A Fé Antiga e Perene Falando ao Mundo Atual: Temas Teológicos, Notícias, Reportagens, Comentários e Entrevistas à luz da Fé Ortodoxa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Meu Tributo à Dormição Da Mãe Deus



Hoje o Calendário Ortodoxo comemora a dormição daquela que deu à luz à Vida do mundo; a verdadeira Escada de Jacó, pela qual o Céu desceu a terra, hoje subiu os degraus que a levaram aos céus. Àquela que pelo seu "sim" quebrou a antiga maldição, permitindo aos Querubins Guardiões do Éden baixarem suas espadas flamejantes, pois, a Árvore da Vida tornou-se acessível aos homens; que ergueu a Adão de sua queda, enxugando às lágrimas de Eva, humilhando a serpente, à ela, meu humilde tributo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Metropolita Hilarion: Oriente Médio e Ucrânia São Partes de Uma Mesma Estratégia


As causas da ampla disseminação de ideologias radicais islâmicas e maneiras de resolver o problema; os conflitos militares no Oriente Médio assim como os relacionados com a escalada da violência na Ucrânia e o destino dos Metropolitas sequestrados da Síria são temas da entrevista concedida à RIA Novosti pelo Chefe do Departamento Para as Relações Externas do Patriarcado de Moscou, Metropolita Hilarion de Volokolamsk.


- Como o Senhor descreveria a crescente disseminação de ideologias radicais islâmicas e de violência contra pessoas de outras religiões no Oriente Médio? A quê tudo isso leva? E quem lucra?

- O recente crescimento do extremismo acobertado por razões religiosas é um sério desafio para toda a comunidade mundial. A desestabilização no Oriente Médio é uma consequência não só do confronto cívico, mas também pelo fato de que as principais potências mundiais têm seus próprios interesses políticos e econômicos na região. Alguns países fomentam conflitos interconfessional existentes, produzindo graves consequências para a região.

Sejam quais forem as razões políticas, elas não podem servir de justificativas para se armar assassinos, sequestradores e extremistas. A desestabilização de todo o Oriente Médio, incentivada a partir do exterior, teve como consequência a ameaça de uma total eliminação dos cristãos em vários desses países.

Estamos especialmente preocupados com o fato de que, como resultado desse confronto, há uma fuga em massa dos cristãos no Oriente Médio, e a escalada deste êxodo está crescendo a cada mês. Sendo povos nativos da região, os cristãos têm que abandonares suas casa, sob pena de morte. E mesmo em campos de refugiados, não podem se sentir seguros em face da discriminação, ameaças e sequestros.

A situação no Egito mostrou que quando o poder é exercido por aqueles que se opõem com firmeza a extremistas, a situação dos cristãos melhora. Em uma recente entrevista dada pelo Patriarca Teodoro II, de Alexandria, à sua agência de notícias, ele disse que a situação dos cristãos no Egito está estabilizada, graças à política adotada pelo novo presidente do país, Abdel Fattah Sisi.

- O Senhor vê uma ligação entre o crescimento da tensão, provocações   escalada dos conflitos armados no Oriente Médio com, por exemplo, os acontecimentos na Ucrânia?

- O acúmulo da tensão no Oriente Médio e na Ucrânia é parte do mesmo plano estratégico. Entre os objetivos desta estratégia está o seguinte: o de criar um foco de confronto crônico nas fronteiras do nosso país.

Estou certo de que a política dúbia adotada e a teoria do "caos controlado" não trará qualquer sucesso a longo prazo por seus proponentes. É terrível hoje que o número de vítimas em nações por ações políticas imorais, seja tido alguns como um custo aceitável.

- Que informações sobre a perseguição dos cristãos no Oriente Médio está disponível para a Igreja Ortodoxa Russa hoje? As freiras do Mosteiro de Maalula já foram libertadas, mas, qual é o destino de outras pessoas que foram levadas cativas por causa de sua fé? O que se sabe hoje sobre os metropolitas sírios que foram sequestrados mais de um ano atrás?

- Em 25-26 de dezembro de 2013, o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa expressou "grave preocupação com a contínua perseguição e discriminação da população cristã em muitos países da África do Norte e do Oriente Médio”, e afirmou "a necessidade de prosseguir com ações efetivas, destinadas a chamar a atenção da opinião pública mundial para a trágica situação dos cristãos nas regiões do Médio Oriente e Norte de África, e promover um acordo de paz dos conflitos através do diálogo inter-religioso e internacionais". Para a Igreja Ortodoxa Russa, o apoio a cristãos perseguidos é uma preocupação especial e uma das principais áreas das ações externas da igreja.

Desde o sequestro dos dois metropolitas na Síria, não tem havido qualquer evidência confiável de que eles estão vivos. Não há registros de fotos, de vídeo ou voz. Ocasionalmente temos recebido - de várias fontes - informação sobre o seu paradeiro, o que, aparentemente, foi alterado mais de uma vez. Mas não há nenhuma maneira de verificar as informações. Tememos bastante por suas vidas, mas oramos por suas prontas libertações.

- A Igreja Russa, assim como o Estado Russo, constantemente pedem paz e preservação da presença cristã no Oriente Médio. Por que isto é tão importante hoje em dia? E qual é a razão histórica, política ou visão de mundo para isso?

- O Oriente Médio é o berço do cristianismo. Foi lá que uma das primeiras comunidades cristãs apareceu no 1º século e onde pela primeira vez o próprio nome de "cristãos" foi usado. A Igreja Ortodoxa de Antioquia é uma Igreja irmã para nós, e nós levamos suas dificuldades com o coração pesado.

Sabemos que extremistas estão destruindo igrejas e instituições cristãs, e devastando santuários de importância para toda a cristandade. Tomamos como nossos o sofrimento dos cristãos na Síria. Nosso povo está muito bem consciente do que vem a ser a guerra e a perseguição à fé cristã.

Através dos séculos, a nossa Igreja tem dado apoio moral e material ao sofrimento dos cristãos do Oriente Médio. Em uma base regular, colocamos a situação dos cristãos no Oriente Médio na agenda de eventos internacionais e reuniões com líderes religiosos e políticos. Temos repetidamente apelado à comunidade internacional, as organizações internacionais e líderes políticos e religiosos, lembrando-lhes as consequências perigosas do êxodo em massa de cristãos de suas terras nativas, e pedimos que sejam tomadas todas as medidas possíveis para proteger e preservar a presença cristã na região.

Um esforç0 muito grande tem sido exercido pela Imperial Sociedade Ortodoxa Para a Palestina, que se prepara agora já a 11 ª ar carregamento de ajuda humanitária aos cristãos que sofrem na Síria. Desta vez, a ajuda será destinada para aqueles que vivem no Vale dos cristãos.

Em 28 de julho, a St. Andrew Charity recebeu um grupo de órfãos da Síria para a melhoria da saúde em uma de suas bases de recreação, perto de Moscou. Ao todo existem 100 crianças de várias idades no grupo. Entre elas estão os que foram prisioneiros em uma escola situada em Damasco, bem como as que estavam no orfanato do Mosteiro de Santa Tekla, em Maalula, que abriga os filhos dos soldados mortos em combate. Há também crianças com lesões. A Representação da Igreja Ortodoxa Russa junto ao Patriarcado de Antioquia tem desempenhado um papel ativo na organização desta viagem.

- Qual é sua opinião sobre a situação no Iraque e Mosul no Iraque como um todo?

- O que aconteceu com os cristãos em Mosul e Nínive em julho é absolutamente monstruoso. Vou lembrá-lo de que no regime de Saddam Hussein, havia 1,5 milhões de cristãos que viviam no Iraque. Com a ajuda de força militar externa seu regime foi derrubado, supostamente em nome da democracia. Entre os resultados desta "democratização" foi a perseguição contra os cristãos. Logo eles seriam apenas uns 100.000,  tendo abandonado Nínive e o centro de Mosul. Nos últimos 10 anos, diante de ações terroristas e ameaças, mais da metade dos cristãos tornaram-se refugiados da região.

Em junho de 2014, dezenas de milhares de cristãos tiveram que deixar suas casas por medo de agressão e tiveram que fugir para o Curdistão iraquiano por causa da aproximação dos terroristas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL). No momento, há um relato de que cerca de 100 mil cristãos estão escondidos no Curdistão. A maioria dos cristãos que permaneceram em Mosul ou aqueles que foram detidos pelos militantes na tentativa de fugir da cidade, foram mortos. Em 18 de julho, os extremistas exigiram que todos os cristãos restantes abraçassem o Islã ou então teriam que deixar suas casas imediatamente, sem que pudesse levar coisa alguma com eles. Formalmente, também foi sugerido que cada família pagasse 450 dólares como um imposto, mas nenhuma provou ter esse dinheiro. Apareceram marcas especiais nas casas dos cristãos com uma inscrição "Esta propriedade pertence ao Estado Islâmico".

Deve notar-se que a reação da comunidade mundial foi mais ativa do que no caso dos cristãos sírios. A França ainda afirmou que estava pronta para aceitar os cristãos do Iraque. No entanto, o Ocidente, na prática, pouco tem feito para libertar os territórios conquistados pela ISIL. As posições de extremistas que declararam a criação de um califado islâmico no território do Iraque e Síria ainda são fortes. Um dos líderes dos extremistas iraquianos já revelou um plano para a criação de um califado islâmico Europeu na Andaluzia espanhola.

- O Senhor acha que as autoridades iraquianas, sírias e líderes religiosos, estão fazendo tudo o que depende deles para parar a expulsão e o massacre dos cristãos nesses dois países?

- Os líderes cristãos no Iraque estão fazendo tudo o que lhes é possível para chamar a atenção da comunidade mundial para as dificuldades de seus rebanhos. O Patriarca Caldeu da Babilônia, Raphael Louis Sako, fez uma série de declarações sobre o assunto. O Patriarca Efrém II da Igreja sírio-católica tem trabalhado ativamente com as autoridades do Curdistão iraquiano, onde a maioria dos refugiados encontraram asilo, coordenando os esforços práticos para fornecer os meios necessários para os refugiados. Os líderes religiosos propuseram a criação de uma comissão mista, incluindo representantes dos refugiados e do governo curdo para fornecer estas facilidades para os requerentes de asilo forçados.

Alguns líderes influentes do Islã tradicional no Iraque rejeitam a ideologia do ISIL. Sheikh Khalid al-Mullah, o líder sunita no Iraque e chefe da Associação das Escolas Muçulmana do Sul do País, condenou a expulsão de cristãos de Mosul. O destino do país depende em grande medida de quão consistente o povo do Islã tradicional estará em pé contra a ideologia do ISIL. O Partido Ba'ath no Iraque declarou guerra à ISIL. Muçulmanos comuns, durante uma ação em Bagdá, manifestaram o seu apoio para os cristãos, que viveram no Iraque há quase dois mil anos.

- O que os refugiados cristãos devem fazer? Onde podem encontrar um asilo?

- A maioria dos cristãos banidos de Mosul e Nínive estão relacionados com o Santo Sínodo, portanto, o Vaticano tem feito esforços ativos para ajudá-los. Eu já mencionei que a França concordou em aceitar alguns refugiados cristãos. Infelizmente, outros países da Europa continuam a abafar essa tragédia.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou a "limpeza" dos cristãos na segunda maior cidade do Iraque como um crime contra a humanidade, mas nem o governo da Grã-Bretanha, nem a União Europeia se pronunciaram. Há refugiados da Síria e na Rússia também. Existem organizações públicas que pretendem ajudá-los. Mas, infelizmente, a necessidade de aceitar e acolher com previamente algumas centenas de milhares de refugiados provenientes da Ucrânia, tem limitado os recursos do nosso país nesta área.

Entrevistadora: Olga Lipich

Fonte: Sitio do Patriarcado de Moscou

sábado, 9 de agosto de 2014

Patriarcado de Moscou aprova 'contra-sanções' russas ao embargo EUA - UE


Mosca (RV) – As “contra-sanções” tomadas pela Rússia - que desde 7 de agosto bloqueou por um ano as importações de carne bovina, suína, aves, peixes, queijos e laticínios, frutas e verduras provenientes da Austrália, Canadá, União Européia, Estados Unidos e Noruega -, foram bem recebidas pelo Patriarcado de Moscou. “Temos necessidade de aprender a moderação, o auto-controle, a capacidade de se contentar com pouco”, declarou à Agência Interfax o Chefe do Departamento Sinodal para as Relações com a Sociedade do Patriarcado Ortodoxo Russo, Arcipreste Vsevolod Chaplin, convidando a deixar de “seguir os padrões de consumo ocidentais”.

“É necessário finalmente escolher: o Ocidente ou a Rússia, o futuro independente e livre do nosso povo ou uma condição em que se escuta mais as vozes de Washington, Bruxelas ou Wall Street, do que as vozes dos próprios co-nacionais?”, questionou.
A seu ver, o embargo imposto por Moscou como resposta às “discriminatórias sanções” econômicas tomadas pelos EUA e UE, pode contribuir para acelerar o projeto de um novo sistema sócio-político na Rússia, baseado nos valores tradicionais, e a tornar a economia nacional menos dependente da exportação de energia e de matérias-primas. 

A Rússia importa 40% dos produtos alimentícios que consome, o que representou um total de 43 bilhões de dólares em 2013. Para a União Européia, o mercado agro - alimentar russo representa 9,9% do total das suas exportações. Em 2013, as exportações neste setor atingiram um valor de 11,8 bilhões de euros.

Analistas russos observaram que as contra-sanções servirão como “terapia de choque”, para realizar o esperado desenvolvimento da indústria agro-alimentar doméstica. Com vastas áreas de terra agriculturável, a Rússia poderia tornar-se um exportador, mas a falta de políticas para promover os investimentos, após a queda da União Soviética, deixou o setor fragmentado, mal equipado e financeiramente frágil.

Segundo o jornal ‘Kommersant’, a lógica é incentivar a rápida substituição dos produtos importados por aqueles locais. Os setores mais atingidos pelo embargo EUA – EU foram justamente aqueles que têm a possibilidade de ver aumentar a produção doméstica ou de terem os produtos sancionados substituídos por novos fornecedores.

O organismo federal russo para a segurança alimentar, Rosselkhoznadzor, já teve encontros com os embaixadores do Equador, Chile, Brasil e Argentina, com quem discutiu o aumento dos fornecimentos. Em primeira linha também novos acordos com a Turquia. (JE)