«Comemoração de São José, Esposo da Mãe de Deus; de São Tiago, irmão de Jesus e de David, o Profeta-rei»
Leitura da Epístola de São Paulo aos Gálatas 1:11-19
Irmãos, asseguro-vos que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi nem aprendi de homem algum mas através de uma revelação de Jesus Cristo. Certamente ouvistes falar como outrora vivia eu no judaísmo. Perseguia ferrenhamente a Igreja de Deus e procurava exterminá-la. E no zelo pelo judaísmo ultrapassava muitos dos companheiros de idade da minha nação, mostrando-me extremamente zeloso das tradições paternas. Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou por sua graça, para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que o tornasse conhecido entre os pagãos, imediatamente parti para a Arábia, sem recorrer a nenhum conselho humano, sem ir a Jerusalém ver os que, antes de mim, eram apóstolos. Da Arábia voltei a Damasco. Três anos depois, subi a Jerusalém para conhecer Cefas e fiquei com ele quinze dias. Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, mas somente Tiago, irmão do Senhor.
Evangelho: «Fuga para o Egito e matança dos inocentes».
Mt 2, 13-23
Leitura do Santo Evangelho de N. S. Jesus†Cristo, segundo o Evangelista São Mateus
Naquele tempo, depois que os magos se retiraram, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo. José levantou-se, de noite, pegou o menino e sua mãe, retirou-se ao Egito e lá ficou até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Do Egito chamei o meu filho. Quando Herodes percebeu que os magos o tinham enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, de acordo com o tempo indicado pelos magos. Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: «Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais.»
Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: Levanta-te, pega o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois já morreram aqueles que queriam matar o menino. Ele levantou-se, pegou o menino e sua mãe e entrou na terra de Israel. Mas quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Depois de receber em sonho um aviso, retirou-se para a região da Galiléia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: «Ele será chamado nazareno».
Refletindo:
Tendo celebrado a Festa do Nascimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, segundo a Carne, a Igreja quer destacar neste domingo pós-Natal três nomes que são fundamentais para reforçar o Mistério da encarnação do Verbo: José, Tiago e Davi.
José é lembrado por ser homem de fé e que esteve ao lado do Menino como pai adotivo; Tiago aprece como personagem que vai confirmar o dogma da Virgindade de Maria antes e depois do parto; e Davi, porque de sua linhagem nasceu o Salvador, o Messias esperado.
José, Esposo de Maria: Baseados nos relatos da Genealogia, José é filho de Jacó ( Mt 1, 16) ou de Eli (Lc 3, 23) e esposo de Maria, a mãe de Jesus. Aparece nos evangelhos da infância em Mateus e Lucas como também em outros lugares, mas apenas como o humilde "Guardião" de Jesus (Lc 4, 22; Jo 1, 46; Jo 6, 42). No Evangelho de Mateus é chamado de o "Justo". A ele foi revelado o nascimento virginal de Jesus (Mt 1, 10-25).
Foi também responsável por Maria e Jesus durante a fuga para o Egito. São Mateus não menciona qualquer residência de José em Nazaré antes do retorno do Egito. Já, São Lucas, diz que Maria e José moravam em Nazaré antes mesmo do nascimento do Messias. Após a fuga para o Egito conforme as narrativas de São Lucas, José aparece como figura secundária, presente no Nascimento, na Apresentação do Menino no Templo, na perda e no Encontro de Jesus em Jerusalém. Após estes acontecimentos, a Sagrada Escritura nada mais menciona.
"Por ser homem justo foi escolhido por Deus para guardar a virgindade de Maria com quem se casou aos 30 anos. Era carpinteiro, trabalhador, tanto que, em Nazaré, perguntaram em relação a Jesus, "Não é este o filho do carpinteiro?" (Mt 13, 55). Apesar de seu humilde trabalho e suas condições simples, José era de linhagem real. Lucas e Mateus citam sua descendência de Davi, o maior rei de Israel (Mt 1, 1-16 e Lc 3, 23-38). Realmente o Anjo, que primeiro conta a José sobre Jesus, o saúda como "filho de Davi", um título real usado também para Jesus.
José foi um homem compassivo, carinhoso. Quando soube que Maria estava grávida, ainda não tendo com ela se casado. sabendo que a criança não era sua, pois respeitava sua noiva, planejou separar-se de Maria de acordo com a lei, mas temeu pela segurança e sofrimento dela e do bebê. José sabia que mulheres acusadas de adultério poderiam ser apedrejadas até a morte. Então, decidiu deixá-la silenciosamente para não expor Maria a vergonha ou crueldade (Mt 1, 19-25).
José foi um homem de fé, obediente a tudo o que Deus pedisse a ele. Quando o Anjo apareceu a José em um sonho e contou-lhe a verdade sobre a criança que Maria estava carregando, José imediatamente e sem questionar ou preocupar-se com o que poderiam dizer, tomou-a como esposa.
Cita o Evangelho de Lucas que, tendo se completado o tempo para Jesus nascer, surgiu um decreto que todos deveriam se recensear na cidade de origem. Sendo José da casa de Davi, foi com Maria para Belém, nascendo lá o Salvador. Quando o Anjo de Deus reapareceu para lhe dizer que sua família estava em perigo, ele imediatamente deixou tudo o que possuía, todos os seus parentes e amigos, e fugiu para um país estranho, desconhecido, com sua jovem esposa e o bebê. Ele aguardou no Egito sem questionar até que o Anjo disse a ele que era seguro retornar (Mt 2, 13-23).
José não era rico: quando levou Jesus ao Templo para ser circuncidado e Maria para ser purificada, ofereceu o sacrifício de um par de rolas ou dois pombinhos, o que era permitido apenas àqueles que não tinham condições de comprar um cordeiro (Lc 2, 24 . José amava Jesus. Sua única preocupação era a segurança desta criança confiada a ele. Ele não apenas deixou seu lar para proteger Jesus, mas na ocasião de seu retorno fixou residência na obscura cidade de Nazaré sem temer por sua vida. Quando Jesus ficou no Templo, José, junto com Maria, procurou por Ele com grande ansiedade, por três dias (Lc 2, 48). José tratava a Jesus como seu próprio filho, tanto que as pessoas de Nazaré constantemente repetiam com relação a Jesus, "Não é este o filho de José?" (Lc 4, 22) Pelo fato das Escrituras não citarem José nos fatos da vida pública de Jesus, em sua morte e ressurreição, muitos historiadores acreditam que provavelmente deve ter morrido antes que Jesus iniciasse seu ministério".
Tiago, irmão de Jesus: Os irmãos de Jesus são mencionados em Mt 12,46, Mc 3, 31; Lc 8, 19; Jo 2, 12; At 1, 14; 1Cor 9, 5 e Gl 1, 19. São mencionados quatro: Tiago, José, Simão e Judas (Mt 13, 55 e Mc 6, 13).
A Igreja, em todos os Concílios, reafirmou a Virgindade de Maria antes e depois do parto, descartando a possibilidade de que estes fossem também seus filhos. Alguns Santos Padres inicialmente sustentaram a possibilidade de serem filhos do viúvo José, vindos de um casamento anterior. Esta possibilidade logo foi refutada uma vez que carecia de fundamentos.
Aprofundando a exegese Bíblica, os estudiosos encontram a resposta: o termo "irmão" na língua hebraica e aramaica, as línguas que Jesus falava e a língua usada para escrever alguns textos sagrados do Novo Testamento, designa todos os que pertencem a mesma tribo ou clã. Tiago e José, por exemplo, são filhos de Alfeu (Mt 10, 3) com outra mulher também chamada Maria, pertencente a mesma tribo de Israel . Doze eram as tribos e os membros de cada uma delas se chamavam entre si "irmãos".
Outro reforço encontrado nos Evangelhos que descarta a possibilidade de Maria ter mais filhos é a seguinte questão: se Jesus tivesse de fato outros irmãos, filhos de Maria, por que entregaria sua Mãe aos cuidados de João quando estava suspenso à Cruz? Nada, nas Sagradas Escrituras, contradiz o dogma da Virgindade de Maria.
Davi, Profeta e Rei: No Novo Testamento, Davi é mencionado geralmente nas expressões "Filho de Davi" ou "Semente de Davi", ditas a Jesus ou sobre Jesus. A referência de São Paulo à descendência davídica de Jesus (Rm1, 3; 2Tm 2, 8) evidencia que a descendência real era um elemento fundamental do caráter messiânico de Jesus, na visão da Igreja primitiva. Nos Evangelhos o título aparece aplicado a Jesus pelas pessoas que a Ele recorriam para serem curadas ou quando, entrando na cidade de Jerusalém montado sobre um jumentinho, era aclamado com: "Hosanas ao filho de Davi" (Mt 21, 9-15).
Este título reforçava a hipótese de que de fato o Messias estava entre eles, pois os judeus acreditavam que, da família de Davi, nasceria o Salvador, o Ungido, para salvar Israel.
(1) "Tal promessa foi dada ao rei Davi, de que o Messias deveria ser um dos seus descendentes, como o Rei eterno, aquele de quem Deus disse: 'eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino'" (IISm 7, 13). E, em Isaias, "então brotará um rebento do tronco de Jessé (que é o pai do rei Davi), e das suas raízes um renovo frutificará " (Is 11, 1).
Este é mais um título do Messias, e indica que, ainda que a árvore da família de Jessé fosse cortada, um Renovo surgiria das raízes. Evidentemente, o último.
"Messias" significa "Ungido", nome dado ao Libertador prometido que viria algum dia ao povo de Israel como seu grande Salvador, Redentor, "Ungido" como Profeta, Sacerdote e Rei da parte de Deus.
"Cristo" é o equivalente em grego da palavra "Messias". Assim, o nome Jesus Cristo significa "Jesus, o Messias" ou "Jesus, o Ungido."
Esta pregação foi feita com tamanha convicção e poder que não só muitos judeus, mas, mais tarde, um número ainda maior de gentios (não-judeus),veio a crer em Jesus como o Cristo, Senhor e Salvador de todos os homens".
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