremeça de alegria e que exulte todo o gênero humano, uma vez que as mulheres também são chamadas a esta honra. Que a humanidade cante em coro...: «Onde o pecado abundou, superabundou a graça» (Rm 5,20). A santa Mãe de Deus reuniu-nos aqui, a Virgem Maria, tesouro puríssimo de virgindade, paraíso espiritual do segundo Adão, ponto de união das duas naturezas, lugar de troca onde se concluiu a nossa salvação, câmara nupcial em que Cristo desposou a nossa carne. Ela é essa sarça ardente que o fogo do parto de um Deus não consumiu, a nuvem ligeira que transportou Aquele que tem o trono acima dos querubins, o velo puríssimo que recebeu o orvalho celeste... Maria, serva e mãe, virgem, céu, ponte única entre Deus e os homens, tear da encarnação em que se achou admiravelmente confeccionada a túnica da união das duas naturezas - e o Espírito Santo foi o tecelão.    
Na sua bondade, Deus não desdenhou nascer de uma mulher, mesmo se Aquele que dela ia ser formado era Ele mesmo a vida. Mas, se a mãe não tivesse permanecido virgem, esta gestação não teria nada de espantoso; seria simplesmente um homem que teria nascido. Mas, uma vez que ela permaneceu virgem mesmo após o parto, como poderia não se tratar de Deus e de um mistério inexprimível? Nasceu de uma maneira inefável, sem mancha, Aquele que mais tarde entrará sem obstáculo, com todas as portas fechadas, e diante de quem Tomé exclamará, contemplando a união das duas naturezas: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20,28)
Por nosso amor, Aquele que por natureza era incapaz de sofrer expôs-se a numerosos sofrimentos. Cristo não se tornou Deus pouco a pouco; de modo nenhum! Mas, sendo Deus, a sua misericórdia levou-o a tornar-se homem, tal como a fé nos ensina. Não pregamos um homem que se tornou Deus, proclamamos um Deus feito carne. Tomou por mãe a sua serva, Ele que pela sua natureza não conhece mãe e que, sem pai, encarnou no tempo.

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